13 de março de 2008

A Terapia Combinada médico-psicológica no tratamento da disfunção erétil.

Dr. Henrique Chvaicer e Dr. Antonio Carvalho, médico e psicólogo do Centro Masculin.
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mmmmA ereção é resultante de fatores orgânicos e psicológicos que se completam e agem em conjunto. Enquanto que os fatores orgânicos dependem da integridade do sistema neuro-vascular, hormonal e tecidual do pênis, os fatores psicológicos dependem do estímulo sexual, da maturidade sexual, da auto-estima e da ausência de ansiedade, stress e depressão.
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bbbbbbO estímulo sexual é captado pelos homens por meio dos sentidos (visão, tato, audição) e pela sugestão. No cérebro esse estímulo é processado e analisado por fatores psicológicos e hormonais. Havendo condições favoráveis, o paciente aproveita o estímulo para desencadear uma seqüência de eventos que culminam com a ereção. Caso contrário, o estímulo é inibido.
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bbbbbHomens com baixas taxas de testosterona estão mais propensos a uma fraca resposta aos estímulos sexuais. Por outro lado, homens jovens, com altos índices de testosterona, respondem facilmente a estímulos muitas vezes considerados até mesmo inadequados por homens sexualmente mais maduros.
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bbbbA maioria dos pacientes que nos procuram com queixas de disfunção erétil são indivíduos hígidos, relativamente jovens, na faixa dos 30 aos 55 anos de idade. Alguns deles até apresentam alguns fatores de risco para a sua dificuldade de ereção como obesidade, hipertensão arterial, diabetes ou tabagismo, mas, no entanto, percebemos que de 70 a 80% desses pacientes, predominam os fatores emocionais sobre os fatores orgânicos; quase todos têm algum grau de depressão, ansiedade, medo de desempenho ou antecipação do fracasso. Tanto que a grande maioria deles refere uma melhora da ereção quando submetidos a estímulos sexuais diferentes do padrão a que estão habituados, ou seja, melhoram a rigidez peniana quando expostos a situações sexualmente mais excitantes.
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bbbbSempre que os homens experimentam um, dois ou três episódios seguidos de disfunção erétil criam uma ansiedade de desempenho pelo medo de passarem novamente pelo constrangimento da sua condição de querer e não poder ou não conseguir ter uma “simples relação sexual”. Essa ansiedade de desempenho ocorre também nos pacientes portadores de disfunção erétil de causa predominantemente orgânica. Saber que vai encontrar dificuldades inibe a iniciativa de tentar o sexo.
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O medo antecipado de falhar provoca a disfunção erétil, porque a ansiedade presente nesse momento faz com que o paciente fique vigiando seu pênis e tomando conta da qualidade da sua ereção. Isso provoca a ansiedade com o aumento da adrenalina (reação adrenérgica), o desligamento dos estímulos sexuais, levando a uma diminuição das suas sensações sexuais e eróticas, culminando, óbvio, com a disfunção erétil. Essa falha reforça a previsão do fracasso nas próximas relações sexuais, perpetuando a ansiedade de desempenho.
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Sabemos que a ereção é resultante de processos orgânicos e psicológicos que atuam ao mesmo tempo. No entanto, ainda é muito comum vermos médicos e psicólogos cuidando seus pacientes de forma segmentada, apenas dentro da sua especialidade. Mesmo sabendo que o paciente seria melhor tratado se fosse acompanhado em conjunto por esses dois profissionais, raramente é isso que se observa. O normal é o médico prescrever a medicação sem encaminhar o paciente para o psicólogo; e o psicólogo tentar resolver sozinho sem solicitar um parecer médico desses pacientes.
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bbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbbA TERAPIA COMBINADA
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nnnnTerapia combinada é a ação em conjunto do urologista e o psicólogo atuando simultaneamente no tratamento das disfunções sexuais do homem. O programa de terapia combinada consiste em expor o paciente, de forma controlada, à situação geradora da falha, mas “protegido” por uma medicação eretogênica, a qual ele utilizará de acordo com a orientação prévia do psicólogo, quando necessário.
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nnnnAo procurar o urologista, o paciente é submetido à anamnese e exame físico; solicitam-se os exames laboratoriais pertinentes às hipóteses diagnósticas formuladas para o caso. Durante a consulta médica fazemos o teste da ereção fármaco-induzida como parte integrante do exame físico para avaliar a ereção desses pacientes. Para esse teste usamos a solução de prostaglandina E1 ou de nitroprussiato de sódio, sendo que a maioria dos pacientes tem uma boa resposta, apresentando uma rigidez peniana que seria plenamente adequada para o coito.
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Ao observar seu pênis ereto durante a consulta, mesmo que sob efeito da medicação injetável, os pacientes ficam bastante satisfeitos e estimulados a prosseguir o tratamento médico-psicológico proposto. Nesse momento, explicamos a importância de se fazer um acompanhamento psicológico junto com a medicação injetável no sentido de não tornar esses pacientes dependentes do tratamento.
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A partir daí os pacientes são encaminhados para a avaliação psicológica, onde se discute a proposta do tratamento e as etapas desse tratamento. Na terapia combinada o paciente é instruído a usar a medicação injetável de 5 a 10 minutos antes de iniciar as carícias da relação sexual de modo a ter certeza de que terá uma rigidez plenamente adequada para a prática da atividade sexual. As instruções são para que essas injeções sejam feitas apenas de acordo com a orientação do psicólogo, nas ocasiões e do modo como lhe for determinado. A certeza de que não falhará gera uma enorme tranqüilidade para os pacientes, recolocando-os novamente em atividade sexual, já que a principal tendência do homem disfuncional é a de parar de se relacionar sexualmente por medo da disfunção erétil.
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Observamos que no decorrer da terapia, à medida que os pacientes recuperam a autoconfiança, ocorre um aumento do tempo das ereções. Nesse momento os pacientes são orientados a diminuir progressivamente a dose dos medicamentos e, em geral, ao final de 2 ou 3 meses de tratamento eles ficam liberados para retornarem à prática sexual sem depender mais de nenhum tipo de tratamento.
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E por que não adotar a medicação oral ao invés das injeções intracavernosas nesse tratamento combinado, como perguntam a maioria dos nossos pacientes? O uso dos inibidores da PDE5 em um primeiro momento reduz o medo, mas mantém um círculo vicioso de dependência da medicação, o que acaba por perpetuar a fobia inicial dos pacientes. Além disso, os inibidores da PDE-5 têm um tempo de ação bastante imprevisível, podendo funcionar de 15 minutos até 24 horas. Não há como se estabelecer uma relação entre a dose empregada e o tempo de efeito. Já a medicação injetável é dose-dependente, ou seja, podemos estabelecer a relação entre a dose e o tempo de ereção, com uma pequena margem de diferença. Isso é fundamental quando se pretende fazer um tratamento de retirada progressiva da droga. A medicação injetável tem um início de ação de 2 a 5 minutos e funciona mesmo quando o paciente se encontra ansioso ou incapaz de se estimular sexualmente.
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Isso permite que a injeção seja feita apenas em caso de extrema necessidade, possibilitando ao paciente ser colocado diante da “situação problema” e ainda assim ter certeza de que terá a sua relação sexual, diminuindo importantemente sua ansiedade.
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Observamos que ao final de 2 a 3 meses de terapia combinada os pacientes inibem os fatores que geravam a sua ansiedade, aprendem a valorizar os estímulos que propiciam prazer, recuperam a auto confiança e a auto-estima. E mesmo aqueles pacientes que além dos fatores emocionais também tinham fatores orgânicos capazes de provocar algum grau de disfunção erétil, são capazes de recuperar a sua condição de normalidade e passam a desfrutar de uma vida sexual sem depender de medicamentos de qualquer tipo.
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O fato de as pesquisas e trabalhos médicos não darem a devida importância aos fatores emocionais na gênese da disfunção erétil, não quer dizer que estes sejam menos importantes. Podem ser menos importantes para os grandes laboratórios médicos, mas não para nós e para os nossos pacientes. A propaganda dos grandes laboratórios procura excluir a importância do afeto, do carinho e da excitação necessários para a prática sexual, de modo a poderem vender apenas a ereção como se só isso bastasse para resolver a necessidade sexual dos casais. Vende-se a idéia de que a ereção leva ao prazer, quando na verdade é o prazer que leva à ereção
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