28 de maio de 2012

‘O importante é se mexer’, diz pesquisadora sobre prevenção do Alzheimer.

TEL AVIV - A neurocientista Michal Schneider Beeri nunca vai esquecer a reação de seu pai quando o informou que seguiria carreira científica, deixando de lado o diploma de administração: “Tudo bem, minha filha, mas como você vai ganhar dinheiro?”. Vinte anos depois, Michal é uma estrela em ascensão no estudo do mal de Alzheimer, trabalhando na Escola de Medicina do Hospital Mount Sinai, em Nova York, e como diretora do Centro de Neurociência do Hospital Sheba, em Tel Aviv. Filha de um brasileiro e uma chilena, ela atualmente participa da criação de um banco de dados com informações de filhos de portadores de Alzheimer, em Israel, para detectar os primeiros sintomas e ajudar na prevenção da doença. O GLOBO: A senhora escreveu um editorial sobre um estudo da Universidade de Rush, de Chicago, publicado na “Neurology”, segundo o qual ser fisicamente ativo reduz o risco de contrair o mal de Alzheimer. De que tipo de atividade estamos falando?
MICHAL SCHNAIDER BEERI: Qualquer atividade. Os pesquisadores amarraram um aparelhinho no pulso de pacientes com média de idade de 82 anos e mediram todos os movimentos deles por mais de três anos: andar, cozinhar, lavar louça, varrer a casa, dirigir, subir escadas, brincar com os netos. Os resultados mostram que as pessoas, incluindo os idosos, que se movimentam menos, têm duas vezes mais chance de desenvolver o mal de Alzheimer. O importante é se mexer, ser ativo, não importa como e em que idade.
O GLOBO: O que mais está provado que ajuda a reduzir o risco de contrair Alzheimer?
MICHAL: Um fator importante é a educação formal. Analfabetos têm mais risco de desenvolver a doença, por exemplo. Quanto mais anos de estudo você tem, menos chance terá de desenvolver a doença. Outro exemplo é a atividade cerebral. É fazer a cabeça funcionar. Isso vale com joguinhos de computador, de cartas, de tabuleiro. Quando você lê o jornal, deve ler não só as manchetes. Deve ler os artigos até o fim, pensar sobre eles, criticá-los, discuti-los com outras pessoas.
O GLOBO: Quer dizer que joguinhos no computador não são perda de tempo?
MICHAL: Não, mas é preciso que haja um equilíbrio. Exercícios físicos ainda são mais vantajosos, porque exercitam o corpo e o cérebro ao mesmo tempo. Quando você está jogando bola com os amigos, tem que pensar onde a bola vai cair, calcular a velocidade para chegar até ela, pensar numa estratégia. Isso tudo é exercício mental, além de físico.
O GLOBO: Há muito investimento na pesquisa sobre cura e prevenção do mal de Alzheimer hoje?
MICHAL: Está aumentando, mas ainda não pode ser comparado ao financiamento para a cura do câncer, por exemplo. O conceito de investir em velhice ainda não é bem aceito. Mas as coisas estão mudando, porque a demografia no mundo está mudando. A faixa de idade de 85 anos em diante é o segmento populacional que mais cresce.
O GLOBO: Mas houve avanços que a senhora considere importantes no tratamento da doença na última década?
MICHAL: Do lado terapêutico, não. Há alguns remédios novos, mas essas drogas têm efeitos colaterais fortíssimos. Houve um avanço grande, no entanto, no entendimento de que a doença começa por volta dos 40 anos de idade, três ou quatro décadas antes da manifestação dos primeiros sintomas clínicos. Quando eles surgem, já é tarde demais. O problema é detectar os sintomas tão cedo. Procuramos sinais biológicos que acendam uma luz vermelha. A genética é um deles. Mas a maior parte dos casos não tem a ver com genética. Os fatores de risco mais conhecidos são doenças como diabetes e seus sintomas, além de hipertensão, colesterol e triglicerídeos altos, excesso de peso e estresse. Tudo o que é ruim para o coração ou outros órgãos, é ruim para o cérebro.
O GLOBO: Sua ligação com o Brasil foi importante para seu sucesso profissional?
MICHAL: Deixei o Brasil com 17 anos mas sinto que a alegria de viver, a animação, a energia positiva que faz as pessoas ao meu redor quererem trabalhar duro, vieram da minha cultura brasileira.

20 de maio de 2012

Noites mal dormidas impedem a liberação de hormônio que retarda envelhecimento

Katia Perin
Uma noite bem dormida, quem diria, pode garantir o que muita gente busca, a preços altíssimos, nas clínicas de cirurgia plástica: a juventude. Um estudo da Universidade de Chicago revelou que a quantidade de sono profundo influi na produção de um hormônio que acelera o processo de envelhecimento. O estudo foi publicado nesta quarta-feira, na revista especializada Journal of the American Medical Association.

Cientistas americanos concluíram que o sono dos homens se deteriora em dois períodos de suas vidas - entre os 16 e os 25 anos e entre os 35 e 50 anos. Nessas fases, mesmo que o número de horas dormidas não varie, os homens passam menos tempo sob sono profundo, tempo que o organismo aproveita para segregar os hormônios do crescimento.

A carência desse hormônio pode acarretar problemas de memória, distúrbios do sono e até obesidade. E também ajuda a acelerar o envelhecimento.

Os resultados só valem para homens. Segundo Eve Van Cauter, endocrinologista que coordenou a pesquisa, é difícil obter dados para mulheres, pela influência do ciclo menstrual e da menopausa.

A pesquisa foi feita com 149 homens com boa saúde e idades entre 16 e 83 anos. O que variou não foi o total de horas dormidas, mas o tipo de sono predominante em cada faixa de idade. Entre os homens de 36 e 50 anos, a duração total do sono foi mantida, mas a quantidade de sono profundo diminuiu de 18,9% para 3,4% do total do período de sono A quantidade de hormônio liberado foi reduzida em quase 75%.

A partir dos 45 anos, de acordo com os pesquisadores, os homens que participaram da pesquisa haviam perdido praticamente toda a capacidade de dormir em profundidade.

Segundo Eve Van Cauter a pesquisa pode trazer melhorias no tratamento de disfunções hormonais masculinas. Outra conclusão do estudo da Universidade de Chicago é que, a cada dez anos o tempo de sono dos homens cai, em média, 27 minutos por noite.

Van Cauter afirmou ainda que não se sabe por que as mudanças no sono ocorrem. "Não há nada que indique a influência de fatores ambientais", garantiu a pesquisadora ao jornal Folha de São Paulo. A deterioração do sono profundo -que, segundo ela, pode ser "determinada em parte geneticamente"- seria uma ocorrência natural nos homens.

Cientistas descobrem por que o stress pode causar envelhecimento precoce

Segundo pesquisa, estado de tensão prolongado diminui a quantidade de proteínas que protegem o genoma

Adrenalina causou a diminuição dos níveis de proteína 'guardiã do genoma' em ratos (Thinkstock)

Há tempos cientistas observam uma associação entre stress crônico e danos ao cromossomo. Sabe-se que o stress pode ser o responsável pelo envelhecimento precoce. Entretanto, pouco ainda se sabe sobre como processo acontece. Agora, pesquisadores da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, descobriram um dos mecanismos que ajudam a explicar a relação: a adrenalina, hormônio liberado quando uma pessoa é tomada pela tensão, pode diminuir a quantidade de uma proteína chamada P53, responsável por proteger o genoma.

O surgimento de cabelos grisalhos pode ser uma questão puramente estética. Mas alguns processos biológicos, como a morte celular programada, desempenham um papel significativo no corpo: impedem que uma mutação seja passada adiante ou fazem com que a célula passe a se proliferar descontroladamente – o que pode levar ao câncer. "O estudo mostrou que o stress crônico acarreta diminuição prolongada dos níveis de P53", afirma Makoto Hara, pesquisador envolvido no trabalho. "Levantamos a hipótese de que essa é a razão para irregularidades cromossômicas que encontramos nos ratos submetidos ao stress crônico."

Os pesquisadores observaram que um mecanismo molecular pode ter associação com a degradação de P53: a atuação de outras proteínas, conhecidas como beta-arrestina, sobre os receptores celulares. Ratos sem beta-arrestina conseguiram ter o DNA preservado quando expostos ao stress crônico, porque seus níveis de proteína P53 permaneceram estáveis. A equipe agora planeja avaliar as respostas naturais dos animais ao stress para saber se há também acúmulo de dano no DNA.



Glossário

P53 - Conhecido como gene supressor do tumor, tem como principal função a preservação da integridade do genoma. Sua relação com o câncer tem sido comprovada ao longo de inúmeros estudos. Mais da metade das pessoas com diversos tipos de câncer possui uma deficiência no gene P53. Em condições normais, essa proteína funciona como um sensor de danos ao cromossomo e mecanismo auxiliar no reparo do DNA.

Receptores Acoplados à Proteína G – Principal grupo de proteínas responsáveis pela transmissão de sinais ou estímulos dentro da célula. Por meio delas, a célula 'sente' o ambiente externo (ligando-se a moléculas) e proteínas G, envolvidas na transmissão de sinais químicos dentro e fora das células. Uma cascata de processos é desencadeada, podendo envolver desde a metabolização de enzimas até a mobilidade celular.

Cromossomos – Estruturas dentro das células encarregadas de armazenar proteínas e o material genético (DNA), que ditará todas as funções de um organismo.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores injetaram um composto semelhante à adrenalina em ratos. Agindo através de um receptor específico da célula (conhecido como beta adrenérgico, pertencente à classe de Receptores Acoplados à proteína G — veja glossário), a substância desencadeou processos que resultaram no acúmulo de danos ao DNA. "Isso pode nos dar uma explicação de como o stress crônico pode levar a uma variedade de distúrbios", diz Robert J. Lefkowitz, professor de medicina e bioquímica na universidade e autor principal do artigo publicado no periódico científico Nature.

Médicos revelam novas formas de frear o envelhecimento e prolongar a vida

Giancarlo Lepiani
Terapias hormonais podem ser a chave para o prolongamento da juventude entre os homens. Pesquisas médicas divulgadas nesta quinta-feira indicam que é grande a possibilidade de um tratamento com hormônios específicos funcionar para frear o envelhecimento.

Os três estudos estão na prestigiosa revista Science, e indicam que um hormônio similar à insulina, que já era ligado ao envelhecimento em moluscos, também tem a mesma função em outros pequenos organismos. Para completar, estes organismos têm algumas estruturas celulares semelhantes às dos humanos.

De acordo com os médicos, se o experimentos com animais tiverem o mesmo efeito nos homens, nossa expectativa de vida pode dar um salto. As pessoas poderiam viver até 40 anos a mais. Apesar de estar longe de ser aplicada, os cientistas afirmam que a possibilidade de ter bons resultados usando a técnica é grande.

Otimismo - Os trabalhos foram realizados por pesquisadores da Universidade do Sul da Califórnia, da Universidade de Londres e da Universidade de Brown, três instituições respeitadas em medicina. "O mais empolgante é que as descobertas sugerem que há um sistema genético comum regendo o envelhecimento dos animais", afirmou o pesquisador inglês David Gems. "Em princípio, se nós conseguirmos uma versão deste sistema para os mamíferos, será possível retardar ou até reverter o envelhecimento humano."

Marc Tatar, da equipe de Brown, concorda. Para ele, hormônios semelhantes à insulina (que controla o nível de açúcar no sangue) são os responsáveis, mesmo que indiretamente, pela manutenção do processo de envelhecimento. Já está provado que isso acontece com insetos e moluscos. "Não é muito arriscado dizer que isso acontece com os humanos também."

Efeitos colaterais - O tratamento para conter o envelhecimento seria realizado com o controle preciso dos hormônios no corpo. "Se conseguirmos controlar eles de uma forma saudável, mantendo nosso bem estar, será possível conter os sinais da idade", explica Tatar.

O único problema encontrado até agora nos testes com animais foi uma relação entre a administração destes hormônios e um defeito genético que interrompe o crescimento do corpo. Falhas como essa devem tornar o desenvolvimento desta terapia bastante demorado. Para os médicos, serão necessários entre 10 e 20 anos para obter dados suficientes para testar o procedimento em humanos sem efeitos colaterais graves.

Obesidade 'envelhece' o cérebro em 16 anos.

Pessoas obesas têm 8% menos tecido cerebral do que o comum. Isso faz com que seus cérebros pareçam 16 anos mais velhos do que os de pessoas com peso normal, indica um estudo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.

Já as pessoas que estão com sobrepeso têm um tecido cerebral 4% menor, o que faz com que seus cérebros envelheçam em 8 anos. O resultado da pesquisa, baseada nas tomografias de 94 pessoas em torno de 70 anos, representa "uma degeneração cerebral severa" em quem tem problemas com o peso, segundo o autor do estudo Paul Thompson, professor de neurologia da UCLA.

"Uma grande perda de tecido cerebral esgota suas reservas cognitivas, o que aumenta muito o risco de adquirir Alzheimer ou outros tipos de demência", explica Thompson. "Mas é possível diminuir consideravelmente esse risco se as pessoas se alimentarem de forma saudável e mantiverem o peso sob controle".

A obesidade ainda provoca outros problemas sérios de saúde, como doenças no coração, diabetes tipo 2, hipertensão e alguns tipos de câncer. Alguns estudos ainda ligam a obesidade à redução da atividade sexual.

Mais de 300 milhões de pessoas estão classificadas como obesas em todo o mundo, segundo o mais recente levantamento da Organização Mundial de Saúde (OMS). A perda de tecido cerebral nelas ocorre, sobretudo nos lóbulos frontais e temporais - áreas do cérebro que controlam a memória -, no hipocampo, que controla a memória de longo prazo, no giro do cíngulo, responsável pela atenção, e no gânglio basal, região que controla os movimentos.

A obesidade é medida com base no cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC). A conta consiste em dividir seu peso pela sua altura ao quadrado. O resultado ideal está na faixa entre 18,5 e 25. Pessoas acima de 25 são consideradas com sobrepeso e acima de 30, obesas.

Por que ficamos velhos

Não resta dúvida de que a ciência coleciona conquistas impressionantes tanto em relação à longevidade quanto ao processo de envelhecimento. Se você viu as fotos de Christiane Torloni e sua mãe que abrem este especial, constatou que as cinquentonas de hoje são bem diferentes das de ontem. Agora, dê uma olhada (outra vez, porque é claro que você já olhou) nas imagens da atriz americana Demi Moore. Os anos passam e a beleza dela permanece incólume – e até melhor, sob vários pontos de vista. Ela é mais um exemplo de como a disciplina e os recursos médicos e cosméticos disponíveis podem não só dar uma ajuda à genética como fazer do tempo um aliado. Mas, apesar de todos os progressos em relação aos seus efeitos mais visíveis, o envelhecimento continua a ser motivo de perplexidade para os estudiosos: "Por que um organismo que faz uso de um processo tão intrincado para se transformar de uma única célula em um adulto completo, com trilhões delas, não consegue simplesmente se manter depois de maduro?". O paradoxo é apresentado desse modo pelo gerontologista Robert Arking, da Universidade Estadual de Wayne, nos Estados Unidos, na Enciclopédia dos Sistemas de Sustentação de Vida, da Unesco, o braço das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura. Se, como disse o biólogo ucraniano Theodosius Dobzhansky (1900-1975), "nada na biologia faz sentido a não ser à luz da evolução", é nas ideias do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882), pai da teoria evolucionária, que devemos buscar as razões da decadência do corpo depois de certa idade. Nós envelhecemos, em resumo, porque deixamos de interessar à natureza no que diz respeito à perpetuação da espécie, como se verá mais adiante.

Nos seres humanos, o envelhecimento das células (tecnicamente chamado de senescência) tem início por volta dos 30 anos de idade. A partir de então, essas unidades mínimas da vida deixam de responder adequadamente aos desafios que lhes são impostos pelo ambiente. Mais vulnerável, o corpo começa a apresentar os sinais do tempo: a pele perde o viço; a vista fica mais fraca; o fôlego, mais curto; os músculos, menos potentes; e o cérebro, menos afiado (veja quadro). As células chegam à senescência também por processos aleatórios, que se autoalimentam em cascata. Com o tempo, por exemplo, aumentam os ataques de agentes agressores, boa parte deles criada pelo próprio organismo. É o caso dos radicais livres, as moléculas tóxicas que aceleram o processo de envelhecimento dos órgãos. Em sua maioria, tais moléculas são resíduos de reações químicas que envolvem o oxigênio usado pelas células na obtenção de energia. Em condições normais, o corpo controla a quantidade de radicais livres por intermédio da liberação de enzimas antioxidantes. Ao longo da vida, porém, fatores externos, como a exposição à radiação, a agrotóxicos, ao fumo e à poluição, aumentam a quantidade de radicais livres no organismo a tal ponto que não há enzima antioxidante suficiente para os reparos. "Quando isso ocorre, o sistema se desequilibra e os tecidos acabam lesionados", diz o geriatra Renato Maia Guimarães, presidente da Associação Internacional de Gerontologia e Geriatria. É o que os médicos chamam de stress oxidativo. Acredita-se que os radicais livres estejam relacionados ao desenvolvimento de algumas doenças crônico-degenerativas típicas da velhice, como Parkinson e Alzheimer.

Os radicais livres agridem, ainda, o material genético das células. O DNA é dotado de sistemas para se defender dos ataques de agentes sabotadores e para corrigir seus próprios erros de duplicação. Mas, alvo de investidas numerosas e constantes, algo sempre escapa ao controle – e o defeito reproduz-se nas novas células. Calcula-se que a cada dia o DNA de uma pessoa sofra cerca de 10 000 alterações. Ao longo do tempo, o acúmulo de erros resulta em células menos eficientes ou defeituosas. Para proteger o seu entorno das agressões, uma célula pode ser induzida ao suicídio – ou apoptose, no jargão científico. Estima-se que, num corpo adulto, a cada dia, entre 50 bilhões e 70 bilhões de células se matem deliberadamente. Tudo indica que a apoptose esteja mais associada à manutenção da saúde do que ao envelhecimento. Adoecem e envelhecem as células nas quais os danos genéticos impedem a autodestruição – ou as induzem a cometer suicídio na hora errada. Há também danos genéticos que causam uma imortalidade indesejada – é o caso das células cancerosas, que se multiplicam indefinidamente e num ritmo tão acelerado que se torna impossível, para as defesas do corpo, combatê-las a contento.

Mas por que precisamos envelhecer antes de morrer? Por que simplesmente não apagamos como uma lâmpada que se queima? A teoria mais aceita entre os pesquisadores do envelhecimento é a do "soma descartável", apresentada na década de 70 pelo biólogo Thomas Kirkwood, hoje diretor do Instituto de Envelhecimento e Saúde da Universidade de Newcastle, na Inglaterra. O envelhecimento seria também resultado do desequilíbrio entre a parcela de energia investida na reprodução e na sobrevivência da prole e aquela destinada à manutenção do soma – ou seja, o nosso corpo, com seus tecidos e órgãos. Como o estoque energético do organismo é limitado, quanto mais uma espécie investe na transmissão de seus genes, menos energia sobra para manter a integridade do corpo depois do período reprodutivo. Se o interesse maior dos genes é garantir sua imortalidade, nada mais natural que eles façam de tudo para dar ao organismo as condições ideais para sua reprodução. Nós, seres humanos, interessamos à espécie sobretudo a partir do fim da adolescência, quando os órgãos já estão formados e ainda não desgastados. Por volta dos 20 anos, uma enxurrada de hormônios prepara o corpo para o acasalamento. A partir dos 30, deixamos de ser interessantes do ponto de vista evolucionário. Isso porque o soma começa a perder a função de proteger e carregar os genes das células reprodutivas. Como um automóvel velho, ele passa a exigir uma manutenção cujo custo é muito maior do que o seu valor. "Envelhecemos porque a seleção natural se recusa a pagar um preço alto para manter um soma que não interessa mais", disse Kirkwood a VEJA. Chega uma hora em que os genes simplesmente abandonam o soma à sua própria sorte e escassez energética. É o início do fim.

Efeitos Cardiovasculares da Testosterona.

Com o envelhecimento há um incremento na prevalência de doenças cardiovasculares 1. Paralelamente, ocorre redução progressiva na concentração sérica dos hormônios sexuais masculinos, sendo que nas faixas etárias mais avançadas a testosterona é reduzida em, aproximadamente, 15 a 20% 2 dos indivíduos. Os receptores de androgênios distribuem-se amplamente nos tecidos vasculares, como a aorta, vasculatura periférica e células atriais e ventriculares 3. Dessa forma, é possível supor que os hormônios sexuais no homem exerçam influência no desenvolvimento das doenças cardiovasculares.

Fisiologia e farmacologia da testosterona - A testosterona, principal andrógeno da circulação, é responsável pelo desenvolvimento e manutenção das características sexuais masculina e do estado anabólico de tecidos.

Biosíntese - A testosterona é sintetizada a partir do colesterol (fig. 1) por uma seqüência de cadeias enzimáticas dentro das células de Leydig, localizadas no interstício do testículo maduro 4. O colesterol utilizado para a síntese de testosterona pode ser obtido pelas células de Leydig por síntese "DE NOVO", predominantemente, através de esteres de colesterol armazenados na matriz intracelular ou a partir de lipoproteínas de baixa densidade (LDL) colesterol extracelular 4. A secreção testicular de testosterona é modulada, principalmente, pelo hormônio luteinizante e a conversão de colesterol em pregnolona na mitocôndria das células de Leydig são feitas pelo complexo enzimático de clivagem da cadeia de colesterol do citocromo P450, localizado na membrana mitocondrial 5. A alta concentração testicular promove uma elevada concentração local e um rápido turnover intracelular de testosterona 5.

Secreção - A testosterona é secretada durante três épocas da vida: 1) no primeiro trimestre da vida intra-uterina, transitoriamente; 2) na vida neonatal e 3) continuamente após a puberdade. O nível de testosterona produzido pode ser calculado pela depuração metabólica, pela média dos níveis de testosterona circulante, por diferença arteriovenosa testicular ou pela taxa de fluxo testicular.

Metabolismo - Uma pequena porcentagem da testosterona é convertida em metabólitos, biologicamente ativos, em determinados tecidos; entretanto, a maioria é convertida em metabólitos inativos, excretados pelos rins e vias biliares. A testosterona é convertida, pela 5-alfa-redutase, em dihidroepiandrosterona na próstata, mais efetivamente, e em menor extensão na pele e no fígado 6. A dihidroepiandrosterona é o mais ativo agonista dos receptores de testosterona, que por aromatização, é também convertida em estradiol em menor proporção. No cérebro, a aromatização da testosterona em estradiol tem um importante efeito na regulação da secreção de gonadotrofina e na função sexual e, nos demais tecidos, a importância da aromatização na mediação do efeito da testosterona ainda não esta claro.

A inativação da testosterona ocorre predominantemente no fígado. A rápida metabolização hepática da testosterona leva a baixa biodisponibilidade oral e a curta duração, quando injetada por via venosa.

Regulação - A secreção testicular de testosterona é regulada, primariamente, pela secreção de hormônio luteinizante pela pituitária, a qual estimula a esteroidogênese nas células de Leydig, aumentando o substrato para sua formação e regulando o fluxo sangüíneo testicular. O hormônio do crescimento (GnRH) hipotalâmico é secretado episodicamente, controlando a secreção de hormônio luteinizante, e a testosterona, por sua vez, exerce retro-alimentação (feed-back) negativa, inibindo a secreção de GnRH 6.

Envelhecimento e hormônios sexuais masculinos - Os níveis de hormônios sexuais masculinos sofrem alterações com o envelhecimento, independentemente da presença de doenças específicas 7. É ainda controverso se essas alterações hormonais correlacionam-se ao processo de formação de placas de aterosclerose. Embora a maioria dos hormônios sofra alterações com o processo de envelhecimento masculino, alguns, como estradiol, cortisol/corticosteróides e a dihidrotestosterona não mostram qualquer oscilação 7. Entretanto, os metabólitos do dihidrotestosterona (androstanediol e androstenediona) apresentam-se reduzidos nos pacientes idosos 7.

As concentrações séricas de hormônio luteinizante e hormônio folículo estimulante parecem se elevar com o avançar da idade 7. A prolactina, assim como, testosterona e dehidroepiandrosterona, apresentam-se reduzidas, desconhecendo-se o motivo 7.

Dentre os hormônios que sofrem alterações com o envelhecimento, deve-se enfatizar a diminuição das frações isoladas de testosterona livre e total. Após os 50 anos, a concentração sérica de testosterona apresenta queda de 1% ao ano (fig. 2) 2. Outros fatores como o genético, o tabagismo, a obesidade e o alcoolismo explicam também essa queda 2.

Deve ser ressaltado que com o processo do envelhecimento, o hipogonadismo é relatado em 7% em homens com menos de 60 anos e 20% após os 60 anos 2, mostrando, que as quedas de dihidroepiandrosterona e DHEAS no idoso são ainda mais importantes que o próprio hipogonadismo, podendo atingir níveis menores do que 30% dos valores basais após a quinta década de vida 2.

Nem todas as alterações metabólicas de envelhecimento decorrem isoladamente da redução dos níveis hormonais, mas também da diminuição do número de receptores, resultando em respostas inadequadas dos órgãos alvos. Além do mais, a concentração sérica de testosterona, por exemplo, pode se associar a outros hormônios não sexuais, como a leptina e a melatonina, responsáveis, respectivamente, pela distribuição de gordura pelo corpo e pelo sono 2.

Efeitos da testosterona no sistema cardiovascular

Função ventricular - O efeito anabólico do andrógeno no músculo esquelético é também evidente no coração. A relação da testosterona com a função ventricular foi sugerida em estudo experimental com ratos gonadectomizados 8. Após a orquiectomia, observou-se redução da massa corpórea e do peso cardíaco, além de uma significante redução do débito cardíaco, da pressão sistólica de pico, da fração de ejeção e do consumo de oxigênio miocárdio 8. A alteração da função cardíaca associou-se à redução da atividade da miosina ATP-ase atribuída a uma deficiência de testosterona 8. A resposta de cultura de miócitos em contato com testosterona foi a hipertrofia das células musculares mediada por um receptor específico de andrógeno 9. Outro estudo mostrou que a administração por três meses de decanoato de nandrolona em ratos, leva a uma diminuição da complacência ventricular esquerda sem induzir hipertrofia 10.

Anker e cols. 11 mostraram a importância das mudanças hormonais na caquexia cardíaca em portadores de insuficiência cardíaca, sugerindo que a síndrome da insuficiência cardíaca progride para caquexia cardíaca se o balanço normal entre o catabolismo e o anabolismo estiver alterado. Os portadores de caquexia cardíaca tinham baixos níveis séricos de dihidroepiandrosterona.

Em estudo feito em portadores de insuficiência cardíaca classe funcional III e IV da New York Heart Association (NYHA), hospitalizados, observou-se que após utilização do balão contrapulsor de aorta houve melhora da função cardiovascular acompanhada de melhora dos níveis séricos de testosterona, efeito esse abolido com a regressão na melhora da função ventricular após o uso prolongado do contrapulsor 12.

Função vascular - A diminuição da formação de placas ateroscleróticas na aorta devido à ação da testosterona já foi observada. Esse resultado sugeriu uma ação direta da testosterona no endotélio e em células musculares lisas de vasos, levando ainda a relaxamento dos vasos por mecanismos endotélio-dependentes ou independentes 9. Além disso, vasodilatação também causada pela testosterona foi comprovada em pequenas artérias humanas 13. Ademais, estudos recentes em humanos mostraram que altas doses de testosterona endovenosa promovem aumento do fluxo sangüíneo na artéria braquial de pacientes com doença coronariana com baixos níveis de testosterona sérica 14.

Recentemente, Rosano e cols.15 apresentaram redução da isquemia ao esforço após administração aguda de testosterona endovenosa em pacientes com doença coronariana e níveis baixos de testosterona (fig. 3). Em outro estudo, a administração de testosterona por via transdérmica, por período mais prolongado (12 semanas), manteve o efeito anti-isquêmico observado nos estudos agudos 16.

Lípides - Existe controvérsia na literatura sobre os efeitos dos hormônios sexuais masculinos nos níveis de lípides plasmáticos. A maior incidência de doença coronariana no sexo masculino e a diminuição dos níveis de HDL colesterol na puberdade masculina, induzem a classificação do andrógeno como um fator de risco para as doenças cardíacas. Entretanto, existe uma clara discrepância entre os resultados dos estudos de corte transversal e os estudos clínicos controlados, quanto à associação dos níveis de andrógenos e lípides. Dentre 30 estudos com corte transversal, 18 relataram redução na concentração de testosterona e/ou dihidroepiandrosterona(S) em pacientes coronariopatas, quando comparados com pessoas normais, 11 observaram níveis similares desses andrógenos em ambos os grupos e apenas um relatou níveis mais baixos de dihidroepiandrosterona(S) no grupo controle 17.

A associação positiva entre níveis de testosterona e HDL colesterol também já foi comprovada em diversos estudos clínicos 18-20. No entanto, é importante notar que tanto os níveis de HDL colesterol quanto os de testosterona podem ser influenciados por múltiplos fatores, tais como doenças associadas, estilo de vida, e fatores como, índice de massa corpórea, distribuição de gordura e relação cintura quadril 21. Geralmente, fatores que diminuem os níveis de HDL colesterol também diminuem os níveis de testosterona 21.

A terapia de reposição hormonal com andrógenos em idosos mostrou-se benéfica em relação ao metabolismo de lipídeos, devida à diminuição dos níveis de colesterol total e LDL colesterol 22. Porém, nesse estudo não foram observadas alterações significantes nos níveis de HDL colesterol. Recentemente, um estudo demonstrou aumento dos níveis de HDL colesterol após injeções endovenosa de testosterona em um grupo de pacientes 23.

Um possível efeito inibidor da oxidação do LDL colesterol, mediado por dihidroepiandrosterona, também pode representar um papel positivo do andrógeno na prevenção da aterosclerose 24.

Dessa forma, conclui-se que a maioria das evidências suporta um possível efeito benéfico da reposição de andrógenos sobre os lípides plasmáticos, com diminuição dos níveis de LDL colesterol e elevação de HDL colesterol.

Hemostasia - Há evidencias de que as doenças tromboembólicas e infarto do miocárdio em homens com hipogonadismo são mediados por baixa atividade fibrinolítica 25. A testosterona aumenta a atividade do sistema fibrinolítico e a atividade da antitrombina III 23. Baixos níveis de testosterona sérica estão associados a aumento nos níveis do inibidor do ativador tecidual do plasminogênio 1 (PAI-1) em diversos trabalhos 25-27. A terapia com andrógeno nesses pacientes foi responsável pela normalização da hemostasia 28. Estudo recente relatou uma ação pró-coagulante da testosterona devido ao aumento da atividade dos receptores de tromboxane A 23.

Embora a maioria dos trabalhos citados atribua à testosterona um efeito anti-trombótico, o abuso de anabolizantes esteróides pode levar a um predomínio do efeito trombogênico das plaquetas sobre o efeito fibrinolítico.

Metabolismo de carboidratos - A associação entre andrógenos e níveis de insulina e glicose no plasma foi avaliada em diversos estudos. Dentre esses, três relataram uma associação inversa entre os níveis de testosterona total e a concentração de insulina 29-31. Entretanto, esses estudos apresentam limitações, pois os níveis de testosterona total não refletem sua atividade. Outro estudo relatou a associação negativa entre testosterona total, testosterona livre e dihidroepiandrosterona-SO (4) em relação à concentração de insulina em homens. A testosterona total e a livre também apresentaram relação inversa com a concentração de glicose 32.

A situação em modelos animais, usando ratos, é menos clara. Ratos castrados apresentam aumento da resistência à insulina, que pode ser melhorada através da administração de baixas doses de testosterona. Entretanto, o tratamento com doses altas de testosterona piorou a resistência a insulina 33.

Terapêuticas - O objetivo de terapia de reposição de andrógeno é reproduzir ações fisiológicas de testosterona endógena, geralmente para o tempo de vida restante do paciente, pois os distúrbios produzidos são na maioria irreversíveis. Esta terapia de reposição deve ser eficiente, segura, acessível e barata.

Indicações - A principal indicação da reposição hormonal é o tratamento de hipogonadismo, com o objetivo de restaurar libido, função sexual e bem-estar. O tratamento com andrógeno previne também osteoporose, melhora a acuidade mental e restaura a níveis normais os hormônios de crescimento, especialmente em idosos 34. Além disso, é utilizada para casos inespecíficos como tratamento de anemia causada por insuficiência renal ou medular, câncer de mama positivo para receptor de estrógeno, angioedema hereditário e doenças musculares 35. Porém, a utilização de testosterona para esses tratamentos inespecíficos é considerada obsoleta devido à existência de tratamentos mais específicos para aquelas doenças 35.

Preparações de testosterona comumente usadas

Injetável - As fórmulas injetáveis são feitas de base oleosa, permitindo assim liberação lenta de testosterona, e a base de éster, que permite rápida liberação de testosterona livre na circulação. Os andrógenos administrados por via parenteral não mostram padrões circadianos normais de testosterona sérica 34.

O cipionato de testosterona deve ser administrado a cada 10 a 21 dias para manter níveis adequados 34. Níveis suprafisiológicos são alcançados, aproximadamente, 72h após a administração dessas fórmulas 34. A queda de testosterona continua por 14 a 21 dias, alcançando o nível basal, aproximadamente, no dia 21 34: a) cipionato de testosterona - nome comercial: deposteron®, testiormina, dose: 50-400mg a cada 2 a 4 semanas; b) etanoato de testosterone - não é disponível no Brasil; c) associação - nome comercial: durateston®, dose: 1ml da solução a cada 3 semanas.

Oral - Estas fórmulas são rapidamente metabolizadas no fígado, podendo não atingir e manter níveis séricos satisfatórios de andrógeno. As fórmulas disponíveis no mercado são altamente hepatotóxicas. Além disso, esses andrógenos alquilados podem causar aumento de LDL e diminuição de HDL, reconhecidos fatores de risco para doenças cardiovasculares.

O undecanoato de testosterona não é hepatotóxico e é eficaz para manter níveis sorológicos de testosterona dentro dos limites fisiológicos. Porém, tem curta duração e pode resultar em níveis suprafisiológicos de dihidrotestosterona e raramente efeitos colaterais gastrointestinais (náusea, vômito, diarréia), tornando-a uma medicação de segunda escolha, exceto nos casos em que as terapias parenterais devem ser evitadas.

A metiltestosterona, é uma medicação oral sintética não hepatotóxica, mas raramente usada devido à necessidade de múltiplas doses diárias, conhecimento farmacológico insuficiente e potência limitada 35. a) fluoximesterona: não é disponível no Brasil; b) metiltestosterona: não é disponível no Brasil; c) undecanoato de testosterona - nome comercial: androxon®, dose: 120-160mg diariamente, durante 2 a 3 semanas. A dose subsequente é de 40 a 120mg/dia.

Adesivo transdérmico de testosterona (ainda não está disponível no Brasil) - A terapia com adesivo é a mais cara, mas a mais próxima do nível fisiológico 34. Requer aplicação diária e aumenta desproporcionalmente níveis sangüíneos de dihidrotestosterona, devido à redução 5a de testosterona pelos folículos pilosos e fibroblastos durante a sua passagem transdérmica 35.

Os adesivos transdérmicos aplicados na pele escrotal devem ser grandes o suficiente para permitir a absorção, enquanto os adesivos menores na pele não escrotal necessitam de reforços na absorção, que podem ser potencialmente irritantes 35. Os adesivos são colocados antes de dormir com o seu pico no começo da manhã. Os adesivos escrotais mantêm níveis normais de testosterona e estradiol, mas alto nível de dihidrotestosterona, como resultado de alta concentração de 5-alfa-redutase na pele escrotal 34.

Testosterona gel (ainda não está disponível no Brasil) - O gel de testosterona é usado na Europa e, recentemente, aprovado para uso nos EUA. É eficiente, mas tem o risco de transferir andrógeno para as parceiras de pacientes. Reproduz variações fisiológicas diurnas de testosterona observadas em homens normais 35.

A absorção de testosterona para a corrente sangüínea continua durante todo o intervalo de 24h e se aproxima de concentração sérica estável em 2 a 3 dias de dose 36.

Quando o tratamento com o gel de testosterona é interrompido após atingir nível estável, a testosterona sorológica mantém-se nos níveis normais durante 24 a 48h, mas retorna a níveis pré-tratamento após 50 dias, contados a partir da última aplicação 36.

A dose inicial recomendada de gel de testosterona 1% é 5g (para liberar 50mg de testosterona) aplicada uma vez por dia na pele limpa e seca dos ombros, braços e/ou abdome, não devendo ser aplicada nos genitais. Se a resposta clínica for insatisfatória com essa concentração, a dose pode ser aumentada para 7,5 ou 10g 36.

Efeitos colaterais - Os efeitos indesejados da terapêutica de reposição androgênica se devem principalmente ao uso inadequado e/ou a hepatotoxicidade.

Uso inadequado - O abuso de andrógeno pode produzir distúrbios de comportamento por sua ação estimulante sobre a atividade mental e física. Foram relatados casos de aumento incontrolável de libido e de freqüência de ereção, além de seborréia, acne, ganho de peso por efeito anabolizante na massa muscular e retenção de fluido, ginecomastia, alopécia, aumento de pêlos no corpo, mudança de timbre de voz. Esses dois últimos são efeitos irreversíveis, enquanto os anteriores são reversíveis com a suspensão de tratamento 35.

Hepatotoxicidade - É um efeito colateral incomum produzido apenas por andrógeno 17-a-alquilados. As fórmulas orais, dérmicas e injetáveis sem metiltestosterona são seguras para o uso. Os tumores hepáticos relacionados ao uso de andrógeno incluem adenoma e carcinoma. Portanto, em tratamentos prolongados com andrógeno 17-a-alquilado, são recomendáveis exames clínicos regulares e monitoramento de função hepática 35.

Doenças cardiovasculares - Acredita-se que níveis baixos de testosterona estão associados a alterações desfavoráveis de triglicérides e colesterol HDL reconhecidos fatores de risco para doenças cardiovasculares ateroscleróticas.

Próstata: A testosterona promove crescimento de adenocarcinoma estabilizado. Porém não se sabe se a testosterona promove o desenvolvimento de câncer de próstata 34.

Contra-indicações e precauções:

Contra-indicação absoluta: câncer de próstata e de mama 35.

Precaução - Evitar andrógenos 17 alquilados orais por causa da sua absorção inadequada e toxicidade 35 em: homens idosos que são submetidos ao tratamento podem ter disfunções sexuais intoleráveis e aumento de obstrução prostática 35; mulheres na idade reprodutiva, principalmente aquelas que necessitam de voz profissionalmente, pois essa alteração é irreversível 35; pacientes epilépticos sensíveis a esteróides sexuais 35; pacientes com insuficiência renal, cardíaca ou hipertensão grave 35; homens com apnéia obstrutiva de sono, porque pode piorar com a reposição de andrógeno 35,37-38; pacientes idosos tratados com andrógeno apresentam maior risco de desenvolver hiperplasia e carcinoma de próstata 35.

Monitoramento - Os principais métodos bioquímicos disponíveis para monitorar o tratamento incluem hemoglobina (aumenta de 1,0 a 2,0g/l quando a dose de andrógeno é adequada), testosterona circulante e níveis de gonadotropina (em homens com hipogonadismo hipergonadotrópico), além de controle lipídico e pressão sangüínea para evitar doenças cardiovasculares ateroscleróticas 35.

Perspectivas futuras - Há várias evidências que levam a crer que a terapia de reposição androgênica possa ser efetivamente usada em várias condições para promover a saúde e o bem-estar.

As indicações clássicas para essa terapia relacionam-se a casos de homens com hipogonadismo primário ou secundário, puberdade tardia, anemia aplástica e aquela secundária a insuficiência renal crônica, trauma, queimaduras, tumores e doenças infecciosas.

Atualmente, as aplicações inéditas são voltadas ao combate de alterações provocadas por envelhecimento e obesidade visceral associadas à síndrome metabólica 38. Além disso, pode também ser empregado para contracepção masculina, em que se usa um composto progestacional (para suprimir a espermatogênese) e testosterona (é aplicada através de implantes ou injeções intramusculares), a fim de manter libido e função de glândulas sexuais acessórias. Porém, alguns efeitos colaterais, como ganho de peso, ginecomastia e complicações fisiológicas limitam a disseminação do seu uso 39.

Como os medicamentos atuais de testosterona produzem níveis de hormônio não fisiológicos, tem sido feito esforço para desenvolver novos métodos de tratamento, a fim de atingir níveis mais fisiológicos de hormônio e promover maior tolerabilidade e intensidade de ação nos tecidos-alvo. Em alguns países, esses novos métodos já estão disponíveis 38.

Há novos avanços na terapia com adesivos de testosterona. Com o objetivo de fornecer reposição fisiológica para mulheres com produção de testosterona diminuída, foi desenvolvido TMTDS (testosterone matrix transdermal system), que ainda continua em fase de aperfeiçoamento e avaliação clínica 40.

Outros exemplos de novas aplicações clínicas de testosterona são: androderm (adesivo) no tratamento de adolescentes masculinos com beta-talassemia; androderm no tratamento de homens HIV+; TMTDS no tratamento de mulheres HIV+ 40.

A utilização da terapêutica de reposição androgênica com o potencial de prevenção e tratamento de afecções cardiovasculares ainda está em fase inicial, com estudos mostrando resultados promissores quanto ao metabolismo lipídico e diminuição de isquemia miocárdica. Estudos clínicos controlados com número suficiente de pacientes são necessários para investigar sua promissora aplicação.

18 de maio de 2012

Executivos dos EUA tentam retardar envelhecimento com hormônios.

Segundo médicos, terapia hormonal está cada vez mais popular entre homens de 30 a 69 anos, muitos deles executivos de Wall Street.

Executivos e profissionais nos Estados Unidos vêm procurando um polêmico e caro tratamento de reposição hormonal para combater efeitos normalmente associados ao estresse e ao envelhecimento.
Com pouco mais de 30 anos, o executivo americano J.G. começou a se sentir deprimido e ansioso. Tinha dificuldades para dormir, sua libido já não era mais a mesma e, por mais que se esforçasse na academia e cuidasse da alimentação, não conseguia atingir os resultados que queria.
'O trabalho também ia mal. Ter que lidar com o estresse, e a competição ampliava os sintomas, quando não era combustível para eles', conta o executivo, que pediu para não ter seu nome divulgado.
'Isso acabava com o desejo e ambição de ser bem sucedido', disse.

Jeffry Life, 'garoto-propaganda' da empresa de reposição hormonal Cenegenics. Companhia diz que fotos não são montagem (Foto: BBC)
Depois de tentar tratamentos com antidepressivos e ansiolíticos, J.G. aceitou o conselho de um colega de academia e começou a fazer reposição hormonal por conta própria.
Mesmo sem consultar um médico, experimentou tomar uma pequena dose de testosterona, um hormônio secretado pelos testículos do homem e em menor quantidade pelos ovários da mulher. Sua concentração no corpo masculino diminui com a idade e devido a problemas de saúde.
'Tomei minha primeira dose e, uau, pareceu que tudo deu uma volta de 180 graus', disse o executivo à BBC Brasil.
Desconfiado de que poderia estar sofrendo com os sintomas do declínio de testosterona em seu corpo, procurou um médico. Após alguns exames, ele receitou uma terapia de reposição hormonal.
Atualmente com 40 anos, J.G. segue com o tratamento. Duas vezes por semana, injeta em si mesmo pequenas doses de testosterona e garante que sua vida melhorou em vários aspectos.
'Pergunte à minha namorada modelo de 27 anos', brinca o executivo, que dirige uma consultoria de administração de capital de risco em Nova York.
Apesar dos elogios ao tratamento, alguns médicos têm dúvidas quanto à eficácia e eventuais danos colaterais do uso de hormônios, que poderiam incluir câncer e problemas no coração.
Hormônios
A deficiência de testosterona entre homens pode estar ligada a problemas congênitos, doenças, estresse e efeitos colaterais de certos medicamentos.
Além disso, a partir dos 30 anos de idade, inicia-se um declínio gradual da produção do hormônio no organismo.
A maior parte da testosterona utilizada em terapias de reposição hormonal é produzida em laboratório a partir de vegetais como soja e inhame.
Embora o tratamento mais comum para a deficiência de testosterona causada por problemas de saúde seja a reposição hormonal, não há estudos conclusivos sobre a eficácia da injeção do hormônio no combate a sintomas normalmente associados à idade.
Mesmo assim, um grande número de médicos defende os benefícios do tratamento no combate ao envelhecimento. Eles vêm oferecendo terapias de reposição hormonal a pacientes que se queixam de fadiga, de dificuldades para perder peso, de concentração e de redução da libido.
Entre eles está Lionel Bissoon, que ficou conhecido por desenvolver um tratamento para celulite e atualmente administra um programa de reposição hormonal para homens e mulheres em sua clínica em Nova York.
Segundo ele, até meados da década passada, a maior parte de seus pacientes era formada por mulheres entre 45 e 69 anos. Mas a situação se inverteu. Atualmente, cerca de 85% é de homens entre 30 e 69 anos, muitos deles executivos de Wall Street.
'As maiores queixas dos homens são fadiga, cansaço e dificuldades de concentração. Alguns reclamam de dores musculares. Muitos não têm interesse em sexo. Alguns sentem que não são mais quem costumavam ser', disse Bissoon à BBC Brasil.
O médico conta que, após uma bateria de exames, o paciente pode iniciar o tratamento. A reposição hormonal pode ser feita por meio de injeções, adesivos ou via oral. O próprio paciente aplica suas doses de testosterona.
'Eu ensino meus pacientes a se aplicarem, é bem fácil. Não é possível para um executivo ocupado ter que ir a um consultório para tomar uma injeção duas ou três vezes ao mês, não é prático', diz.
Custos
O grande interesse dos homens por tratamentos de reposição hormonal não se restringe a Nova York.
Na filial que serve os Estados americanos da Carolina do Sul e da Carolina do Norte da rede de clínicas Cenegenics, por exemplo, 68% dos pacientes são homens entre 35 e 70 anos.
'Está se tornando mais comum homens mais jovens, com pouco mais de 30 anos (procurarem o tratamento)', diz Michale Barber, médica e diretora-executiva da Cenegenics Carolinas.
Embora a aplicação dos hormônios possa ser feita pelo próprio paciente, é necessário que ele passe por um acompanhamento periódico por médicos e seja submetido a exames regularmente, o que pode aumentar os custos do tratamento.
Para realizar um tratamento hormonal de combate aos efeitos do envelhecimento na Cenegenics, é preciso desembolsar em média US$ 1 mil por mês.
'Os nossos pacientes estão pagando pelo acesso a médicos, fisiologistas, nutricionistas e acompanhamento de laboratório', diz Barber.
Com 20 centros médicos espalhados pelos Estados Unidos e mais de 20 mil pacientes, a Cenegenics usa como garoto-propaganda o médico Jeffry Life, que atua na empresa e é paciente do programa de combate aos efeitos do envelhecimento.
Para mostrar os resultados do tratamento, a empresa usa fotos e vídeos ao estilo 'antes e depois' de Life. Na primeira foto, o médico aparece com um corpo comum para um homem de meia-idade. A outra é uma dessas imagens que à primeira vista parecem montagens (a empresa garante que não é) e mostra a mesma pessoa com um corpo de fisiculturista.
Câncer
Apesar dos efeitos aparentemente milagrosos, ainda restam dúvidas sobre a segurança dos tratamentos de reposição hormonal para combater os efeitos do envelhecimento em homens saudáveis.
Embora os médicos adeptos da terapia garantam que ela é segura e pode prevenir doenças, outros apontam que ela pode estimular o desenvolvimento de câncer de próstata e causar problemas cardíacos.
Além disso, pesquisas apontam entre os possíveis efeitos colaterais do tratamento atrofia dos testículos e infertilidade, problemas hepáticos, retenção de líquidos, acne e reações de pele, ginecomastia (crescimento anormal das mamas em homens) e apneia do sono.
Embora tratamentos do tipo estejam sendo utilizados nos EUA desde a década de 1990, há poucos estudos amplos sobre seus efeitos e riscos.
Em 2009, o National Institute of Health dos Estados Unidos deu início a um amplo estudo sobre os efeitos do tratamento de reposição de testosterona em homens acima de 65 anos. Os primeiros resultados, no entanto, devem ser divulgados só em junho de 2015.
Enquanto isso, um relatório publicado em 2004 pelo Instituto de Medicina da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, órgão de consultoria do governo americano, alerta para a falta de pesquisas conclusivas sobre o tema.
'Apesar da crescente popularidade do tratamento com testosterona, não há uma quantidade considerável de dados que sugiram a eficácia da terapia de testosterona em homens mais velhos que não se encaixam na definição clínica de hipogonadismo. Além disso, os efeitos da testosterona na próstata e suas implicações para o câncer inspiram cuidados no uso não terapêutico extensivo', diz o documento.

16 de maio de 2012

Ministério da Saúde diz que 5,6% dos adultos brasileiros têm diabetes.

Número é menor que de países como Estados Unidos, Argentina e Chile.
Dado equivale a cerca de 7,5 milhões de brasileiros com a doença.

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (09/05/12) que 5,6% da população adulta do Brasil têm o diagnóstico de diabetes. O número é menor que o do ano passado, quando 6,3% foram identificados com a doença. Ao longo dos últimos seis anos, no entanto, a tendência é de estabilidade.

De acordo com o Censo 2010, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), há 134.465.631 pessoas em idade adulta no país. Levando em conta esse número, a população com diabetes fica em torno de 7,5 milhões de brasileiros.
A diabetes se caracteriza pelo acúmulo de açúcar no sangue, aumenta o risco de doenças do coração e do rim e pode levar à cegueira, entre outras complicações.
A tipo 2 é a mais comum, aparece em cerca de 90% dos diabéticos. O pâncreas começa a falhar aos poucos. A doença tem carga genética, mas geralmente está ligada à obesidade e ao sedentarismo, e aparece na fase adulta. Pode ser controlada com remédios e dieta, e injeções de insulina são usadas apenas em alguns casos.
O tipo 1 costuma surgir na infância ou na adolescência. Uma falha no sistema de defesa do corpo leva à destruição das células do pâncreas que produzem a insulina, hormônio que leva o açúcar para dentro das células. Esses pacientes dependem da injeção de insulina pelo resto da vida.

A pesquisa
Os números foram obtidos pela pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), que coletou informações nas 26 capitais brasileiras e no Distrito Federal. O levantamento, feito anualmente pelo ministério desde 2006, traz um diagnóstico da saúde do brasileiro a partir de questionamentos – por telefone – sobre os hábitos da população, como tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, alimentação e atividade física, e doenças, como a hipertensão e a diabetes. Em 2011, foram entrevistados 54.144 maiores de idade de janeiro a dezembro.

Segundo o Ministro, apesar de o número ser menor no Brasil na comparação com outros países, os dados ainda preocupam. "Temos uma tendência de crescimento do número de pessoas com diabetes no Brasil por causa do aumento do número de idosos, do acesso ao diagnóstico e do crescimento da obesidade. É preciso reforçar ações de prevenção à obesidade, fazer diagnóstico precoce e promover acesso a medicamentos", declarou o ministro.

Os dados foram divulgados pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, durante o Fórum Pan-americano de Ação sobre as Doenças Não Transmissíveis, em Brasília. O Brasil possui destaque na comparação com outros países do continente. De acordo com dados oficiais de cada país, o índice brasileiro é menor que o dos Estados Unidos (8,7%), Argentina (9,6%) e Chile (6,3%).

A capital onde foi identificado o maior percentual da população com diabetes é Fortaleza, onde 7,3% dos adultos são portadores da doença. Em seguida, estão Vitória (7,1%) e Porto Alegre (6,3%). Palmas possui o menor índice, com 2,7% da população. Goiânia (4,1%) e Manaus (4,2%) estão na segunda e terceira posição, respectivamente, dos melhores índices.

Segundo Padilha, as cidades com maior registro de diabéticos geralmente possuem mais idosos e assistência à saúde por meio do diagnóstico. "Quanto mais idosa a população da cidade, maior a possibilidade de termos um maior número de pessoas com diabetes. Em segundo lugar, quanto maior a cobertura do pré-natal, mais mulheres terão o diagnóstico precoce", disse.

O levantamento Vigitel também indica que a doença é mais comum entre os mais velhos. A diabetes aparece em 21,6% das pessoas com mais de 65 anos, e em 15,2% das que têm entre 55 e 64. Na faixa entre 18 e 24 anos o índice cai para 0,6%.

Internações e mortes
De acordo com o ministro, o acesso gratuito a medicamentos de tratamento de diabetes, promovido pelo programa Farmácia Popular, ajuda a melhorar o quadro brasileiro. Segundo ele, dados preliminares apontam que em 2011 houve cerca de 145 mil internações causadas pela doença, contra 148,4 mil em 2010.
"O remédio de graça contribiu para revertemos o número de internações e a tendência de mortalidade em relação a diabetes", disse.
De acordo com a Débora Maltah, diretora do Departamento de Análise de Situação de Saúde do Ministério da Educação, o governo possui um gasto médio anual de R$ 88 milhões com as internações por diabetes. "Nossa meta é a redução da mortalidade por diabetes e a inclusão de todos os pacientes no tratamento para que tenhamos também redução das internações", disse a diretora.

Escolaridade
Segundo a pesquisa, o percentual de adultos com diagnóstico de diabetes é menor conforme o aumento do número de anos escolares. Entre os adultos com 12 ou mais anos de estudo, o índice é de 3,7%, chegando a 7,8% na população com até 8 anos de escolaridade. De acordo com Déborah Malta, a diferença se dá, provavelmente, pela possibilidade de se adquirir hábitos mais saudáveis. "Mais anos de estudo é um hábito protetor, provavelmente por hábitos mais saudáveis", disse Déborah.

Um terço dos adultos tem pressão alta, diz relatório mundial.

Diabetes atinge um em cada dez adultos, segundo levantamento da OMS.

As duas doenças têm grande impacto sobre o coração.

Um em cada três adultos sofre de hipertensão arterial, ou pressão alta, uma condição que causa cerca de metade de todas as mortes por derrame e problemas cardíacos no mundo, destacou nesta quarta-feira (16) a Organização Mundial da Saúde (OMS) em seu relatório anual sobre estatísticas sanitárias. A diabetes, que também tem grande impacto sobre a circulação, atinge um em cada dez adultos.

"Este relatório oferece uma evidência a mais do aumento dramático das condições que desencadeiam os problemas de coração e outras doenças crônicas, particularmente nos países pobres e em desenvolvimento", disse a diretora geral da OMS, Margaret Chan.
Chan ressaltou o preocupante fato de que "em alguns países africanos, metade da população adulta sofra hipertensão", razão pela qual a OMS quer chamar a atenção para "o crescente impacto das doenças não contagiosas".

No Brasil, os dados mais recentes são da pesquisa Vigitel, feita por telefone nas 26 capitais e no Distrito Federal. Segundo esse levantamento, 22,7% dos adultos do país têm hipertensão, enquanto a diabetes atinge 5,6%.

Dados inéditos
O levantamento, feito anualmente pelo ministério desde 2006, traz um diagnóstico da saúde do brasileiro a partir de questionamentos – por telefone – sobre os hábitos da população, como tabagismo, consumo abusivo de bebidas alcoólicas, alimentação e atividade física, e doenças, como a hipertensão e a diabetes. Em 2011, foram entrevistados 54.144 maiores de idade de janeiro a dezembro.

Pela primeira vez, o estudo estatístico da OMS inclui informação de 194 países sobre os altos níveis da pressão sanguínea e da taxa de glicose no sangue em homens e mulheres. Os dados revelam, entre outras coisas, que os diagnósticos e os tratamentos baratos destas doenças reduziram o problema nos países desenvolvidos.

A preocupação da organização é que em lugares como a África, onde não são aplicadas estas medidas preventivas, a maior parte das pessoas com estas doenças não sabem que correm um "alto risco de morte e incapacidade por um ataque no coração ou um derrame".
O documento contém também informação sobre níveis de glicose no sangue. A prevalência média global de diabetes está em torno de 10%, mas o índice chega a até um terço da população em alguns países do Pacífico.
A OMS lembra que, se não for tratado, a diabetes pode causar doenças cardiovasculares, cegueira e falha renal.
A terceira grande preocupação é o excesso de peso, já que "em todas as regiões do mundo, o número de obesos dobrou entre 1980 e 2008", declarou Ties Boerma, diretor do Departamento de Estatísticas Sanitárias e Sistemas da Informação da OMS.
"Hoje, cerca de 500 milhões de pessoas (12% da população mundial) são consideradas obesas", segundo Boerma.
O nível mais alto de obesidade foi registrado na região das Américas (26% dos adultos) e o mais baixo no Sudeste Asiático (3% dos adultos), sendo maior a proporção de mulheres obesas que a de homens. A obesidade aumenta risco de diabetes, problemas de coração e câncer.
A conclusão é que as doenças não contagiosas são atualmente a causa de dois terços das mortes no mundo, e por isso a OMS trabalha em um marco de acompanhamento e uma série de metas voluntárias para prevenir e controlar o problema.

Avanços
O relatório será um dos assuntos abordados na próxima Assembleia Mundial sobre a Saúde da OMS em Genebra (entre os dias 21 e 26 de maio), que também informará os avanços conquistados. Segundo a OMS, desde que se estabeleceram os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) da ONU, há mais de uma década, "foi possível um progresso substancial na redução da mortalidade infantil e maternal, em relação ao HIV, à tuberculose e à malária".

A desnutrição infantil ainda é a causa subjacente de aproximadamente 35% das mortes de crianças menores de cinco anos, embora no caso dos países em desenvolvimento tenha sido detectada certa melhora: entre 1990 e 2010 a proporção de crianças dessas idades que apresentavam peso abaixo do recomendável passou de 29% para 18%. Já a mortalidade entre menores de cinco anos nas últimas duas décadas reduziu 35% no mesmo período.
"As reduções foram particularmente impactantes nas mortes por diarreias e por sarampo", destacou a organização.

Especialmente significativo é o dado sobre a África, onde acontece metade das mortes de menores de cinco anos, já que a taxa de redução passou de 1,5% (1990-2010) para 2,8% (2005-2010).O dado de redução é grande também no que se refere ao número de mortes maternais -- de 543 mil em 1990 para 287 mil em 2010 --, mas a OMS indica que 'a taxa de redução é apenas a metade do necessário para conseguir o objetivo relevante dos ODM'.

13 de maio de 2012

Exercícios de resistência podem retardar envelhecimento.

Atividades como corrida e spinning aumentam número de células-tronco nos músculos - e isso ajuda o corpo a se manter mais jovem e funcionar melhor.

Além de manter o peso em dia e o colesterol controlado, o exercício físico retarda o envelhecimento, acreditam cientistas israelenses. Por meio de experimentos com cobaias, os pesquisadores da Universidade Sackler de Tel Aviv conseguiram demonstrar que atividades de resistência, como corrida ou spinning, aumentam o número de células-tronco nos músculos e ajudam o corpo a renovar suas células e se manter jovem.

Quando uma pessoa ou animal envelhece, o número de células-tronco em seus músculos diminui. Isso faz com que a musculatura perca massa e reduza sua capacidade de se regenerar. O mesmo não aconteceu com camundongos submetidos a tratamentos aeróbicos. Com sessões de 20 minutos de corrida ao dia por 13 semanas, os animais conseguiram aumentar de 20% a 35% a quantidade de células-tronco em seus tecidos.

Conforme o estudo, publicado na revista científica PLoS ONE, os ratos mais velhos se beneficiaram ainda mais, com um aumento de entre 33% e 47% na quantidade de células-tronco. A pesquisa dos cientistas israelenses também mostrou que os exercícios aumentavam a disposição nos roedores mais idosos.

"Quando envelhecemos, os músculos perdem massa e diminuem sua função”, diz Dafna Benayahu, que comandou o estudo. "Como resultado, nosso sistema músculo-esquelético é mais suscetível ao desgaste diário, o que também explica o aumento do risco de quedas em idosos. Pela primeira vez, podemos explicar porque as pessoas que se exercitam chegam à idade avançada de forma mais graciosa. "

Depressão pode acelerar processo de envelhecimento.

Assim como o stress, a depressão foi relacionada com um encurtamento dos telômeros, marcador biológico do envelhecimento.


Um estudo que acaba de ser publicado no periódico Biological Psychiatry afirma que o stress e a depressão podem ter uma relação direta no processo de envelhecimento. De acordo com a pesquisa, as duas condições têm uma característica em comum: um encurtamento precoce dos telômeros, que é o indicador cromossômico do envelhecimento do organismo. Isso significa que, assim como pessoas estressadas tendem a envelhecer mais rapidamente, aquelas que têm depressão correm o mesmo risco.

O stress tem inúmeros efeitos danosos no corpo humano. Parte desses efeitos podem ser sentidos, como dores no estômago ou perda de cabelos. Muitos, no entanto, são invisíveis, como o encurtamento dos telômeros. Estudos recentes ja vinham relacionando o stress e a depressão a um encurtamento prematuro dos telômeros.

A resposta humana ao stress é regulada pelo eixo hipotálamo-pituitário-adrenal (HPA). Esse eixo controla os níveis de cortisol no corpo — alterações nas taxas do hormônio podem indicar situações de stress. O eixo HPA tende a não funcionar normalmente em pessoas com depressão e/ou doenças relacionadas ao stress.

Pesquisa — No estudo, os cientistas mediram o comprimento dos telômeros em pacientes com transtorno depressivo maior (depressão) e também em pessoas saudáveis. Foram medidos ainda os níveis de stress, tanto biologicamente, pelo cortisol, quanto subjetivamente, pelo uso de questionários. Descobriu-se, então, que o comprimento dos telômeros eram menores em pacientes com depressão – o que confirmava as hipóteses anteriores.

De acordo com Mikael Wikgren, coordenador do estudo, a descoberta sugere que o stress tem um papel importante na depressão. "O comprimento dos telômeros era especialmente mais curto em pacientes com sensibilidade demais no eixo HPA. Essa resposta ao HPA foi relacionada ao stress crônico e à baixa habilidade em lidar com o stress", diz.

Para John Krystal, editor do Biological Psychiatry, a relação entre o stress e o encurtamento dos telômeros vem crescendo consideravelmente. "As descobertas atuais sugerem que os níveis de cortisol podem contribuir para o processo, mas não é claro ainda se o comprimento dos telômeros tem um significado além de biomarcador", diz.

TELÔMEROS
São as 'tampas' das extremidades do cromossomo, uma forma de proteção similar à presente nas pontas de um cadarço de tênis. Sempre que um cromossomo é replicado para a divisão celular, os telômeros encurtam. Esse encurtamento tem sido visto por diversos cientistas como um marcador biológico do envelhecimento, o relógio que marca a duração da vida de uma pessoa e sua condição de saúde.
Leia também: Teste de sangue vai prever quantos anos restam a uma pessoa

Alto índice metabólico pode levar ao envelhecimento precoce.

Segundo pesquisa americana, o desequilíbrio leva a um desgaste acelerado dos órgãos do corpo.


Pessoas com altos índices metabólicos podem acabar envelhecendo mais cedo, segundo um recente estudo do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos. O desgaste precoce do organismo, e de seus órgãos vitais, seria ainda um fator de risco para uma morte prematura por causas naturais. A pesquisa foi publicada no periódico Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism.

A relação entre os altos índices metabólicos e uma vida mais curta nos animais já era conhecida entre os cientistas. O que não se sabia, no entanto, era como essa relação de fato acontecia no corpo humano. Para confirmar a hipótese de que o homem também seria afetado, os pesquisadores mediram, durante 24 horas, inclusive no repouso, as taxas de gasto energético e de desgaste do organismo de 652 voluntários.

“Descobrimos que as altas taxas metabólicas endógenas, que são a quantidade de energia que o corpo usa para suas funções normais, são um fator de risco para uma morte natural prematura”, diz Reiner Jumpertz, coordenador do estudo. Segundo o pesquisador, isso acontece porque, com a aceleração do envelhecimento, os órgãos vitais do corpo também se desgastam mais cedo, possivelmente por causa do acúmulo de substâncias tóxicas produzidas pelos organismo.

“É importante salientar, entretanto, que esses dados não se referem ao gasto energético característico do exercício físico. Praticar atividades físicas, e todo o gasto energético que a envolve, é algo claramente benéfico para o organismo”, diz Jumpertz.

12 de maio de 2012

'Novo IMC' compara cintura com altura.

É hora de dizer adeus ao IMC (índice de massa corporal). A proposta é de pesquisadores britânicos, que apresentam hoje em Lyon, na França, uma revisão de estudos mostrando que a proporção entre a cintura e a altura prevê melhor o risco cardíaco e de diabetes do que a velha escala do IMC.

O índice de massa corporal é calculado dividindo o peso em quilos pela altura, em metros, ao quadrado. A conta sugerida pela pesquisa da médica Margaret Ashwell, da Universidade Oxford Brookes, é ainda mais fácil: a circunferência da cintura deve ser, no máximo, a metade da altura. Se uma pessoa tiver 1,60 m de altura, sua cintura deve ter até 80 cm. Mais do que isso é sinal de risco.

GORDURA ABDOMINAL

Medir a cintura para ver risco cardíaco não é uma ideia nova. Mas, segundo o endocrinologista Alfredo Halpern, os padrões usados hoje (102 cm para homens e 88 cm para mulheres como limite máximo) não levam em conta a altura. "Claro que uma pessoa de 1,90 m com cintura de 94 cm não tem o mesmo risco de uma com 1,50 m e a mesma circunferência."

O que faltava era a comprovação de que uma cintura medindo 50% da altura é um indicador fiel da maior probabilidade de ter problemas cardíacos e metabólicos.

A revisão de estudos feita pelos britânicos analisou 31 trabalhos, envolvendo um total de 300 mil pessoas.

A pesquisa também levou em conta diferentes etnias para encontrar a proporção máxima da cintura.

Isso é importante porque um dos pontos fracos do IMC é que ele tem significados diferentes para cada etnia. De acordo com Halpern, indianos e japoneses já apresentam risco de diabetes com valores de IMC considerados normais (entre 20 e 25).

O IMC também não discrimina entre massa muscular e gordura na hora da conta. Por isso é que a cintura começou a ganhar importância.

De acordo com o médico da USP, o risco para a saúde é maior quando a pessoa tem mais gordura entre as vísceras. Essa gordura é mais perigosa do que a localizada logo abaixo da pele. A medida da circunferência não diferencia entre as duas.

"Por isso também essa medida pode ser falha. Mas, quanto maior é a circunferência, mais gordura há dentro e fora das vísceras. Com a altura, a precisão aumenta."

Segundo a autora do estudo, a proporção entre altura e cintura, além de servir para pessoas com qualquer ascendência, também vale para crianças -- a
versão infantil do índice de massa corporal tem uma escala que varia de acordo com a idade.

De acordo com Ashwell, a nova medida já está ganhando apoio em países como EUA, Austrália, Japão, Índia, Irã e também no Brasil.

Pesquisadores da City University de Londres estimaram que um não fumante de 30 anos reduz sua expectativa de vida em até 33% se a medida de sua cintura corresponder a 80% de sua altura.

"Manter a circunferência da cintura no ponto certo aumenta a expectativa de vida para todas as pessoas do mundo", disse Ashwell.

Halpern lembra, no entanto, que, como todo estudo epidemiológico, esse também vai se deparar com casos que fogem à regra.

9 de maio de 2012

Um em cada cinco militares tem menos testosterona que o normal.

Pesquisa feita no Brasil revela que o nível de hormônio em homens acima de 70 anos é metade do encontrado em um jovem com menos de 40; dieta influencia na produção natural


A Escola de Saúde do Exército, no Rio, recrutou 1.623 militares masculinos com idades que variaram entre 24 e 87 anos. Todos cederam uma amostra de sangue, e a conclusão foi que em 20% desses homens há menos testosterona que o normal. Não se trata de um perigo para a segurança nacional, mas de um alerta para a saúde masculina, sobretudo a partir dos 40 anos, quando a tendência é de queda no nível do hormônio em 1% ao ano. O estudo da Sociedade Brasileira de Urologia chama o fenômeno de andropausa e associa a diminuição da testosterona a perda de libido, cansaço, irritabilidade, falhas de memória, sonolência e disfunção erétil.

— O número de militares com testosterona abaixo do normal está dentro da média encontrada em estudos semelhantes em outros países, mas me surpreendeu por ser um segmento da população que, geralmente, faz exercícios físicos — diz o diretor da Sociedade Brasileira de Urologia e chefe da pesquisa, Archimedes Nardozza Júnior.

De acordo com Archimedes, ter uma taxa de testosterona abaixo do normal — menos de 300 nanogramas por 10 litros de sangue — não significa, necessariamente, que o homem vai apresentar os sintomas descritos. Outros efeitos, por sinal, são a mudança nos pelos pubianos e da barba e o ressecamento da pele. Certo mesmo é que, a partir dos 45 anos, é recomendável fazer exames periódicos do nível de testosterona, segundo prescrever o médico. A análise dos militares brasileiros trouxe também o seguinte dado: as amostras de homens acima de 70 anos tinham, em média, 50% menos testosterona que nos voluntários com menos de 40 anos. É uma redução que ganha mais valor para o estudo da saúde masculina, segundo a pesquisa, pois a expectativa é que, nas próximas décadas, o Brasil passe por um envelhecimento da população. Dados presentes no estudo informam que há 9 milhões de homens acima dos 60 anos no Brasil, ou a 9% da população. Em 2020, a estimativa é de 30 milhões dos homens com mais de 60.

Um bom meio de retardar a queda acentuada no hormônio da masculinidade é, explica o urologista, consumir menos açúcar, gorduras e colesterol e, em contrapartida, aumentar a ingestão de proteínas, a matéria-prima dos hormônios produzidos pelo corpo. A prática de exercícios regulares é outra recomendação. Para os casos em que o homem já se encontra na fase de redução natural da testosterona, mas a queda está maior que o normal, a prescrição de reposição hormonal.

— Havia, nos anos 90, um mito de que a aplicação de testosterona aumentava a probabilidade de câncer de próstata, o que foi superado por estudos mais recentes. A aplicação de testosterona, no entanto, não deve ser feita por conta própria, por jovens, que usam o hormônio como anabolizante. Neste caso, o uso de testosterona leva à redução da produção do hormônio pelo próprio corpo, o que chamamos de efeito rebote — esclarece o especialista.

4 de maio de 2012

Preguiça de fazer sexo pode se tornar um problema grave; saiba como combatê-la.

Todo casal teme que, após algum tempo de romance, a disposição para fazer sexo possa diminuir entre eles. E pode. Segundo a ginecologista, sexóloga e terapeuta sexual Glene Rodrigues, os parceiros ainda estão na fase da paixão no período que vai até dois ou três anos de relacionamento. Depois vem o chamado “amor maduro”, fase em que o casal precisa trabalhar mais para que o desejo se mantenha. Surgir a preguiça de fazer sexo não é muito difícil –principalmente para as mulheres. “Os homens têm de 20 a 40 vezes mais testosterona, o hormônio do desejo, por isso é mais fácil manter a vontade mesmo sob as pressões diárias”, diz a ginecologista. “Já a mulher precisa de beijos e abraços, de palavras bonitas e paparicos para ter essa disposição”.
De acordo com a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, os casais precisam levar a questão a sério, pois a preguiça pode causar a falta de vontade de fazer sexo ou a diminuição significativa do desejo. "Nesse caso o problema já é uma disfunção classificada como desejo sexual hipoativo, que é bastante difícil de tratar”, diz a sexóloga. “Essa preguiça não chega a ser impedimento para que a relação, depois de iniciada, seja prazerosa. Mas se caracteriza pela falta de iniciativa de procurar o parceiro, esperando que ele a procure", afirma Carla. Para ela, esse é um indício importante da disfunção. A outra é quando a pessoa se recusa a fazer sexo. “Quanto menos sexo você faz, menos tem vontade fazer", diz a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa. "É como praticar um esporte."

Dicas para combater o problema:

1)Retome o antigo hábito de namorar.
O hábito de fazer tudo do mesmo jeito é um dos grandes vilões nos relacionamentos -e uma desculpa para que a preguiça sexual se instale. O segredo é usar a imaginação a seu favor e despertar a atenção do outro com pequenas mudanças no cotidiano. “Se você parou de sair para jantar com o parceiro, volte a fazê-lo. Se ainda costumam fazer esse programa, experimente marcar de se encontrarem no local, sem saírem juntos de casa", diz a psicoterapeuta Olga Tessari. "Para seduzir é preciso sair da rotina". Ela também aconselha que os casais aproveitem os momentos que estiverem a sós para uma conversa olho no olho e para falar sobre o quanto são importantes um para o outro, e não para listar problemas a serem resolvidos. “Namorar é algo que o casal vai ter que fazer a vida inteira", diz a terapeuta sexual Glene Rodrigues. "Isso inclui mandar flores, ligar para saber se o outro está bem, mandar torpedos carinhosos e picantes”, afirma.

2)Não espere a iniciativa do outro.
Se você perceber que não procura mais o parceiro como antes e que costuma ficar na expectativa de que ele a procure, é melhor reagir. “Retome a iniciativa para começar o sexo", diz Carla Cecarello. "É importante descobrir os motivos que levaram a esse estado. E, às vezes, é necessário ajuda de um profissional”.
Motivos que levam à preguiça.

3)Marque na agenda.
Alguns podem até achar pouco erótico, mas segundo Ana Canosa, marcar um horário na agenda para fazer sexo pode funcionar para alguns casais -principalmente para aqueles que têm filhos e muitas atividades durante o dia. “Isso não deve ser encarado como tarefa, mas como hora de lazer. Se marcamos horário para tudo, por que não para garantir o tempo de transar?”, diz a psicóloga. Quando conseguirem esse tempo, vale experimentar posições novas e diferentes. “Muitos casais fazem sexo sempre da mesma forma. E só de pensar que vai ser tudo do mesmo jeito, acabam não tendo tanto desejo assim”, conta psicoterapeuta Olga Tessari.

4)Tomem banho juntos.
O banho pode ser um momento de prazer a dois para o casal com a agenda cheia. “Não precisa ser todos os dias, mas escolha ao menos um na semana para tomarem banho juntos. É uma atividade que colabora para a proximidade do casal e estimula o erotismo", diz a psicoterapeuta Olga Tessari. "Não precisa terminar em sexo. Vale ser um pouquinho mais demorado do que nos outros dias para que um possa curtir o corpo do outro e cultivar a intimidade”.

5)Façam sexo fora do quarto.
Pode ser em motel, hotel ou o onde a imaginação mandar. Fazer sexo fora do quarto do casal pode ser muito estimulante, principalmente para as mulheres, de acordo com a psicoterapeuta Olga Tessari. “Mulheres adoram fazer sexo em lugares diferentes. Isso costuma excitá-las", afirma. "O desejo dos homens é mais instintivo, mas a mulher precisa desses estímulos". A solução também pode ser boa para casais com filhos, que temem ser interrompidos no meio da relação, o que inibe o desejo.


Para o psicólogo e psicoterapeuta de casais Ricardo Lima, há momentos em que a falta de interesse pelo sexo é mais comum na vida dos casais. “Logo após o nascimento dos filhos, quando as mulheres têm a atenção mais voltada ao bebê, por exemplo", afirma Lima. "Nesse momento, os homens podem associar muito o papel de mãe à parceira, o que pode interferir negativamente no desejo". Outra situação é quando a mulher entra na menopausa e há diminuição de hormônios. Para o psicólogo, o ideal é que as pessoas que se queixem desse problema procurem seus médicos e façam exames hormonais, assim podem descartar problemas físicos que interferem no desejo. ”Diabetes e depressão são algumas doenças que têm como sintomas a diminuição do desejo", diz Ana Canosa. "Há medicações, como antidepressivos, que podem interferir na libido”. De acordo com Ricardo Lima, a preguiça sexual faz parte de um leque de queixas, principalmente das mulheres.
A preguiça sexual pode acontecer também devido a questões mal resolvidas no relacionamento, segundo a psicoterapeuta Olga Tessari. “Se houver resistência do parceiro para o sexo, é bom conversar", afirma ela. "Homem, no geral, sabe separar o desejo dos problemas e, às vezes, acha que fazendo sexo irá resolver a questão. Já a mulher precisa ter tudo resolvido antes, ou não consegue transar”. Para o psicoterapeuta Ricardo Lima, os casais não conversam sobre a insatisfação conjugal naturalmente. "Normalmente usam o tom de cobrança, reclamação e raiva. É preciso descobrir o que está levando ao desinteresse”.
Para Carla Cecarello, esse desinteresse também pode ter a ver com o grau de intimidade do casal. Quando a cumplicidade entre os parceiros é muito grande, o prazer pode ser distribuído em várias situações, como assistir televisão juntos. Segundo Carla, isso é mais comum por parte das mulheres. "Esses pequenos momentos são tão prazerosos que a energia sexual começa a ficar diminuída e o amante começa a ser visto como amigo. Isso vai dando espaço para a preguiça sexual se instalar”, diz a sexóloga. Para Ana Canosa, as mulheres têm mais motivos do que os homens para sofrer desse mal. “Elas acumulam mais funções do que eles e por isso se cansam mais fisicamente", diz. Há também o problema de não priorizar o sexo como questão de prazer. "Os homens descarregam a tensão se masturbando. A mulher prefere dormir, fazer massagem ou até ir à academia para relaxar, mas não transar”, afirma a psicóloga. Fazer sexo regularmente deve ser uma das prioridades do casal, pois faz bem fisicamente para cada um dos parceiros e para a relação amorosa. "Aumenta a intimidade com o outro, fica a sensação de ser desejado e reafirma o interesse dos dois”, diz Ana.

Baixo nível de testosterona aumenta diabetes em homens.

EDIMBURGO. O baixo nível de testosterona está relacionado a uma resistência à insulina, hormônio que regula os níveis de açúcar do organismo, segundo estudo da Universidade de Edimburgo. A testosterona age sobre as células de gordura através de moléculas conhecidas como receptores de andrógenos, que permitem que a testosterona ative genes ligados à obesidade e diabetes. A descoberta pode explicar ainda porque homens mais velhos têm mais risco de desenvolver diabetes, já que os níveis de testosterona diminuem com a idade.
— Sabemos que homens com baixos níveis de testosterona são mais vulneráveis à obesidade, o que também pode desencadear o diabetes. Este estudo mostra que a baixa do hormônio é um fator de risco para o diabetes não importa o quanto a pessoa engorde: conforme os homens envelhecem a testosterona diminui. E isto, com o aumento da obesidade, aumentará a incidência de diabetes — explica o endocrinologista Kerry McInnes, da Universidade de Edimburgo. No estudo, camundongos que não tinham os receptores de andrógenos nos tecidos gordos mostraram mais sinais de resistência à insulina que outros camundongos e também se tornavam mais gordos e desenvolviam total resistência à insulina quando os dois tipos de camundongos eram alimentados em um regime de muitas calorias.

Os pesquisadores acreditam que a proteína RBP4 tem papel crucial para regular a resistência à insulina quando a testosterona está comprometida. Para eles, a descoberta pode levar ao desenvolvimento de novos tratamentos que regulem a produção dessa proteína e reduzam o diabetes em homens com baixa de testosterona.

Veja mais em http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20126841

3 de maio de 2012

Os novos óleos saudáveis.

RIO - São tantos nomes novos nas prateleiras dos supermercados e lojas de produtos naturais que o consumidor quase precisa de um curso para comprar óleo: sacha inchi, buriti, linhaça, semente de abóbora, macadâmia, castanha do pará... Prensados a frio, de origem vegetal, cheios de polifenóis, ômegas 3, 6, 7 e 9, esses novos óleos prometem agir a favor dos sistemas neurológico e cardiovascular, além de retardar o envelhecimento. Alguns até, como o de semente de abóbora, podem ser usados na pele para diminuir manchas e estrias.
- O consumo diário indicado de calorias sob a forma de gordura é de 25% a 35%, sendo que só entre 7% e 10% devem ser gorduras saturadas. O restante deve vir de óleos vegetais e aí pode ser de oliva, canola, soja ou esses novos - explica o médico Márcio Mancini, presidente do departamento de obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem).
Os nutricionistas recomendam até duas colheres de sopa dos óleos na alimentação diária como alternativa ao consumo de peixes (até a sardinha vale) e oleaginosas (castanhas, com exceção do amendoim). E a grande diferença está na maneira de consumir esses óleos, que devem ser usados para temperar saladas ou misturados em sucos. Nunca aquecidos para não saturar.
- Alguns óleos, como o de linhaça, têm sabor mais marcante, mas dá para fazer um mix para preservar os benefícios e agradar o paladar. Uma receita de 100ml poderia ser composta de 50ml de azeite extra-virgem, 25ml de óleo de semente de abóbora e 25ml de óleo de linhaça, por exemplo - diz a nutricionista Flávia Morais, coordenadora do setor de nutrição da rede de lojas Mundo Verde, que recentemente importou do Peru o Oro Inka, óleo de sacha inchi típico da Amazônia peruana. - Estudos mostram que esse óleo tem mais ômega 3 que o óleo de linhaça, entre 45% e 55% - observa.
A nutricionista Maria Eduarda Ourívio, do Espaço Bella Gestante aposta nos óleos de macadâmia, coco e castanha do pará para a manutenção da gordura boa no organismo. Mas evita indicar o óleo de linhaça para as gestantes.
- Para pressão o óleo de linhaça não é bom e para a gestante também não por causa do estrógeno. Se ela já usar eu suspendo nos três primeiros meses e depois libero, mas se não usar nem indico - diz.
Já para cozinhar, o ideal é usar um óleo com ponto de fumaça alto, ou seja, que quando aquecido demore mais para fazer fumaça e saturar. O óleo de soja tem ponto de fumaça de 240ºC; o de canola 233ºC; o de milho 215ºC; o de girassol 183ºC, e o azeite de oliva 175ºC.

Mitos e verdades sobre a fadiga.

RIO — A revista americana on-line WebMD publicou uma série de dicas que podem esclarecer dúvidas e ajudar a melhorar a disposição de quem anda cansado para além do normal. Veja a seguir:

O que é bom para aliviar sua fadiga? Tirar várias sonecas ao longo do dia, caminhar por 30 minutos ou beber café?
Caminhar por 30 minutos. Atividade aerobica regular e moderada, como caminhar, é um bom modo de aliviar o cansaço. Cafeína pode lhe dar energia de imediato, mas não é uma solução. Se ingerida em excesso (e esta quantidade varia de pessoa para pessoa), ela pode fazê-lo ficar insone à noite e sonolento durante o dia. É por isso também que o melhor, em geral, é evitar as sonecas: pode ser que na hora de se deitar você não esteja cansado o suficiente para dormir se tiver descansado durante o dia.

É preciso ficar oito horas na cama, mesmo que não se durma todo esse tempo?
É melhor dormir, por exemplo, seis horas bem do que ficar mais tempo na cama se revirando para lá e para cá. Se você acordar e ainda for muito cedo, tente ler à meia-luz e volte para a cama se ficar sonolento. Mas não durma até mais tarde por isso, sob pena de ver seu horário de dormir ficar de pernas para o ar.
Se você decide parar de trabalhar porque está cansado demais, o que deve fazer a seguir?
É tentador ficar em casa, debaixo das cobertas, mas pode ser ainda melhor cumprir sua rotina normalmente. Por outro lado, se se sentir realmente mal, peça ajuda no trabalho. Você pode conversar com seu patrão sobre um horário mais flexível ou sobre trabalhar em casa; isso vai ajudá-lo a se recuperar ao mesmo tempo em que se mantém ativo. Se continuar a se sentir exausto, consulte seu médico.
Quando, mesmo exausto, você não consegue dormir à noite, o que deve fazer?
Não descanse na cama ao longo do dia, nem fique na cama até mais tarde de manhã. Tente manter uma rotina relaxante perto da hora de se deixar, tendo a certeza de que seu quarto está escuro e confortável o suficiente, evite fazer exercícios físicos até quatro horas antes de dormir e evite cafeína, álcool e refeições pesadas à noite.

A fadiga está sempre relacionada ao esforço demasiado?
Não. Pode ser que você não esteja dormindo bem à noite em consequência de males como depressão, mononucleose, anemia, problemas de tireoide ou no fígado e artrite reumatoide. Se você já tentou estabelecer uma rotina mais tranquila e mesmo assim não consegue dormir bem, procure seu médico.

Quando você está exausto, mas ainda há muito a fazer, como proceder? Mandar tudo às favas para descansar ou continuar executando suas tarefas?
O melhor é priorizar: faça primeiro o que for mais importante ou o que tem um prazo mais curto para ser feito. Assim, se você não conseguir fazer tudo, paciência. Você não ficará frustrado, porque ao menos o que era essencial foi feito. O resto fica para depois.

Você vai receber amigos em casa mas está totalmente sem energia. O que fazer?
Se você se sente cronicamente cansado, conte à sua família e a seus amigos o que está acontecendo. Eles poderão ajudar, ou, no mínimo, compreender se você estiver sem vontade de confraternizar. O importante é ouvir seu corpo: se ele estiver clamando por repouso, repouse.

Até ficar em casa lhe deixa cansado. Como proceder?
Tente simplicar sua rotina doméstica, deixando as coisas o mais organizadas e acessíveis possível. Vá de cômodo em cômodo — claro, quando estiver disposto o suficiente para isso, e certifique-se de que o você precisa está ao alcance da mão. Assim, quando precisar deles, você não perderá tempo e energia procurando-os ou precisando mexer em dezenas de outras coisas antes de pegar o que quer.
Açúcar dá energia?
Açúcar pode dar energia logo que é consumido, mas, assim que for digerido, você vai se sentir cansado de novo. Cafeína, álcool e junk food também contribuem para um estado geral de fadiga. A melhor dieta para dar disposição é a mais saudável possível.

Se você tem muito a fazer e está exausto, deve simplificar ou reduzir as tarefas?
Sim. Aprender a dizer não é importante quando você está combatendo o cansaço exagerado. Atenha-se às atividades mais importantes e mais agradáveis. Reveja suas prioridades.
O que você come interfere na sua energia?
Sim. Comida muito temperada, especialmente se ingerida perto da hora de dormir, pode afetar seu descanso, pois pode causar má digestão e azia. Alimentos ricos em fibras, como muitas frutas e vegetais, ajudam a absorver açúcar, que é necessário para que você se sinta bem (em porções moderadas, diga-se). As fibras ajudam inclusive equilibrar a energia, o que vai evitar que você sinta picos de vitalidade alternados com total exaustão. E beba bastante água: manter-se hidratado ajuda o organismo a funcionar bem.

Tarefas que exigem esforço físico, como muitas das domésticas, deixam-no exausto. E agora?
Divida sua atividade física em blocos de 15 ou 20 minutos, e, entre eles, relaxe. Desta forma, você se sentirá melhor e seu trabalho renderá melhor.

Às vezes, você esquece o que ia fazer. É grave?
É normal ficar um pouco esquecido quando se está fatigado. Procure se organizar recorrendo a calendários, listas, agenda, o que for melhor para você. Quando for ao médico, mencione estes episódios de esquecimento. E, se desconfiar de que eles estão sendo muito frequentes, adiante sua consulta.

Os remédios de que preciso me deixam cansado. Devo substituí-los?
Alguns medicamentos nos fazem ficar sonolentos, o que pode piorar a sensação de cansaço ao longo do dia. Mesmo se for este o caso, só deixe de tomar o remédio ou tente substituí-lo após conversar com seu médico.

Vitamina B, um copo de vinho, um café da manhã reforçado, comidas ricas em ômega-3 e ácidos graxos. Estas coisas ajudam a melhorar o cansaço?
Algumas mudanças na dieta pode realmente renovar as energias, entre elas passar a ingerir mais alimentos que são fonte de ômega-3 e ácidos graxos, como alguns frutos do mar, nozes e vegetais folhosos e verde-escuros. Alimentos que têm muita vitamina B, como ovos, carnes magras e laticínios também ajudam. E, sim, é importante começar o dia com um café da manhã que tenha proteínas e carboidratos. Álcool, por outro lado, pode deixar a pessoa sonolenta.

Desidratação, ou pouca hidratação, deixa a pessoa cansada?
Sim. Quando seu corpo recebe pouca água, ele não funciona bem. Mas não é qualquer líquido que hidrata: café e refrigerantes são bem menos eficientes do que água.

Gordura do bem: nutriente é indispensável para ganhar energia e melhorar rendimento.

Gorduras têm reputação ruim, mas nem todas na família desse nutriente fazem mal à saúde. Pelo contrário, algumas são essenciais às células, especialmente de quem se exercita com frequência. Sem elas, é difícil absorver certas vitaminas e produzir os hormônios sexuais, a testosterona e o estrogênio. Então o segredo é saber separar as boas das más, e, segundo pesquisadores reunidos na 12ª edição da Rio Sports Show e Sports Nutrition Convention, no Pier Mauá, no Rio, para não errar, é melhor optar pelas monoinsaturadas, como azeite e girassol, e poli-insaturadas, como salmão. Com elas, o corpo ganha mais energia.

Comer gorduras é tão importante quanto ingerir carboidratos e proteínas, destacam os nutricionistas. Elas têm funções importantes quando, por exemplo, alguém realiza atividade física, explica a nutricionista Renata Silvério, do Laboratório de Lípides do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo, e que falou sobre o tema no Rio. Quanto mais gordura boa na dieta, maior a liberação do hormônio anabólico testosterona, que normalmente já acontece na prática de musculação, e isso favorece o ganho de massa muscular.

E as gorduras boas também atuam como protetoras do corpo. É fácil entender. O exercício físico estimula a produção de radicais livres (essas moléculas em excesso oxidam as células, acelerando o envelhecimento) e os lipídios são fonte de dois importantes antioxidantes: as vitaminas A e E. Outra ação benéfica de gorduras, como a do tipo ômega-3 (comum em peixes como salmão) é reduzir a inflamação decorrente da prática de exercício de alta intensidade, auxiliando a recuperação.

Renata explica que dietas muito pobres em gordura podem prejudicar o desempenho no dia a dia ou mesmo no treino físico, porque essa carência favorece à oxidação de carboidratos (glicose, glicogênio, reserva energética e presente, principalmente, no fígado e nos músculos), levando à exaustão precoce. E ainda os exercícios prolongados, de alta intensidade interferem no sistema imune, e os ácidos graxos ômega-3 nos protegem desse efeito.

Uma outra consequência da falta de gorduras na dieta é a deficiência das vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K). Nas mulheres, pode ocorrer redução na concentração de hormônio estradiol, o que alteraria o ciclo menstrual. Então só falta saber quais são as gorduras boas. Tanto faz se a pessoa pratica ou não exercícios, a escolha é a mesma: as poli-insaturadas (dos tipos ômega-6 e ômega-3, encontradas em alimentos como nozes, castanhas, amêndoas, salmão, atum, linhaça dourada e óleos vegetais) e as monoinsaturadas (azeite de oliva, girassol, canola e abacate, por exemplo). Elas aumentam o bom colesterol (a fração HDL), reduzem o ruim (o LDL) e os triglicerídeos.
- Gorduras saturadas de alimentos de origem animal, como carnes, leite e derivados podem até ser consumidas, porém em pequenas quantidades - ensina Renata. - A recomendação de consumo diário de gorduras é de 20% a 30% do valor calórico total da dieta, e as saturadas devem constituir menos de 10%.

Mas as gorduras sozinhas não resolvem, e elas precisam estar acompanhadas de proteínas e carboidratos. E quem se exercita deve estar ainda mais atento a esta combinação, diz a nutricionista Cibele Crispim, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Uberlândia e especialista em nutrição esportiva.
- Comer depois do treino é mais importante porque é a hora da recuperação, mas não se pode malhar em jejum, nem esquecer de comer algo em atividades acima de uma hora - explica Cibele.

Esse alerta é importante porque há quem acredite, erradamente, que malhar de estômago vazio queima gordura. Na verdade, esse hábito termina gastando mais músculo como fonte de energia. O certo é ingerir algo não pesado antes do treino:
- Quem gosta de treinar no final da tarde, por volta de 17h30m, pode comer um lanche com cereal, aveia, iogurte, queijo, duas horas antes. Se preferir comer 20 minutos antes, opte por alguma fonte de carboidrato, o nutriente que será usado como fonte de energia. Pode ser uma fruta, e banana é uma boa, barra de cereais, fatia de pão com geleia.

Para as pessoas que malham mais de uma hora, intercalando musculação e exercícios aeróbios, Cibele sugere durante o esforço uma bebida esportiva, do tipo isotônico, que fornece cerca de 30g de carboidratos e outros minerais, ou comer uma banana ou barrinha de cereais. Outra dica são os sachês de carboidratos em gel, mas não se pode esquecer de beber água, caso contrário forma-se um bolo no estômago.
- Chocolate não vale porque pode ter muito açúcar. No treino, o organismo está mais receptivo à glicose. Se o açúcar entra rapidamente na circulação, há o risco de hipoglicemia. Então tudo que for doce demais não interessa na hora do exercício - diz.

Depois da malhação, a refeição deve ser mais consistente, com fontes de carboidratos, proteínas e gorduras. É a janela de oportunidade para o músculo se recuperar. Aí vale usar arroz, frango, salada.
- Shakes proteicos e outros suplementos como creatina, só para pessoas que praticam atividade física em alta intensidade, e mesmo assim com orientação de nutricionista especializado em nutrição esportiva - alerta.

Óleo de peixe ajudaria a proteger contra o câncer

Os benefícios do óleo de peixe para a saúde têm sido divulgados há mais de 20 anos. Acredita-se que comer duas porções por semana de salmão e outros peixes ajuda a prevenir doenças do coração e poderia até aliviar sintomas de asma e doença intestinal, evitar o nascimento prematuro, impulsionar a memória e tratar a depressão. Agora, pesquisadores dos Estados Unidos afirmam que os suplementos à base de óleo de peixe podem ajudar a reduzir o risco de câncer de mama, segundo reportagem no jornal britânico "Independent".
Estudos nutricionais anteriores sobre o tema foram considerados pouco consistentes porque, possivelmente, poucas pessoas atingiram a meta recomendada para o consumo de peixes oleosos. E tomar suplementos pode resultar em níveis maiores de ácidos graxos ômega-3 que trazem o benefício para a saúde, segundo médicos.
Numa pesquisa com 35 mil mulheres de meia idade que usaram esse tipo de suplemento regularmente ao longo de seis anos, os cientistas observaram que a incidência de câncer de mama foi reduzida em quase um terço (32%). E os dados publicados na revista "Cancer Epidemiology" podem incentivar o consumo desse tipo de produto, um mercado global estimado em US$ 2 bilhões em 2007 e que vem crescendo desde 2003. E o "Euromonitor", que publicou esses números, previu que a venda de óleo de peixe pode alcançar US$ 2,5 bilhões até 2012.
Os ácidos graxos ômega-3 nos óleos de peixe - o ácido eicosapentaenoico (EHA) e docosahexaenoico (DHA) - diminuem a inflamação arterial, uma das principais causas de doenças cardíacas. E as afirmações sobre os seus efeitos benéficos são cada vez mais frequentes nas últimas duas décadas. E a informação mais controversa é sobre o seu papel no desenvolvimento do cérebro.
Eles são essenciais para o cérebro em desenvolvimento, dizem especialistas, e um número crescente de pais têm oferecido aos seus filhos suplementos da substância na esperança de que isso vai aumentar a inteligência e capacidade de concentração nas crianças e adolescentes. Em 2006, Lord Winston, o apresentador de televisão, fez propaganda para a St Ivel Advance, um suplemento com ômega-3, vendido como o "leite inteligente".
Porém, outros cientistas têm sido críticos quanto aos efeitos do ômega-3. Estudos na Universidade de Teesside, em 2006, e na Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, em 2010, não encontraram qualquer evidência de benefício na função cognitiva na população em geral ou pessoas idosas.
Emily White, do Fred Hutchinson Cancer Centre, em Seattle, em Washington, que liderou o estudo mais recente mostrando um efeito protetor contra o câncer, disse: "pode ser que a quantidade de ácidos graxos ômega-3 nos suplementos seja maior do que as pessoas conseguem a partir de sua dieta normal." No entanto, ela reforçou que os resultados eram preliminares:
- Sem estudos confirmando esse efeito, não devemos tirar conclusões sobre uma relação causal.
Um porta-voz da Food Standards Agency do Reino Unido disse: "recomendamos comer duas porções de peixe por semana, incluindo um dos peixes oleosos. Isso já foi demonstrado que ajuda a proteger contra doenças cardiovasculares. Não há evidência suficiente no momento para tirar conclusões definitivas sobre outros benefícios, como proteção contra o câncer ou melhora da função cognitiva.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/ciencia/oleo-de-peixe-ajudaria-proteger-contra-cancer-2982263#ixzz1trTPXZqM
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