29 de junho de 2010

Canadian and American Sex Therapists' Perceptions of Normal and Abnormal Ejaculatory Latencies: How Long Should Intercourse Last?

Eric W. Corty, PhD, and Jenay M. Guardiani, BS
School of Humanities and Social Sciences, Penn State Erie, The Behrend College, Erie, PA, USA

Correspondence to Eric Corty, Humanities & Social Sciences, Penn State Erie, The Behrend College, 4951 College Drive, Erie, PA 16563, USA. Tel: 814-898-6238; Fax: 814-898-6032; E-mail: ewcorty@gmail.com
Copyright © 2008 International Society for Sexual Medicine

KEYWORDS
Intravaginal Ejaculatory Latency • Male Orgasmic Disorder • Premature Ejaculation • Coitus • Intercourse • Prevention • Sexual Dysfunction • Sex Therapy

Introduction.
Lay public perceptions about how long intercourse should last are discrepant from objective data on ejaculatory latencies. This may be problematic as the subjective interpretation of latency is a factor related to perceived distress with length of intercourse.

Aim. Quantify the opinion of expert sex therapists as to what are "adequate,""desirable,""too short," and "too long" intravaginal ejaculatory latencies.

Method. A random sample of members of the Society for Sex Therapy and Research in the United States and Canada was surveyed.

Main Outcome Measure. Intravaginal ejaculatory latency, in minutes, for four different conditions: coitus that lasts an amount of time that is "adequate,""desirable,""too short," and "too long."

Results. The interquartile range for the sex therapists' opinions regarding an "adequate" length for ejaculatory latency was from 3 to 7 minutes; "desirable" from 7 to 13 minutes; "too short" from 1 to 2 minutes; "too long" from 10 to 30 minutes.

Conclusions. Therapists' beliefs about ejaculatory latencies were consistent with objective data on ejaculatory latency and were not affected by therapist demographic characteristics such as sex or experience. These results suggest that the average sex therapist believes that intercourse that lasts 3 to 13 minutes is normative and not prima facie worthy of clinical concern. Dissemination to the public of these results may change lay expectations for intravaginal ejaculatory latency and prevent distress. These results may also be beneficial to couples in treatment for sexual problems by normalizing expectations.

Corty EW, and Guardiani JM. Canadian and American sex therapists' perceptions of normal and abnormal ejaculatory latencies: How long should intercourse last? J Sex Med 2008;5:1251–1256.

Próstata: exame de toque é opcional, dizem médicos.

08/03/2010 - 13:39 (atualizada em 08/03/2010 13:53)
American Cancer Society aponta novas diretrizes para a prevenção e tratamento do câncer de próstata.

A American Cancer Society revisou suas diretrizes para a identificação do câncer de próstata. A principal novidade é que o exame de toque retal não é mais uma obrigação para identificação da doença.

Para entender o câncer e o risco que os homens correm, veja um guia prático de perguntas e respostas sobre o assunto:

Saúde masculina é mais frágil, aponta publicação de Harvard

Qual é o conselho central?
A questão de fundo é a mesma: Exames de rotina não são recomendados para a maioria dos homens. Antes de qualquer teste, os médicos devem discutir os prós e contras do rastreio e tratamento. Pela primeira vez, a conversa com o médico entra como uma questão importante.

Quando é que os homens devem ter essa conversa com o médico?
A. A partir de 50 anos para os homens em situação de risco médio, de 45 para aqueles com maior risco, incluindo afro-americanos e os homens com um parente com câncer de próstata antes dos 65 e a partir dos 40 para aqueles com mais de um parente com câncer de próstata antes dos 65.

Como funciona o exame?
É geralmente feito com um exame de sangue e um exame físico. Não é perfeito e não há prova de que a detecção precoce salva vidas. Os testes podem levar ao excesso de diagnósticos e tratamento excessivo de tumores de crescimento lento que pode não causar problema algum.
O exame de sangue mede uma substância chamada de antígeno prostático específico ou PSA. Mas os níveis de PSA podem ser elevados, por muitas razões, incluindo um tumor benigno da próstata ou infecções, e uma biópsia é necessária para confirmar o tumor.
Mesmo se o câncer for encontrado, não há acordo sobre a melhor abordagem de tratamento - observação a cirurgia, terapia hormonal ou radioterapia. Os tratamentos podem levar à impotência e incontinência.

E se o meu médico não tem tempo para responder todas as minhas perguntas?
A sociedade contra o câncer sugere que os médicos usem "apoios de decisão do paciente", como folhetos, vídeos e sites, para explicar os prós e contras dos testes e do tratamento

OK, eu tenho considerado tudo isso. E se eu quiser ser testado?
A triagem deve incluir um exame de sangue PSA, diz a sociedade contra o câncer. Em uma mudança de suas orientações, o grupo de médicos diz que um exame de toque retal é hoje opcional e não uma parte padrão de qualquer exame.

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NOSSA OPINIÃO:
Apesar de ser uma nova diretriz na conduta frente aos homens com necessidade de avaliar o seu cancer de prostata, nesse aspecto ainda preferimos "pecar" por excesso do que por falta. O exame prostático digital é simples, rápido e ainda bastante confiável para o diagnostico precoce do câncer de próstata.

28 de junho de 2010

Hormônio feminino pode ajudar no combate ao câncer de próstata.

Um estudo australiano revela que um hormônio feminino pode ser a chave para o sucesso no tratamento contra o câncer de próstata. De acordo com os pesquisadores, o segredo para combater a doença, muitas vezes resistente às terapias, é fazer com que uma molécula em particular do tumor responda ao estrógeno, o hormônio sexual feminino.

Segundo a pesquisa, o estrógeno se amarra a receptores específicos das células, que disparam um mecanismo biológico quando estimulados. Já os tumores na próstata são conhecidos por carregar dois receptores de estrógenos. Um deles, o receptor beta, faz com que as células cancerígenas cometam "suicídio" quando ativadas, diz o estudo. Os pesquisadores australianos trabalham agora no desenvolvimento de um medicamento que direcione corretamente os estrógenos aos receptores betas do tumor.

Atualmente, os tratamentos convencionais no combate ao câncer de próstata baseiam-se no bloqueio de hormônios andrógenos, como a testosterona, inibindo o crescimento da massa tumoral. No entanto, quando a doença deixa de responder a esse tratamento, a cura se torna mais difícil, já que a quimioterapia não é muito eficiente contra esse tipo de câncer.

Para Gail Risbridger, professor da Monash University e um dos coordenadores do estudo, o novo medicamento pode revolucionar os métodos de tratamento. "A droga não só inibe o crescimento do câncer de próstata como também mata as células cancerígenas que são resistentes ao tratamento convencional", afirmou o professor. "O que o nosso time descobriu é que os receptores beta atingem uma pequena, mas muito importante, população de células no tumor", adicionou.

As conclusões do estudo foram publicados na revista especializada Proceedings of the National Academy of Sciences.

O perigo do Viagra barato: uso indevido.

Natalia Cuminale - Veja 18/06/10

Uma boa notícia para quem sofre de disfunção erétil: o Viagra está 50% mais barato. Uma má notícia para as autoridades de saúde: a redução do preço pode levar a uma corrida desnecessária - e perigosa - aos comprimidos azuis por parte de uma parcela da população que não precisa, nem deve, consumi-los. Segundo especialistas consultados por VEJA.com, ao mesmo tempo em que os preços baixos beneficiarão pacientes das classes C e D, eles deverão estimular o uso indevido da droga por jovens que procuram apenas diversão - e não tratamento. "Minha preocupação é a vulgarização do uso. O preço reduzido vai facilitar o acesso do jovem que deseja ser o super-homem", afirma Oswaldo Sabaki Júnior, chefe do serviço de urologia do Hospital Universitário da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

O uso recreativo desse tipo de medicamento já é uma prática comum entre os jovens. "Com o preço mais baixo, a tendência é que eles utilizem mais do que já estão acostumados", diz Sami Arap, coordenador do núcleo avançado de Urologia do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. Desde este domingo, data em que começou a valer a quebra de patente do medicamento, uma caixa com quatro comprimidos de Viagra que custava cerca de 120 reais já pode ser encontrada pela metade do valor nas farmácias brasileiras. Além disso, para não perder completamente o mercado para os genéricos, a Pfizer, gigante famarcêutica que fabrica do produto, passou a vender uma caixa com apenas um comprimido, por 16,92 reais, pouco mais de 3% do salário mínimo. "O preço baixo também poderá atrair os jovens das classes que antes não tinham acesso ao remédio", prevê Otto Henrique Torres Chaves, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).

Lançado no Brasil em 1998, o Viagra é indicado para pessoas com problemas para obter e manter uma ereção, condição mais frequente em pessoas de idade avançada (a disfunção erétil atinge 50% dos homens acima dos 40, de acordo com dados da SBU). "Depois dessa idade, o problema aumenta progressivamente. E a ereção passa a ser prejudicada quando combinada com doenças mais comuns no envelhecimento como hipertensão, diabetes e obesidade", explica Chaves.

Os médicos concordam que os jovens, no auge da disposição sexual, estão bem longe de ser o público-alvo do comprimido mágico. Em geral, a justificativa dada pelos homens mais novos é o uso com objetivo de aumentar o tempo da diversão.

O analista de projetos André M., 23, já utilizou o remédio três vezes e a última foi há um mês. "A ereção é quase imediata e o tempo até a ejaculação parece estendido", conta André, que pretende utilizar o medicamento mais vezes e não teme possíveis efeitos colaterais. "É um atrativo para quem quiser se divertir um pouco mais", diz.

Já o estudante de economia Tomaz A., 22 usa o remédio com mais frequência. Nos últimos dois meses, foram cinco vezes. "Depois de uma longa semana de relações sexuais, resolvi experimentar e gostei muito do resultado", afirma. "Não pretendo aumentar o número de vezes que utilizo, mas quanto mais barato com certeza é melhor", diz.

Dependência psicológica -

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os remédios para disfunção erétil possuem tarja vermelha, ou seja, deveriam ser vendidos apenas com prescrição médica. Na prática, no entanto, o comprimido pode ser adquirido livremente nas farmácias. "Como ninguém exige receita, o remédio pode ser comprado sem dificuldades por um jovem - que certamente não precisa dele. A receita deveria ser exigida agora que o número de consumidores deve crescer. Os médicos precisam ter o controle", afirma Archimedes Nardozza Filho, urologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O grande problema, segundo os médicos, é que os efeitos colaterais do remédio para os jovens não são químicos, mas psicológicos. "Os jovens tomam o medicamento para incrementar o desempenho. Mas isso pode criar uma dependência psicológica: quando ele fizer sexo sem o Viagra, não vai se sentir totalmente satisfeito", explica Arap.

Os médicos não sabem nem a parcela dos jovens que tomam Viagra sem necessidade. Sem o controle sobre as vendas, não existem dados a respeito. Mas a psiquiatra Carmita Abdo, fundadora e coordenadora geral do ProSex - Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), está desenvolvendo um estudo sobre o uso desse tipo de remédio por jovens que não apresentam problemas de disfunção sexual.

A partir de entrevistas com 112 jovens, ela definiu três tipos de perfis que são mais suscetíveis a criar uma dependência psicopatológica do remédio. "O uso constante pode trazer dependência química, depressão ou compulsão sexual. Alguns usam só para experimentar, mas pode ser o contrário, algum problema pode ter os levado a usar. É importante que se questionem em relação a isso."

13 de junho de 2010

Especialista em terceira idade, Alexandre Kalache defende envelhecimento ativo

Publicada em 28/07/2008 às 15h05m
Antônio Marinho - O Globo

RIO - Em menos de 20 anos, o Brasil terá 18 milhões de idosos. Em 2025 serão 32 milhões. Apesar de a expectativa de vida ter aumentado, ainda há muito a fazer. Responsável durante 12 anos por programas de envelhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS), o doutor em saúde pública Alexandre Kalache, fundador do Departamento de Epidemiologia do Envelhecimento da London School of Hygiene and Tropical Medicine e consultor sênior da Academia de Medicina de Nova York, diz o que pode ser feito para melhorar a qualidade de vida na terceira idade. Ele está no Brasil para participar do 13º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge) e defende o investimento em atenção primária e em práticas que levem ao que chama de "envelhecimento ativo".

O brasileiro está envelhecendo com melhor qualidade de vida?
KALACHE - Se compararmos com o envelhecimento do meu avô a diferença é enorme. Primeiro porque a expectativa de vida é mais alta. Quando nasci em 1945, em Copacabana, a esperança de vida de um brasileiro era de 43 anos. Hoje é de 73 anos, quase 74 anos. Só no meu tempo de vida ganhamos 30 anos. Isso é um recorde. Poucos países conseguiram este salto num período tão curto. Eu nasci numa maternidade (a Arnaldo de Moraes) que não existe mais. O mesmo prédio se tornou virtualmente um hospital geriátrico. Copacabana é um exemplo excelente do que está acontecendo e acontecerá no país. Hoje temos mais idosos proporcionalmente neste bairro do que na Suécia e no Japão. Isso tem muito a ver com a urbanização do bairro. Por um lado, os idosos que têm acesso ou dinheiro hoje contam com facilidades que antes não sonhavam, como serviços de saúde e avanços tecnológicos que no meu tempo de estudante de medicina, no final da década de 60, eram ficção científica, mesmo um marcapasso ou a cirurgia aberta de coração, ou um tratamento catarata. E ainda as drogas para controlar diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares; a evolução do tratamento de câncer. Tudo isso melhorou a qualidade de vida. Idosos que antes seriam incapacitados, hoje convivem com problemas crônicos. Porém, o envelhecimento no Brasil ainda é um reflexo do que acontece no país. Há muita desigualdade. Por exemplo, decidir fazer dieta saudável não depende apenas de acesso à informação, mas também de poder aquisitivo. Mesmo em Copacabana isso fica evidente. De um lado idosos em comunidades carentes e do outro idosos de classe média. O primeiro grupo está envelhecendo pior, sem acesso ao sistema de saúde e sem vida social.

O Brasil envelheceu antes de enriquecer. Até que ponto isso foi ruim?
KALACHE - Um aspecto positivo é a aposentadoria não contributiva, de grande interesse internacional, que está tirando da miséria mais de oito milhões de beneficiários e cerca de quatro vezes esse número quando somamos seus familiares. São mais de dois mil municípios que têm hoje suas economias gravitando em torno dessas pensões. E esta política é viável e economicamente possível e difundida. São pessoas que trabalharam a vida toda e não contribuíram para o seguro social, como donas de casa, trabalhadores rurais etc. Pela primeira vez contam com uma renda regular todo mês. Se o Brasil não tivesse nos anos mais recentes experimentado um desenvolvimento econômico, isso talvez ficasse insustentável. E isso pesa muito menos para a economia do que a pensão de funcionários públicos que geralmente se aposentam cedo e com valores mais altos.

Os profissionais de saúde estão preparados para lidar com a terceira idade?
KALACHE - São absolutamente despreparados para lidar com idosos. Não vamos conseguir oferecer serviço geriátrico para 18 milhões de idosos. Primeiro, não é a resposta, não queremos tornar o envelhecimento um problema médico. Mas precisamos treinar todos os profissionais de saúde para lidar melhor com essa população. Geralmente eles sabem tudo de criança, de gestante, mas não sabem nada sobre terceira idade. E é a maioria de seus pacientes. Eles saem das faculdades sem adquirir conhecimentos para lidar com os idosos. A grande resposta para o envelhecimento é a atenção primária na saúde, para evitar a hospitalização e a institucionalização, opções muito mais caras. É preciso atender nossos idosos onde eles vivem, com seu problemas. Trabalhamos com a Associação Internacional de Gerontologia e definimos os 15 pontos capitais para o currículo mínimo do médico. O que ele deve aprender hoje para responder ao envelhecimento. Em 2025, serão 32 milhões com mais de 60 anos no Brasil, em 2050, serão 70 milhões. O acidente vascular cerebral ou derrame é um desgraça no Brasil, que tem um dos maiores índices do mundo. E que poderia ser prevenido como medidas simples como redução do sal na dieta e prática de atividade física. Mas, por exemplo, o idoso que mora em comunidades mais carentes não tem uma calçada para caminhar. Por outro lado, quando a doença já ocorreu, ele precisa de um lugar adequado para se tratar. E depois do tratamento vai precisar de fisioterapia, acompanhamento. Muitas vezes se torna incapaz e ainda terá de viver 15 anos a 20 anos com esse problema, com má qualidade de vida. Todos os profissionais de saúde deveriam estar mais familiarizados com anatomia, fisiologia, farmacologia, sinais e sintomas de doença na terceira idade. Um infarto em pessoa mais jovem causa dor. Já num idoso isso nem sempre ocorre. Outra doença comum é a depressão, que muitas vezes é confundida com mal de Alzheimer e não é tratada.

O Brasil tem um excelente Estatuto do Idoso no papel, mas na prática ainda não funciona? O que pode ser feito?
KALACHE - Já melhorou muito. Há dez anos, falar de envelhecimento não estava na pauta da mídia. Quando me especializei, na década de 70, eu não conseguia falar com ninguém sobre o assunto. Para melhorar a aplicação do estatuto é preciso sensibilizar as autoridades, os políticos. Eles querem dar prioridade a ações mais imediatas, como inaugurar uma ponte. Os políticos e dirigentes ainda não se deram conta da urgência do tema. Porém, o envelhecimento é um desafio de hoje, temos que andar rapidamente. Por exemplo, estamos tentando criar o Centro Internacional de Envelhecimento no Brasil, mas há mais dificuldades do que havia previsto. O principal objetivo do centro seria estimular políticas sustentáveis para o envelhecimento ativo. É o processo de otimizar as oportunidades de saúde, participação e segurança para que o cidadão tenha melhor qualidade de vida à medida que envelhece. É um processo, é continuo. E essas oportunidades estão ao longo da vida. Na saúde, o que se faz hoje, na infância, na adolescência, terá repercussão importante aos 78 anos. A saúde é a chave para participar ativamente da sociedade. Outra questão é a segurança para viver bem na velhice. A proposta do centro é estimular o debate com profissionaisde todas as áreas, não apenas saúde, mas arquitetos, advogados etc, realizar pesquisas e elaborar políticas públicas que poderão trazer o Brasil para o mesmo grau de evolução de países da Europa e dos Estados Unidos. E ele não será vinculado a uma única instituição. A idéia é fazer parcerias com profissionais que se dedicam à essa área, como a Universidade Aberta da Terceira Idade (Unati, Uerj), UFRJ e Universidade Cândido Mendes, e no exterior, como The New York Academy of Medicine, para citar alguns exemplos.

O que aconteceu com o programa Sociedade Amiga do Idoso, da Organização Mundial de Saúde (OMS), que teve como piloto o bairro de Copacabana e serve de modelo para outras cidades do mundo?
KALACHE - O programa está lento, mas existem intervenções pontuais. Copacabana serviu como piloto e foi aqui que desenvolvemos a metodologia adotada em 35 cidades para o projeto global cidade amiga do idoso. Isso é realidade e partiu daqui. Depois repetimos a pesquisa entrevistando idosos de Tóquio, Xangai, Londres, Melbourne, Nova York e outras cidades. Analisamos os relatórios e os dados foram usados para produzir um guia, lançado em 1º de outubro de 2007. E teve um grande impacto. Agora são centenas de cidades e nova reunião será realizada em setembro, em Montreal. Apesar de ter nascido em Copacabana, pouco foi feito aqui. O tema transporte é um dos mais importantes para esta população. No Brasil os ônibus brasileiros são feitos em chassi, com degraus altos. Em Nova York o sistema está sendo todo reformulado. Já existem ônibus nos quais o chassi inteiro desce, não apenas um degrau. O que é bom para o idoso é bom para todos. Eu entro mais facilmente com um embrulho, a mulher com bebê, a pessoa com necessidade, o gordo. Uma boa política de envelhecimento é uma boa política de transporte público. O idoso poderá socializar mais. Outra questão: o idoso gosta de caminhar, de andar, mas também precisa descansar, a cada 200 metros a 300 metros. Criar um mobiliário urbano adequado é importante. A construção de toaletes públicos é outra medida simples. Muitos idosos têm urgência urinária, e não saem de casa porque não encontram esse tipo de equipamento. Não é só a questão financeira, é preciso vontade política. Por aqui há poucas iniciativas. Agora o Estado do Rio Grande do Sul começa a tomar algumas iniciativas nesse sentido. Lá, em parceria com o governo, estamos realizando debates, fóruns para discutir e implantar medidas que melhorem a qualidade de vida do idoso. Existem necessidades comuns, mas cada comunidade tem suas diferenças. Na Região Sul ainda existem muitos idosos vivendo em populações agrícolas e isolados. Os filhos saíram de casa, eles vivem sozinhos em muitas vezes em imóveis que estão se deteriorando, sem poder aquisitivo. O governo convocou mutirões convocando idosos mais ativos, recém aposentados, como bombeiros, pedreiros e eletricistas, para reformarem essas casas, a partir de algum incentivo financeiro.

O que é melhor para idoso, ser cuidado em casa ou numa instituição?
KALACHE - Hoje ocorre a feminização do envelhecimento. Na faixa a partir dos 85 anos, dois terços da população é formada por mulheres, geralmente de baixa renda e há muito tempo viúvas. Muitas se casaram com homens mais velhos. A responsabilidade de cuidar de outro idoso geralmente é da mulher. O homem ainda participa pouco. Na faixa de 18 anos a 30 anos, a mulher é principal cuidadora de algum doente dentro de casa e dedica, em média, 18 minutos por dia do seu tempo nessa tarefa. Na faixa de 45 anos a 54 anos, ela gasta 150 minutos. De 65 anos a 74 anos, dedica 210 minutos do seu tempo. De 75 anos a 84 anos o tempo gasto é 310 minutos. Geralmente cuidam dos maridos ou dos próprios pais. Mesmo depois de 85 anos a mulher ainda passa 63 minutos em média cuidando de alguém, mais de três vezes a média das mais jovens. De maneira geral, a pessoa idosa quer envelhecer em casa, não quer ser institucionalizada, por melhor que seja a casa da repouso. É preciso repensar a sociedade para o homem ter participação mais ativa no cuidado, compartilhar mais. E que de alguma forma o poder público ajude para para que as pessoas possam envelhecer em casa. Isso depende também de investimento em atenção primária. Estudo em 2002 na Espanha, mostrou que apenas 12% das pessoas que cuidavam de idosos eram profissionais especializados. No Brasil ainda existe a figura da empregada doméstica, que também atua como cuidadora. Quase 90% eram familiares, amigos, vizinhos. Há estudos similares na Europa e nos Estados Unidos. Não há nenhum país do mundo com mais de 6% de idosos vivendo em instituições. Para a imensa maioria dos idosos, a institucionalização é o começo do fim, a pessoa fica deprimida, está mais sujeita a abusos, perde sua privacidade e sua autonomia para viver de acordo com suas próprias regras e os seus desejos. Mesmo lúcida ela não tem mais autonomia. Terá que seguir regras das instituição, comer na hora determinada, dividir um quarto, usar banheiro coletivo. São raros os lugares bons.

De que forma os avanços em medicina genética estão melhorando a qualidade de vida dos idosos?
KALACHE - Provavelmente, com os avanços científicos, como a medicina genética, as pessoas vão chegar mais facilmente aos 100 anos e com melhor qualidade de vida. Em vez de tratar, a pessoas será curada de doenças crônicas como Parkinson e Alzheimer. Mas para algumas pessoas esse aumento da expectativa de vida será uma perversidade porque continuarão com má qualidade de vida. Por isso estamos buscando intervenções que possam facilitar que a pessoa continue ativa e produtiva. De qualquer forma, envelhecer hoje é muito mais fácil do que há 40 anos a 50 anos. Mas não podemos esperar soluções de fora, temos que desenvolver nossas próprias. É preciso dar mais ênfase em direitos de idosos.

Estatinas retardam envelhecimento de artérias, diz estudo

Plantão | Publicada em 29/09/2008 às 06h37m
BBC

Uma pesquisa realizada por pesquisadores da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, sugere que o uso de estatinas, substâncias utilizadas no combate ao colesterol, podem retardar o envelhecimento das artérias.
As artérias dos pacientes que sofrem de doenças cardíacas envelhecem em uma progressão mais acelerada do que o resto do corpo.
Isso acontece porque as doenças podem danificar o DNA das células que protegem as paredes das artérias, limitando sua habilidade de limpar os depósitos de gordura.
Segundo o estudo, publicado na revista científica Circulation Research, as estatinas estimulam a produção de uma proteína chamada NBS-1, capaz de detectar os danos no DNA das células arteriais e acelerar sua recuperação, atrasando dessa forma seu envelhecimento.
"É uma descoberta interessante descobrir que as estatinas não apenas reduzem o colesterol, mas estimulam o kit de recuperação do DNA das células, atrasando o envelhecimento das artérias", disse Martin Bennett, que coordenou o estudo.
Funções
As células do corpo humano são capazes de se dividir apenas um número limitado de vezes. Nos pacientes com doenças cardíacas, as células arteriais se dividem entre sete e 13 vezes mais vezes do que o normal - o que resulta em um envelhecimento precoce das artérias.
As células das artérias mais "envelhecidas" não funcionam tão bem quanto a daquelas mais jovens. Por isso, são menos capazes de combater a ruptura dos depósitos de gordura, chamados de placas arterioscleróticas, o que pode bloquear as artérias e causar ataques cardíacos e derrames.
De acordo com o estudo, ao aumentar os níveis da proteína NBS-1, as estatinas aceleram a recuperação do DNA das células, aumentando o tempo de vida das artérias e prevenindo seu envelhecimento prematuro.
"Os principais fatores de risco que causam as doenças cardíacas - pressão alta, diabetes, colesterol alto, fumo, falta de exercício - aceleram um processo de envelhecimento comum, que é irreversível. Reduzir os riscos com algumas mudanças de estilo de vida pode ajudar a prevenir esse envelhecimento - e descobrimos que as estatinas podem contribuir nesse processo", afirmou Bennett.
Segundo o pesquisador, se as estatinas forem capazes de agir da mesma forma em outras células, talvez possam proteger os tecidos normais dos danos causados no DNA como parte da quimioterapia ou radioterapia em pacientes com câncer, "potencialmente reduzindo os efeitos colaterais".
Para o diretor médico da Fundação Britânica do Coração, Peter Weissberg, "níveis altos de colesterol no sangue induzem um ciclo repetitivo de danos e recuperação nas paredes arteriais que resulta em ataques cardíacos se o mecanismo de recuperação não é adequado".
"As estatinas protegem contra ataques cardíacos ao reduzir os níveis de colesterol e os conseqüentes danos às paredes arteriais. Essa pesquisa demonstrou que as substâncias podem ainda aprimorar os mecanismos de recuperação naturais das artérias", concluiu Weissberg.

Pesquisa associa obesidade a câncer de próstata

VEJA - 22 de agosto de 2008

Uma pesquisa americana concluiu que o uso de estatina - fármacos usados para reduzir as taxas de colesterol - por homens obesos agrava os riscos de câncer de próstata. O uso do medicamento por esse grupo foi associado com um aumento de 50% nas chances de desenvolver a doença. Entre aqueles que usavam estatina há cinco anos ou mais, o risco subiu 80%.

Os pesquisadores do Centro de Pesquisas do Câncer de Fred Hutchinson, em Seattle, acompanharam 1.001 pacientes com câncer de próstata, diagnosticados entre 2002 e 2005. Eles tiveram seus dados comparados com outros 942 homens da mesma faixa etária, mas livres da doença.

No geral, não foi encontrada relação entre o câncer e o uso corrente ou passado da estatina, diz o estudo, publicado no American Journal of Epidemiology. 'Nós também não encontramos evidência de que o uso de estatina esteja ligado ao desenvolvimento de subtipos mais agressivos de câncer de próstata', disse a pesquisadora Janet L. Stanford em entrevista a Reuters Health.

Os cientistas tampouco associaram a doença à duração do tratamento com estatina. No entanto, concluiu-se que a incidência da doença é maior entre os homens com índice de massa corporal superior a 30 e que usam ou usaram por um longo período as estatinas.

Vírus pode causar câncer de próstata

VEJA - 7 de setembro de 2009

Um vírus conhecido por causar leucemia em camundongos e diversos tumores em animais agora é apontado com um possível causado do câncer de próstata em humanos, de acordo com uma pesquisa americana revelada nesta segunda-feira.

Os cientistas encontraram em 27% dos tumores de próstata analisados o vírus da leucemia murina xenotrópica, ou XMRV. "Nossa análise de 233 casos de câncer de próstata e 101 casos benignos mostrou uma associação da infecção por XMRV com o câncer de próstata, especialmente com tumores mais agressivos", explica a equipe conjunta das Universidades de Utah e Columbia.

As descobertas, publicadas pelo jornal da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, podem proporcionar maneiras de identificar melhor os tumores de próstata perigosos, além de contribuiu para a fabricação de novos remédios e, até mesmo, vacinas contra a doença.

O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens depois do câncer de pulmão e mata 254.000 pacientes por ano em todo o mundo.

Aprovada nos Estados Unidos a primeira vacina contra tumor de próstata

VEJA - 29 de abril de 2010

O primeiro tratamento contra o câncer de próstata que usa o sistema imunológico para combater a doença recebeu hoje aprovação do governo norte-americano, oferecendo uma importante alternativa para tratamentos mais intensivos como a quimioterapia.

A vacina Provenge, da Dendreon Corp., prepara o sistema imunológico para lutar contra os tumores. O remédio é chamado de "vacina", embora trate a doença em vez de preveni-la. Os médicos vêm tentando desenvolver esse tipo de terapia há décadas e a Provenge é a primeira a conseguir a aprovação da a agência que regula alimentos e remédios no país, o FDA.

"A grande notícia é que é o primeiro tratamento de imunoterapia a conseguir aprovação, e eu acho que dentro de cinco a dez anos imunoterapias serão uma grande parte do tratamento contra o câncer", disse o doutor Phil Kantoff, oncologista do Instituto do Câncer Dana-Farber, que ajudou a realizar os estudos para a Provenge.

Vacinas experimentais para tratar outros tipos de câncer - incluindo o câncer de pele melanoma e o neuroblastoma, que atinge crianças - já estão no último estágio de desenvolvimento.

Atualmente, os médicos tratam câncer com a remoção cirúrgica dos tumores, com quimioterapia ou com radiação. A Provenge oferece uma quarta opção, ao fazer com que o próprio mecanismo de defesa do corpo aja contra a doença. A droga será usada para tratar câncer de próstata que se espalhou por outras partes do corpo e que não responde à terapia hormonal.

Especialistas médicos saudaram a aprovação como um marco importante, mas destacaram que o remédio será um acréscimo às práticas atuais, não uma substituição. "Este é apenas um passo num novo caminho para tratar os pacientes", afirmou o doutor Simon Hall, chefe de urologia do Hospital Mt. Sinai. "Temos de fazê-los entender que esta não é a cura, que é muito variável."

Estudos da empresa mostraram que a administração da Provenge acrescenta quatro meses de vida a homens com estágio avançado de câncer de próstata. Isso pode parecer pouco, mais é mais do que os três meses conquistados pelo Taxotere, o único quimioterápico aprovado para homens nesta situação. Os médicos esperam que o benefício seja ainda maior se o medicamento for ministrado quando a doença estiver menos avançada.

Calvície na juventude pode evitar o câncer de próstata

VEJA - 16 de março de 2010

A calvície costuma ser uma preocupação de homens acima dos 50 anos, mas o assunto tem preocupado muitos jovens que sofrem com a perda do cabelo antes mesmo dos 30. Para os mais novos, uma boa notícia: aqueles que começam a ficar calvos ainda jovens possuem 45% menos chances de serem vítimas do câncer de próstata.

De acordo com um estudo americano, publicado nesta terça-feira na revista especializada Cancer Epidemiology, a calvície ainda na juventude está ligada a um alto nível de testosterona no organismo - o que ajudaria a diminuir as chances de tumores. Para a pesquisa, os cientistas analisaram 2.000 homens entre 40 e 47 anos, sendo que metade deles foram vítimas do câncer de próstata.

Ao comparar em que idade os pacientes haviam começado a perder o cabelo, os pesquisadores descobriram que aqueles que apresentaram os primeiros sinais de calvície ainda ao redor dos 30 anos foram os pacientes com os menores riscos de desenvolver o câncer. Apesar da boa notícia, especialistas alertam que o estudo ainda é controverso, já que pesquisas anteriores sugerem justamente o oposto: a calvície pode estar associada a maiores riscos de desenvolver o câncer.

Na maioria dos casos, a perda de cabelo acontece quando o folículo capilar – uma bolsa tubular da epiderme que contém a raiz de cada fio capilar – se torna exposto a uma grande quantidade de dihidrotestosterona (DHT) – um andrógeno produzido pela testosterona. Se há muito DHT circulando no sangue, o folículo encolhe, deixando o cabelo mais fino e com um crescimento mais lento. Os cientistas acreditam que os homens com alto nível de testosterona tendem a perder o cabelo mais rápido, especialmente se há casos de calvície na família.

Em um dos tratamentos mais comuns no combate ao câncer de próstata, o paciente faz uso de um medicamento que reduz os níveis de testosterona, já que o hormônio pode acelerar o crescimento de tumores já existentes. O que a nova pesquisa sugere é que um alto nível de testosterona na juventude pode, na verdade, ajudar a prevenir a doença.

Sexo, remédios e...felicidade.

VEJA Edição 2042 - 9 de janeiro de 2008


Entrevista: John P. Mulhall
Para o médico americano, não há nada de errado em um homem recorrer à química para melhorar o desempenho na cama. É bom até
para elas. Basta ter critério

"Uma vida sexual prazerosa traz uma série de benefícios à saúde mental, cardiovascular e até imunológica. Vive-se mais e com mais alegria"

John P. Mulhall é um dos mais proeminentes urologistas dos Estados Unidos. Além de dirigir o departamento dessa especialidade no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, ele é professor da Weill Medical College of Cornell University, onde coordena o laboratório de pesquisas em medicina sexual. Nessa instituição, Mulhall dedica-se, juntamente com sua equipe, à realização de estudos clínicos para o desenvolvimento de tratamentos de disfunções como impotência e ejaculação precoce. Editor da revista Journal of Urology, seu nome é um dos mais citados nas publicações científicas sobre o tema. Mais de uma centena de artigos é de sua autoria. Nesta entrevista a VEJA, concedida de seu consultório, em Nova York, ele discorre sobre a relevância do sexo na manutenção da qualidade de vida, os distúrbios que afetam homens e mulheres nessa área e a contribuição dos remédios na felicidade geral quando se está na horizontal. "É uma pena que, apesar de todos os avanços obtidos, ainda haja muitos médicos e pacientes relutantes em tocar em assuntos relacionados à cama", diz Mulhall.

Veja – É possível ser completamente saudável e feliz sem uma vida sexual regular e satisfatória?
Mulhall – Não. Uma vida sexual prazerosa, em termos quantitativos e qualitativos, traz uma série de benefícios à saúde mental, cardiovascular e até imunológica. Vive-se mais e com mais alegria. As disfunções sexuais, por sua vez, contribuem para o surgimento de uma série de problemas físicos e psicológicos. Muitos casos de depressão e de dificuldades de relacionamento têm origem nelas. A disfunção erétil, por exemplo, pode ser o prenúncio de doenças como diabetes, esclerose múltipla, Parkinson e doença coronária, entre outras. A qualidade da vida sexual é um termômetro de bem-estar. Tanto que se tornou uma das medidas da qualidade de vida de uma pessoa, segundo a Organização Mundial de Saúde.

Veja – As pessoas mais velhas têm, hoje, uma vida sexual mais ativa?
Mulhall – Não gostamos de pensar em nossos pais ou nossos avós fazendo sexo, mas eles estão. Nos Estados Unidos, temos os chamados baby boomers, a geração pós-guerra que freqüentou a universidade nos anos 60. Esses homens e mulheres eram extremamente ativos do ponto de vista sexual na juventude e, de certa forma, continuam assim na velhice. Estima-se que cerca de 70% dos homens na faixa dos 70 anos pratiquem sexo e que 40% deles o façam pelo menos uma vez por semana. Os números estão num estudo publicado recentemente na revista The New England Journal of Medicine. Se esses homens tomam remédios para ter um melhor desempenho físico ao subir escadas, por que não lhes dar um medicamento capaz de proporcionar-lhes a melhor ereção possível? A principal reclamação deles é em relação à rigidez do pênis. Sem dúvida, os remédios antiimpotência os têm ajudado bastante a melhorar esse ponto.


Veja – Como está, em geral, o nível de satisfação de homens e mulheres com o sexo?
Mulhall – Baixo. Uma pesquisa da qual participei mostrou que boa parte das pessoas não está satisfeita com sua vida sexual. Para ser mais exato, um terço dos homens e um quarto das mulheres afirmaram fazer menos sexo do que gostariam. Esse dado se confirmou em um estudo mundial intitulado Global Better Sex Study, apresentado no Congresso Europeu de Urologia, no ano passado. Foram recolhidas informações de 12 500 pessoas, das quais a metade tinha mais de 40 anos. Além de muita gente reclamar de pouco sexo, no quesito rigidez da ereção apenas 38% dos homens disseram estar completamente satisfeitos com o seu desempenho e somente 36% das mulheres expressaram contentamento com a performance de seus parceiros.


Veja – Como o senhor interpreta esses resultados?
Mulhall – Não acho que os homens maduros queiram voltar a ter 18 anos. Mas, para eles, a qualidade da ereção imediatamente anterior é vital. Se, no último encontro amoroso, seu desempenho não foi assim tão bom, voltar à cama com uma mulher tende a transformar-se em fonte de preocupação – e, não raro, isso se traduz em frustração para ambos os lados. Um dos principais motivos que levam os homens a usar Viagra refere-se à qualidade da ereção, e não à falta dela. Com a idade, eles ainda fazem sexo, mas não com o mesmo entusiasmo de antes. Ou seja, a ereção dura menos e é menos rígida. Embora não haja nenhuma disfunção nisso, é claro que o fato está longe de ser motivo de comemoração. Por esse motivo, acho absolutamente legítimo recorrer a um remédio antiimpotência.


Veja – O senhor acha certo os jovens recorrerem a tais medicamentos somente para melhorar um desempenho que já é bom o suficiente?
Mulhall – Há vários homens na faixa dos 35 anos, completamente saudáveis, que usam remédios no início de um relacionamento, para mostrar às parceiras que são bons amantes. Se isso os torna mais confiantes, nenhum problema. A questão é não criar dependência psicológica. O ideal é que, afastada a insegurança inicial, se abandone o remédio.


Veja – Os homens estão mais preocupados em satisfazer as mulheres na cama?
Mulhall – Não, continuam mais preocupados com eles próprios. Veja, sou apenas um médico e não posso aqui fazer considerações de ordem psicológica. Mas, baseado em minha experiência clínica, noto que esse tipo de comportamento está mais associado à auto-estima masculina do que a relacionamentos menos afetivos. Inclusive porque, hoje, há muitos homens de 65 anos se casando com mulheres de 35 anos ou menos. O que eles querem antes de mais nada? Que a parceira perceba que, apesar da idade, o fogo não se extinguiu. Isso não quer dizer necessariamente que eles não se importam com a sua companheira. Até porque a preocupação com o próprio desempenho, na maioria das vezes, os torna mais aptos a dar mais prazer à mulher.


Veja – A ejaculação precoce ainda é o principal fantasma masculino?
Mulhall – Essa é a disfunção sexual mais comum entre homens de todas as idades – e, até o momento, as opções terapêuticas contra o problema são limitadas. Atualmente, os antidepressivos são o que há de mais efetivo para combater a ejaculação precoce. Mas, como se trata de uma medicação que deve ser tomada todos os dias, o índice de desistência do tratamento é alto. Além disso, mais da metade dos pacientes que apresentam esse distúrbio se recusa a tomar antidepressivos por causa do estigma associado a eles.


Veja – Não há nada de novo no horizonte?
Mulhall – Está em estudo uma substância chamada dapoxetina. Tecnicamente, trata-se de um inibidor do transporte de serotonina. Em vez de atuar nos receptores de serotonina no cérebro, como fazem os antidepressivos mais modernos, a dapoxetina atua num estágio anterior a esse processo, inibindo a proteína responsável pelo transporte do neurotransmissor. Se aprovado, o medicamento poderá ser tomado de uma a três horas antes do sexo – e sem o estigma de ser um antidepressivo.

Veja – Afinal de contas, a ejaculação precoce é um distúrbio de ordem fisiológica ou psicológica?
Mulhall – De acordo com as estimativas da Associação Americana de Urologia, de 20% a 34% dos homens de todas as idades sofrem de ejaculação precoce. É preciso, no entanto, separá-los em dois grupos. Há aqueles que sempre foram ejaculadores prematuros – dois terços – e os que adquiriram o distúrbio – o terço restante. Sabe-se que, no primeiro caso, há uma disfunção neurobiológica por trás da ejaculação precoce. Assim como na depressão, ocorre uma falha na comunicação dos neurotransmissores dopamina e serotonina. Entre os homens que adquiriram o distúrbio, a causa mais comum é a disfunção erétil. Dois terços dos que apresentam disfunção erétil vão desenvolver ejaculação precoce. Mas, ao contrário dos outros, esses são inteiramente curáveis. Uma vez tratada a disfunção erétil, o problema de ejaculação precoce desaparece.

Veja – De acordo com um estudo recente publicado no Journal of Sexual Medicine, os precoces levam 1,8 minuto ou menos para ejacular. A média entre os normais gira em torno de sete minutos. É correto estipular um tempo-padrão para a ejaculação?
Mulhall – Na verdade, esses números vieram de uma pesquisa feita por um grande laboratório que se baseou unicamente no que relatavam seus entrevistados. Era uma auto-avaliação, e não uma medição do tempo de fato. Aliás, essa auto-avaliação varia de país para país. Os alemães são os que afirmam ejacular em menos tempo e os sul-americanos, em mais tempo. Homens de certos países da América do Sul dizem levar até treze minutos. O dado interessante é que as respostas nunca batem com as das parceiras. Em qualquer latitude, eles tendem a superestimar o tempo entre o início da relação e a ejaculação.


Veja – A psicóloga americana Leonore Tiefer é uma crítica de longa data da medicalização da sexualidade. Para ela, a dor durante o ato sexual é a única disfunção que realmente existe. O que o senhor acha dessa opinião?
Mulhall – Acho Leonore muito inteligente. Mas ela tem uma relação demasiadamente atritada com a indústria farmacêutica. Leonore defende a tese de que as disfunções sexuais, em especial as femininas, são uma invenção dos fabricantes para vender remédios. A realidade, no entanto, é que não mais do que 20% das mulheres com problemas sexuais são candidatas a medicação. As outras 80% deveriam ser encaminhadas para algum tipo de terapia psicológica ou aconselhamento de casais.


Veja – Isso significa que as mulheres têm menos disfunções sexuais?
Mulhall – Depende de como se encara a questão. Há mulheres que, por exemplo, não têm boa lubrificação vaginal. Trata-se de uma disfunção ou de um fato biológico natural para uma mulher madura? Eu diria que, se o problema é motivo de estresse, então se transforma numa disfunção. Se não importa tanto, não é uma disfunção. Mas, no que se refere aos homens, a falta de ereção é determinante. Não há como não se incomodar com essa questão – e dificilmente dá para resolvê-la por meio de análise. Portanto, não é possível afirmar, como faz Leonore, que o arsenal medicamentoso criado para eles é apenas lixo comercial. O erro dela é se deixar cegar pela aversão que nutre pela indústria farmacêutica.

Disfunção erátil pós-prospatectomia radical.

quarta-feira, 26 de Maio de 2010

Sildenafil no tratamento da disfunção erétil pós-prostatectomia radical

Joaquim de Almeida Claro, Archimedes Nardozza Jr., Jorge Lopes, Marcos P. Nogueira, Wilson F. Aguiar, Carlos Londoño, Miguel Srougi

Disciplina de Urologia, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo, SP

Resumo
No período de maio de 98 a maio de 99, quarenta e sete pacientes, com idade entre 52 e 73anos com disfunção erétil após prostatectomia radical realizada por câncer localizado da próstata foram estudados. Todos os pacientes apresentavam ereções normais e relações sexuais satisfatórias antes da cirurgia. Durante a prostatectomia radical foi possível preservar os feixes vasculo-nervosos bilateralmente. Os pacientes receberam 50mg a 100mg de citrato de sildenafil, conforme demanda num período que variou de 4 a 24 meses após a cirurgia radical ( mediana de 10 meses). A testosterona total foi normal em todos os pacientes. O International Index of Erectile Function (I.I.E.F.) foi preenchido pelos pacientes antes de iniciar e após concluir o estudo. Nós consideramos sucesso a obtenção de ereções plenas e relações sexuais satisfatórias sem nenhum outro tratamento adjuvante. Cinco pacientes (10,6%), todos com idade inferior a 64 anos, obtiveram sucesso com a utilização do sildenafil no tratamento da disfunção erétil após prostatectomia radical. Todos esses cinco pacientes apresentavam disfunção leve ou moderada ( pontuação entre 13 e 24 pontos no I.I.F.E.) antes de iniciar o estudo. Já os pacientes que não responderam ao sildenafil apresentavam idade mediana de 68 anos, com disfunção grave ou moderada. Por outro lado, os efeitos colaterais foram bastante leves, representados por rubor facial (38,3%), cefaléia (17%) e distúrbio visual (6,3%) que cessaram espontaneamente, sem repercussão clínica.

O citrato de sildenafil apresentou, no presente estudo, resultados discretos no tratamento da disfunção erétil causada pela prostatectomia radical. Porém, em pacientes muito selecionados, com idade inferior a 60 anos e com disfunção leve ou moderada (acima de 13 pontos no I.I.E.F.) pode vir a representar uma opção terapêutica atraente.

Unitermos: impotência, tratamento, sildenafil, prostatectomia radical, câncer da próstata.

Introdução
Apesar do avanço técnico na realização da prostatectomia radical retropúbica, levando a uma queda significativa no índice de complicações decorrente dessa cirurgia, a disfunção erétil ainda representa um sério problema (1). Mesmo em mãos experientes, a disfunção erétil após a prostatectomia radical, varia de acôrdo com idade do paciente submetido a cirurgia (2). A preservação da função erétil varia amplamente, conforme a avaliação realizada nos pacientes. Em algumas séries, até 90% referiam alteração da ereção, embora a perda completa da ereção seja muito rara quando utilizamos a técnica de preservação dos feixes vásculo-nervosos (2).

A ereção peniana é um fenômeno hemodinâmico (3), dependente do adequado relaxamento do músculo cavernosos e das suas artérias (4).

Esse relaxamento é mediado pelo óxido nítrico e pela formação de GMP cíclico (5). Após a relação sexual o GMP cíclico é hidrolisado pela 5 – fosfodiesterase (5PDE). O sildenafil é um inibidor seletivo da 5PDE. Assim, uma vez que ocorre o estímulo sexual e liberação do óxido nítrico, o sildenafil potencializa o seu efeito no corpo cavernoso, impedindo que o GMP cíclico seja hidrolisado (6).

Na prática, o sildenafil tem demonstrado ser eficaz (7) e bem tolerado no tratamento de pacientes com disfunção erétil de várias etiologias (8,9)

O objetivo desse estudo é verificar a eficácia do sildenafil em pacientes com disfunção devido a prostatectomia radical retropúbica.

Pacientes e Métodos
Entre maio de 1998 e maio de 1999, 47 pacientes com disfunção erétil após a realização da prostatectomia radical retropúbica, realizada devido a câncer localizado da próstata, foram estudados.

Pacientes cardiopatas diabéticos ou hipertensos de difícil controle foram excluídos do estudo. A idade dos pacientes variou de 52 a 73 anos ( mediana de 66 anos) e o tempo entre a cirurgia radical e o início do tratamento variou de 4 a 24 meses (mediana de 10 meses). Em todos os pacientes foi utilizada a técnica de preservação do feixe vásculo-nervoso bilateralmente. Nenhum paciente recebeu hormonioterapia adjuvante e nenhum deles havia realizado nenhum tratamento anterior para a disfunção erétil.

Todos os pacientes preencheram o International Index of Erectile Function, ou seja, o I.I.E.F. (10) antes de iniciar e após concluir o estudo. A testosterona total foi dosada antes do tratamento .

Os pacientes receberam 50 mg de citrato de sildenafil uma hora antes das relações sexuais, conforme demanda, mas não mais que uma vez por dia, durante 12 semanas.

Todos os pacientes concordaram em realizar pelo menos três tentativas, ainda que mau sucedidas antes de aumentar a dose para 100mg de citrato de sildenafil.

Os pacientes foram acompanhados mensalmente, quando eram encorajados a reportar o número de relações sexuais no período e os possíveis efeitos colaterais.

Consideramos sucesso quando o paciente, utilizando até 100mg de sildenafil obtinha ereção completa e passava a ter relações normais, sem nenhum método coadjuvante. Por outro lado, foi considerado insucesso o paciente que não apresentava ereção suficiente para penetração vaginal após pelo menos três tentativas frustadas com 50mg e uma com 100mg de sildenafil.

Resultados
Os níveis de testosterona foram normais em todos os pacientes, variando de 390 a 900mg/ml (mediana de 510mg/ml).

Dos 47 pacientes estudados, apenas cinco (10,6%) referiram ereções completas e relações sexuais satisfatórias com o sildenafil. Dois desses pacientes não obtiveram bons resultados com a dose de 50 mg. e tiveram que utilizar 100mg do citrato de sildenafil para obter sucesso. Esses cinco pacientes tinham menos de 64 anos de idade. O I.I.E.F. realizado antes do início do tratamento revelou que entre esses cinco pacientes, três apresentavam disfunção erétil leve e dois disfunção moderada, ou seja obtiveram pontuação entre 13 e 24 pontos.

Nos 42 pacientes que não obtiveram sucesso com o sildenafil, a idade variou de 62 a73 anos ( mediana de 68 anos).Todos esses pacientes apresentavam disfunção erétil moderada ou grave, ou seja, pontuação inferior a 13 pontos.

A interpretação do I.I.E.F. não foi utilizada para avaliação de melhora categórica de cada paciente.

Por outro lado, os efeitos colaterais foram discretos, 18 pacientes (38,3%) apresentaram rubor facial, 8(17%) cefaléia e 3 (6,3%) distúrbio visual. Em tosos os casos os efeitos foram considerados sem importância pelos pacientes e cessaram espontaneamente.

Discussão
A disfunção erétil causa um importante impacto na qualidade de vida, auto-estima e relacionamento social do homem (11). Num paciente submetido a uma cirurgia radical, devido a neoplasia, esse impacto tende a ser ainda mais importante.

Apesar do recente avanço técnico, com a preservação dos feixes vasculo-nervosos durante a prostatectomia radical (2), alguns fatores de risco ainda devem ser lembrados na orientação dos pacientes.

Naturalmente todos esses esforços só têm valor nos pacientes com função erétil normal antes da cirurgia. Nessses pacientes alguns fatores de risco para a disfunção erétil já são bastante conhecidos. Os mais importantes são a extensão tumoral, o cirurgião e principalmente a idade do paciente (2).

Dependendo da metodologia utilizada, ou seja da população estudada, incluindo pacientes de grupo etário mais baixo e com pontuação mais alta, acima de 18 pontos no I.I.E.F. (pacientes com disfunção leve), têm sido referidos bons resultados em até 43% dos pacientes que receberam até 100mg de sildenafil após prostatectomia radical (12). Contudo também o conceito de "bons resultados" tem variado de um estudo para outro. Vários estudos consideram bom resultado a simples melhora categórica do paciente. Isto é, pacientes que passavam, por exemplo, da categoria de disfunção moderada (pontuação 13 a 18 no I.I.E.F.) para a categoria leve (pontuação 19 a 24) eram considerados como bons resultados, porém, esses pacientes não relataram relações sexuais satisfatórias.

O período entre a cirurgia e o início do tratamento, mediano de 10 meses, porém chegando em alguns casos a 24 meses, foi considerado muito prolongado, e deve-se a dois fatores:

*
os pacientes não quiseram se submeter a auto-injeção de drogas vasoativas ou implante de prótese peniana, e

*
à liberação do sildenafil no nossos meio apenas após maio/98, quando o estudo teve início.

Outro fator muito importante é o cirurgião que realiza a prostatectomia radical. Da mesma forma que centros de excelência nesse tipo de cirurgia apresentam maior índice de manutenção da função sexual dos pacientes, devem também, portanto, apresentar maior índice de sucesso com a utilização do sildenafil.

No presente estudo, a idade dos pacientes variou amplamente, o que porém reflete a prática clínica.

Embora o conceito de melhora categórica seja amplamente utilizado, consideramos que a melhora de classificação de um paciente de uma disfunção grave para moderada, por exemplo, não representa real benefício para esse paciente.

Assim, o conceito rigoroso de sucesso, não levando em conta a melhora categórica dos pacientes, mas apenas a obtenção de ereção plena que levasse a relação sexual satisfatória, bem como o fato dos pacientes terem sido operados por J.A.C. ou A.N.,Jr. devem ter exercido uma influência direta no baixo índice de sucesso, de 10,6%, obtido no presente estudo; já que a experiência do cirurgião é atualmente considerada fundamental na preservação da função erétil após a prostatéctomia radical.

Vale lembrar ainda que os cinco pacientes que responderam ao sildenafil tinham menos de 64 anos de idade.

Por outro lado, apesar do baixo índice de sucesso, os efeitos colaterais foram muito discretos, bastante bem aceitos pelos pacientes, e não apresentaram nenhuma repercussão clínica.

Assim, parece que mesmo dentro dessa população de homens com disfunção erétil causada pela prostatectomia radical, alguns sub-grupos devam ser considerados. Sem dúvida, os pacientes mais jovens, com menos 60 anos de idade constituem um sub-grupo de bom prognóstico.

Da mesma forma, pacientes com disfunção leve ou moderada ( pontuação 13 a 24 no I.I.E.F.) e que tenham sido operados por cirurgiões com larga experiência têm maior chance de responder ao sildenafil.

Em pacientes que não preenchem esses critérios, a terapia com sildenafil tende a apresentar resultados bastante pobres.

47% dos usuários de droga têm disfunção erétil, indica estudo

segunda-feira, 7 de junho de 2010
Fonte: GazetaWeb/ IG

Estudo da Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP realizado com 215 pessoas em tratamento de dependência química por álcool e outras drogas aponta que 47% dos homens apresentam alguma disfunção sexual.
Número bem maior do que o encontrado pelo Estudo da Vida Sexual do Brasileiro (EVSB), realizado em 2004, com 7.103 brasileiros, no qual a prevalência do problema entre o gênero masculino foi de 18,2%.
De acordo com Alessandra Diehl, coordenadora da Enfermaria de Dependência Química da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (UNIAD) da UNIFESP e autora da pesquisa, o número é representativo e pode sim ser confrontado com a população geral. Entre os principais problemas relatados pelos entrevistados, a ejaculação precoce lidera, atingindo 39% deles, seguido pelo desejo sexual diminuído (19%), dificuldade de ereção (12%), retardo na ejaculação (8%) e dor durante a relação (4%).
A psiquiatra explica que o tabagismo, o alcoolismo e a dependência de drogas como maconha, cocaína e crack, são importantes fatores de risco para o desenvolvimento de disfunções sexuais, principalmente disfunção erétil nos homens. "O álcool e a nicotina, por exemplo, promovem alterações na arquitetura vascular de forma generalizada, atingindo órgãos vitais para o bom desempenho sexual", afirma. "Já a cocaína, apesar de aumentar a libido, acaba, com seu uso crônico, fazendo o efeito contrário".
Outras drogas de abuso, como o ecstasy, o crystal e o ácido gama-hidroxibutírico (GHB), também conhecido como "Boa Noite Cinderela", aumentam a libido e, por esse motivo, são muito procuradas. No entanto, Alessandra alerta que o uso crônico acaba por prejudicar o desejo sexual e a busca por essas drogas passa a ser mais para aliviar sintomas de abstinência do que pelo prazer propriamente dito.

Próximo à promiscuidade

Um dado que também chamou a atenção dos pesquisadores foi o comportamento sexual de risco entre os entrevistados. Além de 41% deles não usarem preservativos durante a relação sexual e 27% usarem esporadicamente, a média de parcerias sexuais relatada foi de cinco ao ano. Quase duas vezes maior que a média recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de três ao ano, para o comportamento "não promíscuo". Na população geral brasileira a média encontrada no EVSB foi de 1,47 parcerias entre as mulheres e, 2,96, entre os homens.
Segundo a pesquisadora, um dos principais motivos da busca por novas ou várias parcerias afetivas e sexuais nessa população tem relação com as características de poliusuários de drogas e/ou de crack, que demonstram extrema impulsividade e pobre avaliação de riscos, com necessidade urgente de satisfação imediata. "Uma das hipóteses também é que a grande maioria desses indivíduos apresente algum grau de lesão no lobo pré-frontal do cérebro, responsável pela nossa capacidade de organizar e tomar decisões", diz. "O não uso do preservativo ou uso esporádico é outro comportamento que se mostra preocupante, pois temos, ao todo, 68% de indivíduos que precisam de intervenção e orientação profissional para diminuir riscos."

Atendimento diferenciado

Apesar de perceberem que algo não vai bem em sua vida sexual, apenas 12% dos usuários de drogas procuram ajuda médica e outros 12% atribuem o problema ao uso de substâncias psicoativas.
Para Alessandra, é primordial unir esforços para a intervenção precoce nesses indivíduos a fim de minimizar os danos. Entretanto, de acordo com ela, a grande maioria dos serviços destinados a dependentes químicos não têm, em sua grade de intervenções terapêuticas, a proposta de educação em saúde sexual de forma sistemática.

Perfil do comportamento sexual dos dependentes químicos

- 47% relataram alguma dificuldade sexual;
- 5 parcerias sexuais é a média no último ano;
- 3 relações sexuais é a média por semana;
- 87% tiveram atividade sexual nos últimos 12 meses;
- 90% são heterossexuais;
- 36% tiveram experiências homossexuais;
-15% tiveram experiências homossexuais relacionada à aquisição ou troca por droga;
- 41% não usam preservativos e, 23%, usam esporadicamente;
- 49% avaliam como bom o seu desempenho sexual;
- 31% já tiveram alguma DST (doença sexualmente transmissível);
- 56% são solteiros.

Maioria dos americanos entre 57 e 64 anos tem vida sexual ativa

23/08/2007 - 09h01

Uma pesquisa norte-americana divulgada na última quarta-feira (22) constatou que cerca de 73% das pessoas entre 57 e 64 anos afirmam ter vida sexual ativa. Esta proporção passa a 53% para os que têm idades entre 65 e 74 anos e a 26% para os maiores de 75.

De acordo com a pesquisa, as mulheres destas idades sentem menos desejo que os homens.
Quase metade dos que se mantêm sexualmente ativos admitiram, no entanto, que tiveram pelo menos um problema. Assim, 37% dos homens mencionaram problemas de ereção e 39% das mulheres citaram problemas de lubrificação.

O estudo realizado com 3.005 homens e mulheres mostra que a atividade sexual diminui pouco entre 50 e 70 anos.

Financiada pelo Instituto Nacional da Saúde dos Estados Unidos, a pesquisa frisa que o sexo depende essencialmente da saúde, um fator que se torna decisivo com a idade.

Jovem usa droga para disfunção erétil sem necessidade

26/10/2007 - 17h21

Uma pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo mostrou que é comum o uso de medicamentos contra disfunção erétil por jovens que não têm nenhum problema nessa área. Foram pesquisados 167 estudantes universitários, dos quais 15 disseram ter utilizado o remédio de forma recreacional.

A principal razão para a atitude foi curiosidade, seguida pela crença de que o remédio ajude a melhorar o desempenho sexual e, em terceiro lugar, pela busca por uma solução para a ejaculação precoce.

Além disso, uma resposta freqüente entre os entrevistados associava o remédio ao uso de preservativo -para eles, a camisinha dificultava a ereção e o medicamento os ajudava a "driblar o constrangimento".

Embora esses remédios devam ser vendidos com prescrição médica, 53% dos jovens que o utilizaram disseram tê-lo adquirido em farmácias, sem receita. Ainda segundo o estudo, 20% obtiveram o produto por meio de amigos e outros 20%, por intermediários.

Na maioria das vezes (71%), o produto foi consumido com álcool.

Os pesquisadores pretendem agora avaliar a conseqüência do uso recreacional desses medicamentos a longo prazo. O remédio pode baixar a pressão arterial, causar sangramento no nariz e dar dor de cabeça.

Faça uma análise de sua satisfação sexual

23/04/2008 - 16h47

O Quociente Sexual (QS) é uma pesquisa aplicada para medir a qualidade da vida sexual do homem. Para cada pergunta, a resposta deve ser dada com base numa escala de notas: 1 (nunca), 2 (raramente), 3 (algumas vezes), 4 (a maior parte das vezes) e 5 (sempre).

1. Seu interesse por sexo é suficiente para você querer iniciar o ato sexual?

2. Sua capacidade de sedução dá a você confiança de se lançar em atividade de conquista sexual?

3. As preliminares de seu ato sexual são agradáveis e satisfazem você e sua (seu) parceira (o) igualmente?

4. Seu desempenho sexual varia conforme sua (seu) parceira (o) seja ou não capaz de se satisfazer durante o ato sexual com você?

5. Você consegue manter o pênis ereto (duro) o tempo que precisa para completar a atividade sexual com satisfação?

6. Após o estímulo sexual, sua ereção é suficientemente rígida (dura) para garantir uma relação sexual satisfatória?

7. Você é capaz de obter e manter a mesma qualidade de ereção nas várias relações sexuais que realiza em diferentes dias?

8. Você consegue controlar a ejaculação para que seu ato sexual se prolongue o quanto você desejar?

9. Você consegue chegar ao orgasmo nas relações sexuais que realiza?

10. Seu desempenho sexual o estimula a fazer sexo outras vezes, em outras oportunidades?

Os pontos das respostas devem ser somados e, em seguida, multiplicados por dois. A disfunção erétil está relacionada a baixos valores neste quociente.

RESULTADO
Escala de pontuação de seu quociente sexual:

80-100 pontos - excelente
62-80 pontos - bom
42-60 pontos - moderado
22-40 pontos - desfavorável
0-20 pontos - nulo

Disfunção erétil tem causas físicas e psicológicas

23/04/2008 - 16h47

A disfunção erétil é classificada como uma incapacidade recorrente no homem em ter ou manter uma ereção do pênis em uma relação sexual. Pode ter causas psicológicas --mais comuns entre os jovens-- ou físicas. Médicos indicam que quase a totalidade dos homens vai sofrer do problema na vida, desde que vivam o suficiente para isso.

Quando a causa é psicológica, em razão de aspectos como ansiedade do homem em relação ao ato sexual, em geral é recomendado que ele procure ajuda de um terapeuta especialista. "É comum que haja uma ansiedade de performance: o rapaz têm pouca experiência, medo de falhar, há uma questão psicológica", afirma João Fittipaldi, diretor médico da Pfizer. Abaixo dos 40 anos de idade, esse é um fator preponderante.

Para o urologista Joaquim Claro, impotência deve ser tratada como doença grave, dado o impacto gerado nas relações sociais. Quando a causa é física, a disfunção erétil é principalmente causada por problemas no endotélio, o revestimento interno das artérias do nosso corpo. Ao receberem mensagens do cérebro, as células do endotélio das artérias do pênis liberam, entre outras substâncias, o óxido nítrico, responsável por facilitar o relaxamento da musculatura dos corpos cavernosos do pênis.

Com a musculatura relaxada, os vasos sangüíneos se dilatam e os corpos cavernosos se enchem de sangue, gerando a ereção. De acordo com Joaquim de Almeida Claro, professor de urologia da Clínica Urológica da USP (Universidade de São Paulo), doenças como diabetes e hipertensão podem danificar o endotélio, prejudicando a liberação do óxido nítrico.

Além disso, com o decorrer da idade, as fibras do músculo cavernoso perdem qualidade, impedindo que o homem tenha uma ereção adequada.

Ação

Remédios como o Viagra e o Cialis atuam para suprir justamente essa carência de óxido nítrico no pênis. Eles promovem o aumento das concentrações da substância e o relaxamento das células musculares do tecido cavernoso, condição necessária para obtenção da ereção.

De acordo com Claro, esse tipo de remédio funciona para algo em torno de 60% a 70% dos homens afetados pelo problema. A Pfizer diz que o Viagra é eficiente em 75% dos casos.

Gilvan Neiva Fonseca, urologista da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Goiás, afirma que, em termos gerais, os pacientes que tomam esse tipo de remédio podem apresentar dores de cabeça, calor no rosto, "queimação" no estômago, dores musculares e rubor facial. No entanto, pesquisas citadas por Fonseca mostram que os casos de reações indevidas às drogas são observadas em no máximo 15% dos pacientes.

Pacientes que usam remédios à base de nitrato --como os utilizados por pessoas que tiveram infarto ou angina-- não devem tomar medicamentos para disfunção erétil. A interação entre as substâncias pode gerar complicações graves.

Opções

Para ocorrências mais difíceis, como pacientes que passaram por cirurgia de próstata ou casos graves de diabetes, o índice de eficácia das pílulas é de 30% a 40%. Nesses casos, os homens podem recorrer a tratamentos como injeções auto-aplicáveis no pênis, que estimulam a ereção automaticamente, sem necessidade de estímulo sexual --no caso das pílulas, a ação ocorre após estimulação.

Há também a opção de cirurgias para colocação de próteses, colocadas no músculo cavernoso. No caso das semi-rígidas, o homem permanece com cerca de 80% da ereção e ajusta a posição da prótese com as mãos.

Há também as infláveis, que podem ser enchidas por meio de uma espécie de bomba colocada próxima aos testículos. "Essa é mais próxima do fisiológico. Dá para colocar sunga, fazer natação, sauna e tomar banho na frente dos amigos", afirma o urologista da USP.

Tratamento

De qualquer forma, o médico afirma que o importante é o homem saber que sempre há um tratamento para a impotência. Para ele, o problema tem de ser tratado como uma doença grave, dadas as implicações sociais e psicológicas. "O impacto é comparável ao do câncer, piora a qualidade de vida, o indivíduo pensa em suicídio. A vantagem é que há tratamento", afirma.

"Os homens são 100% passíveis de enfrentarem esse problema. É algo da própria idade, quanto mais velho o homem, mais possibilidade ele têm de apresentarem disfunção erétil. Como a população está vivendo mais, o problema deve ser mais recorrente", diz Claro.

Segundo ele, entre 48% e 52% dos homens de 40 a 70 anos têm atualmente problemas de disfunção erétil. "A maioria [dos casos] é decorrente da idade", diz. Entretanto, ele afirma que está crescendo o número de jovens afetados pelo problema.

Disfunção erétil pode prenunciar risco cardiovascular, diz médico.

23/10/2008 - 11h11

A disfunção erétil surge como um aviso dois ou três anos antes da ocorrência de um ataque cardíaco, mas a relação entre os dois eventos vem sendo ignorada por médicos, afirma Geoffrey Hackett, do Good Hope Hospital, em Birmingham, Reino Unido.

Durante anos, Hackett vem atendendo pacientes com disfunção erétil após um ataque cardíaco para descobrir que o problema existe há dois ou três anos --e foi ignorado pelo cardiologista.

É sabido que a disfunção (um sintoma de doença vascular nas artérias menores) dobra o risco de doença cardíaca a um nível equivalente ao de fumantes moderados ou de pessoas com histórico familiar imediato. No caso de pacientes com diabetes tipo 2, é um indício melhor de riscos cardíacos do que a pressão ou o colesterol elevados.

A despeito dessa evidência, diz Hackett, a disfunção erétil é tratada mais como uma questão recreacional do que como um sinal de problemas sérios de saúde.

"Continuar a ignorar essas questões porque cardiologistas se sentem desconfortáveis em mencionar a palavra "ereção" para seus pacientes ou em ter que lidar com os resultados de uma resposta afirmativa não é mais aceitável e possivelmente indica negligência", diz.

Cresce consumo de Viagra entre menores argentinos, diz pesquisa.

25/03/2009 - 18h14

Um novo estudo realizado na Argentina indica que três de cada dez "medicamentos para ereção" vendidos no país durante o ano passado foram consumidos por menores de idade.

O estudo foi realizado por especialistas da Escola de Farmácia e Bioquímica da Universidade Maimónides, de Buenos Aires, que se basearam em uma pesquisa do Colégio Oficial de Farmacêuticos e Bioquímicos da capital argentina.

Comprimidos de Viagra, voltados à disfunção erétil, são consumidos por adolescentes na Argentina para bom desempenho em relações
O levantamento recolheu dados de 379 farmácias de Buenos Aires. Os resultados foram publicados na terça-feira (24), em uma reportagem do jornal "Clarín".

Pesquisa semelhante realizada dois anos antes, em 2006, indicava que, na ocasião, o consumo entre os jovens era menor, já que dois de cada dez medicamentos eram vendidos a pessoas com menos de 18 anos de idade.

Em 2006, os medicamentos que contêm o mesmo princípio ativo do Viagra ocupavam o 75º lugar entre os remédios mais vendidos do país. Em 2008, eles pularam para a 22ª posição, de acordo com a Universidade Maimónides.

Virgindade

O baixo preço de alguns destes medicamentos --que podem chegar a custar apenas 5 pesos (R$ 3) por comprimido-- e a não exigência de receita estaria facilitando o aumento do consumo entre os jovens, segundo os pesquisadores.

"O consumo de Viagra está crescendo entre adolescentes de 15 e 16 anos de idade, de todas as classes sociais", disse a pediatra Mirta Garategaray, do Comitê da Adolescência da Sociedade Argentina de Pediatria, ao Clarín.

"Alguns deles contaram que tomaram quando perderam a virgindade para garantir um bom desempenho", acrescentou. "Se eles só têm cinco pesos no bolso, preferem comprar Viagra em vez de preservativos."

No hospital público Fernández, na capital argentina, adolescentes têm sido atendidos com reações adversas causadas pelo Viagra.

"Tivemos aqui pacientes que contaram que tomaram o Viagra na primeira noite de sexo", contou Carlos Damin, chefe de toxicologia do hospital, ao jornal. "Estamos surpresos com a facilidade com que eles conseguem comprar esse remédio."

Ao mesmo tempo, de acordo com uma pediatra do hospital infantil Ricardo Gutiérrez, os telefonemas de jovens que querem saber os efeitos adversos do Viagra na saúde são frequentes.

"Uns tomam porque têm medo de falhar na hora H, e outros porque tomaram alguma bebida alcoólica para perder a inibição e optam pelo Viagra para garantir a ereção", afirmou Marta Braschi ao Clarín.

O risco, ressaltam os especialistas, é que estes adolescentes tornem-se "dependentes" do Viagra desde cedo.

Novo enxerto para pênis torto é testado no Brasil.

05/10/2009 - 07h51

Um estudo feito em oito centros brasileiros testou por três anos, com sucesso, um enxerto retirado da mucosa do intestino do porco para tratar doença de Peyronie -caracterizada pela formação de placas fibrosas no pênis, que levam a uma curvatura do órgão na ereção.

Calcula-se que o problema atinja cerca de 8% dos homens com mais de 50 anos, apesar de acometer também jovens. A curvatura varia, mas pode causar dificuldades na relação sexual e chegar a até 90 graus.

O problema pode desaparecer sozinho -o que ocorre em cerca de 15% dos casos, segundo o urologista Sidney Glina, coordenador do estudo. Também podem ser receitados remédios, mas eles nem sempre trazem um bom resultado. Quando há prejuízo à qualidade de vida do paciente, pode ser feita uma cirurgia, indicada para cerca de 30% dos casos.

Há dois tipos de operação: na mais comum e mais simples, reduz-se o lado sadio do pênis para corrigir a curvatura, o que encurta o órgão em cerca de 1 cm a 1,5 cm. Na outra técnica, são colocados enxertos na placa fibrosa -que podem ser de materiais como o pericárdio (revestimento do coração) do boi ou a veia safena do paciente.

O enxerto testado no novo estudo já é usado em outros procedimentos, como para hérnias ou bexiga caída. Após a cirurgia, a curvatura do pênis caiu de 65 graus para dez graus, e quase 90% dos 36 pacientes disseram que a penetração no sexo ficou mais fácil. Ninguém teve o pênis encurtado.

Segundo Glina, aparentemente houve menos rejeição do que com outros enxertos. O tecido do intestino suíno é biocompatível e forma uma espécie de rede na qual as células do próprio paciente crescem.

No caso da safena, que também tem pouca reação imunológica, a desvantagem é ter que se fazer uma segunda incisão, na perna. "O enxerto de safena tem bom resultado. O problema é que há dois cortes e tem que ser tirado um trecho da safena do paciente. Se ele tiver um problema cardíaco no futuro, não vai ter mais esse segmento para fazer a revascularização", diz Geraldo Faria, presidente da Sociedade Latino-Americana de Medicina Sexual.

Para Marcelo Baptistussi, urologista colaborador do Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto, o menor tempo cirúrgico é outra vantagem: o procedimento é feito em duas horas, uma a menos do que o da safena. "A internação pode ser mais curta também", completa.

Uma desvantagem é o custo: enquanto a safena é retirada do próprio paciente, o enxerto custa em torno de R$ 1.800.

O preço é um dos motivos pelos quais o urologista Paulo Egydio, doutor pela USP em doença de Peyronie, acredita que o enxerto de intestino suíno não seja uma boa opção. Para ele, em muitos casos ocorre uma retração do tecido implantado, o que gera perda da correção. Ele diz que já reoperou pacientes que receberam esse enxerto e que a retração é mais frequente quando se corrigem curvaturas acentuadas. "Já utilizei esse material e não tive bom resultado", afirma.

Para Geraldo Faria, porém, a retração é até menor com esse enxerto. Ele diz que é implantado um tecido 30% maior do que a área a ser coberta para prevenir o problema. Além disso, Faria utiliza um alongador peniano para manter o enxerto esticado até ser substituído pelas células do paciente.

Dormir mal pode levar a impotência, mostra pesquisa em SP

10/11/2009 - 10h36

Uma pesquisa feita na cidade de São Paulo comprovou mais um problema relacionado à má qualidade do sono: homens que dormem mal têm mais risco de ter disfunção erétil.

O estudo foi feito com 449 homens de 20 a 80 anos, numa amostra representativa da população masculina do município. Eles passaram por entrevistas e fizeram exames de sangue e polissonografia -teste que avalia doenças do sono. O índice de disfunção erétil foi de 17% --7% na faixa dos 20 aos 29 anos, o que surpreendeu os pesquisadores. O estudo foi feito pelo Instituto do Sono e será publicado na revista estrangeira "Sleep Medicine".

"Cada vez mais as pessoas passam por privação crônica de sono e não fazem ideia das repercussões disso para a vida delas, nos planos físico e emocional. Assim como ter uma boa alimentação e fazer exercícios, dormir bem é fundamental para uma boa qualidade de vida", afirma o neurologista Luciano Ribeiro Pinto Jr., presidente da Associação Brasileira do Sono.

O principal distúrbio ligado à impotência foi a apneia (fechamento das vias aéreas superiores que leva a pausas na respiração durante o sono): pacientes com o problema em grau moderado ou grave tinham três vezes mais chance de ter disfunção erétil. Levando em conta homens e mulheres, outra parte do mesmo estudo havia mostrado que 32,9% da população de São Paulo tem apneia.

"Ainda não se sabe o motivo para essa relação, mas o mais provável é que seja pelo fato de a apneia gerar dano no sistema vascular. Quando a integridade das artérias não está preservada, fica mais difícil manter a ereção, que está ligada à entrada de sangue", explica a biomédica Mônica Andersen, professora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e pesquisadora do Instituto de Sono, uma das autoras da pesquisa.

Ela lembra que há tratamento para apneia e que as pessoas devem procurá-lo para ter uma melhor qualidade de vida. "Quem dorme mal deve se preocupar com a vida sexual e com a saúde em geral." Segundo o estudo, o risco de impotência duplicou, ainda, nos pacientes com sono fragmentado e menor tempo de sono REM (fase na qual ocorrem os sonhos). Estudos mostram que os dois casos podem levar à menor produção de testosterona, o que talvez explique a relação com a impotência.

Sono fragmentado

A fragmentação do sono atinge cerca de 36% dos moradores de São Paulo e pode ocorrer devido à própria apneia mas também por qualquer outro problema que perturbe a pessoa à noite: movimento de pernas, dores, doenças ou a própria insônia. Já a diminuição do tempo de REM pode ser causada pelo uso de medicamentos, pela própria fragmentação do sono ou pelo fato de a pessoa acordar muito cedo.

Constatou-se, ainda, que a obesidade aumenta em duas vezes a chance de queixa de disfunção erétil. Entre aqueles com níveis baixos de testosterona ou baixa qualidade de vida, o risco foi quatro vezes maior. Fazer atividade física ao menos uma vez por semana foi um fator protetor.

Para o urologista Celso Gromatzky, da Faculdade de Medicina do ABC, o urologista deve investigar o sono dos pacientes e tentar resolver primeiro esse problema, com a ajuda de profissionais da medicina do sono.

Estudo apoia circuncisão de rotina contra DSTs

19/01/2010 - 09h00

Novos resultados de um estudo sobre circuncisão e prevenção de doenças sexualmente transmissíveis levaram pesquisadores a reafirmar a necessidade de adotar o procedimento rotineiramente. Em artigo publicado no periódico "Archives of Pediatric and Adolescent Medicine", eles pedem que a Academia Americana de Pediatria indique a cirurgia para todos os recém-nascidos.

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Realizado por equipe da Universidade Johns Hopkins (EUA), o estudo acompanhou, por dois anos, 3.500 homens sexualmente ativos em Uganda. Além das evidências de que a circuncisão diminui em até 60% o risco de contrair o vírus da Aids, o estudo mostra que ela reduz a contaminação por HPV (30%) e por herpes (25%).

A circuncisão (remoção do prepúcio, prega de tecido que recobre a glande do pênis) por motivos não religiosos é um tema polêmico. Nos EUA, o procedimento começou a se generalizar por considerações de higiene e por evitar o desenvolvimento de fimose. Em 1975, no entanto, a Academia Americana de Pediatria comunicou oficialmente que não havia indicação médica absoluta para a circuncisão, por não haver evidência científica suficiente sobre os seus benefícios.

Em 1989, a diretriz foi revista e a entidade passou a afirmar que havia tanto benefícios quanto riscos aos recém-nascidos circuncidados. Essa orientação foi mantida nas últimas diretrizes (2000), acrescentando que o procedimento, quando adotado, deveria ser feito com o uso de anestésicos locais.

O que os pesquisadores da Johns Hopkins propõem é que as novas diretrizes em pediatria recomendem o procedimento em todos os casos.

Editoria de Arte/Folha Imagem


Sem orientação

No Brasil, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) não tem posição oficial sobre o procedimento, diz Peter Abram Liquornik, vice-presidente do Departamento Científico de Pediatria Ambulatorial da SBP.

A posição atual da SBU (Sociedade Brasileira de Urologia) é a de que ainda não há forte evidência para a adoção rotineira da circuncisão de recém-nascidos, de acordo com Miguel Zerati Filho, chefe do departamento de urologia pediátrica da SBU - São Paulo. "Mas estamos atentos aos novos estudos. São recentes e promissores, mas é preciso mais dados para que o método seja adotado como diretriz", diz Zerati Filho.

Um dos argumentos para fazer a cirurgia rotineiramente em recém-nascidos é que, nessa fase, é necessária apenas a anestesia local e há menos impacto psicológico.

"É melhor operar antes dos dois anos, quando não há fatores sociais que podem gerar problemas psicológicos e a recuperação é melhor. Mas isso quando há indicação específica. Se não, por que operar o que não precisa?", questiona José Carnevale, da Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica.

É indicada a remoção cirúrgica do prepúcio quando a criança tem infecções repetidas do trato urinário e quando a pele do prepúcio não retrai (fimose). Os riscos, embora pequenos, são os inerentes a pequenas cirurgias: infecções, necroses da pele e hemorragias.

Impotência indica risco maior de infarto e derrame, aponta estudo

07/04/2010 - 10h38

Problemas de ereção podem sinalizar risco de morte, de ataque cardíaco, de acidente vascular cerebral e de insuficiência cardíaca. Os urologistas devem estar atentos para a possibilidade de outras complicações nesses pacientes, reforça um estudo publicado no periódico "Circulation", conduzido por pesquisadores da Universidade de Saarland (Alemanha).

"De fato, sabe-se que há coincidências entre os quadros de infarto e de disfunção erétil, porque ambos sinalizam problemas nos vasos", explica o cardiologista Carlos Vicente Serrano, do Instituto do Coração, em São Paulo. "Em alguns casos, a disfunção erétil vem antes, em outros acontece o contrário", diz.

Segundo o cardiologista, o estudo serve de alerta aos urologistas, que devem ir além e investigar doenças cardiovasculares em pacientes portadores de disfunção erétil.

"Sabe-se que a disfunção erétil é um marcador de doença cardiovascular", afirma o urologista Joaquim de Almeida Claro, do Hospital das Clínicas de São Paulo e coordenador do Hospital do Homem, também na capital paulista. "Ambas são manifestação de doença do endotélio [a parede interna dos vasos]", explica. "Mas não estamos colhendo os frutos dessa informação", lamenta.

Para chegar ao resultado, os pesquisadores alemães acompanharam 1.519 homens em 13 países ao longo de cinco anos. Eles constataram que aqueles que apresentavam patologia cardiovascular e disfunção erétil tiveram um risco duas vezes maior de morrer por qualquer doença. Esses homens também tiveram quase o dobro do risco de morrer por doenças cardiovasculares e uma chance duas vezes maior de sofrer um infarto do que aqueles que não relataram dificuldades de ereção.

Segundo os autores, a disfunção erétil é algo que sempre deveria ser investigado porque pode ser um sintoma precoce de aterosclerose -a formação de placas de gordura que leva ao entupimento das artérias.

Mas, segundo Claro, a maioria dos urologistas não orienta esses pacientes a investigar problemas cardiovasculares.

"Infelizmente a maioria dos médicos que atendem pacientes de risco ignora sinais ou pelo desconforto em mencionar a palavra ereção ou por desconhecimento das consequências de fatores como obesidade, hipertensão, diabetes e alterações no colesterol, que levam à disfunção do endotélio", diz Otto Chaves, chefe do departamento de andrologia da Sociedade Brasileira de Urologia.

Dos participantes envolvidos no estudo, todos eram portadores de doença cardiovascular e mais da metade (55%) tinha disfunção erétil. Os pesquisados com impotência eram mais velhos e tinham maior prevalência de problemas como hipertensão, derrame, diabetes e cirurgias no trato urinário.

Editoria de Arte/Folha Imagem


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Injeção de botox é usada para "esticar" pênis.

23/04/2010 - 07h56

Uma nova técnica usa botox para amenizar o efeito de retração de um dos músculos do pênis. Essa retração encolhe o órgão sexual quando flácido e é comum em temperaturas mais baixas ou depois da prática de exercícios. Como a toxina botulínica relaxa o músculo, o pênis fica com uma aparência maior.

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O procedimento foi feito em dez homens que se queixavam do tamanho reduzido do pênis flácido, em pesquisa da Universidade do Cairo, no Egito. Nos participantes do estudo, a retração muscular não tinha efeitos negativos na ereção.

Foram feitas injeções de botox no músculo dartos, que recobre o pênis e é responsável pela retração. Sete entre os dez homens que passaram pelo procedimento se disseram satisfeitos. Eles relataram um aumento de até 2,4 cm do pênis flácido. Os cientistas também tomaram medidas, mas encontraram aumento de até 1,1 cm.

A diferença entre a régua do cientista e a dos pacientes pode estar tanto na percepção otimista dos participantes do teste quanto na "timidez" deles na hora de se submeter à medição, segundo os autores do estudo. O efeito durou seis meses.

De acordo com o urologista Geraldo Faria, da comissão editorial do "Journal of Sexual Medicine", onde a pesquisa foi publicada, o problema do pênis pequeno enquanto flácido é, na maioria das vezes, emocional. "A maioria dos que têm essas queixas tem o órgão de tamanho normal. Esses homens estão sempre à procura de procedimentos estéticos para aumentar o pênis e se submetem a cirurgias de alongamento que podem ter resultados desastrosos", diz Faria. Como a injeção de botox é um procedimento pouco invasivo, ela pode atender a essas necessidades. "É melhor, ainda que os ganhos sejam quase subjetivos", diz.

O urologista Sidney Glina, da Faculdade de Medicina do ABC, afirma que já havia considerado o botox como alternativa para esse problema, mas tinha dúvidas sobre as consequências para a ereção. "Você teria um paciente com esse problema por seis meses. Mas no estudo, ao menos, as injeções não tiveram efeitos colaterais", diz Glina. Mas ele ressalta que o reflexo de retração do pênis é algo normal. "O homem nasceu para andar sem roupa. Num momento de tensão, na presença de um predador, essa retração protege o pênis", diz. Mesmo com o resultado positivo, ele afirma que o tratamento não aumenta o órgão. "Se você esticar o pênis desse indivíduo, vai dar na mesma."

12 de junho de 2010

Eles têm prazo de validade.

Depois dos 35 anos, a qualidade dos espermatozóides cai e aumentam os riscos para a saúde do bebê. Mas é possível retardar o relógio reprodutivo.
As mulheres já se acostumaram à idéia de que uma boa forma física e a idade são fundamentais para conceber uma criança saudável. Seus parceiros, porém, costumam achar que estão livres dessas preocupações. Eles pensam que podem beber, fumar como chaminés, cair na gandaia e ter filhos saudáveis quando quiserem. Estão errados.

“Todo mundo conhece bem o conceito do relógio biológico das mulheres, mas, quando introduzimos o homem nessa equação, as pessoas ficam surpresas”, diz o urologista Harry Fisch, diretor do Centro de Reprodução Masculina do Hospital Presbiteriano da Universidade de Colúmbia, em Nova York. Ele é autor do livro The Male Biological Clock (O Relógio Biológico do Homem).

As novas pesquisas comprovam que a fertilidade do homem diminui a cada década, principalmente depois dos 35. E o problema é ainda mais sério. Os espermatozóides mais velhos podem ser uma causa importante – ou a única causa – de graves problemas de saúde e de desenvolvimento da criança. Entre eles, autismo e esquizofrenia.

“Os defeitos de nascença causados pelo envelhecimento do homem podem ser um fardo para as famílias e para a sociedade”, diz Ethylin Wang Jabs, professora de Genética Pediátrica da Universidade Johns Hopkins. Ela liderou um estudo recente que mostra a ligação entre paternidade avançada e deformidades faciais no recém-nascido.“Sabemos agora que tanto homens como mulheres podem ser responsáveis pelo aumento do risco de infertilidade e de defeitos de nascença quando esperam muito tempo para ter filhos. Em outras palavras, ao buscar uma vida perfeita antes de ter filhos, as pessoas têm uma boa chance de ter filhos menos perfeitos.”

A cada década de vida e a cada agressão que o corpo sofre, a fertilidade dos homens diminui. O risco genético para o recém-nascido aumenta. Alguns estudos demonstram que, quanto mais velho é o homem, mais fragmentado é o DNA dos espermatozóides ejaculados. Isso aumenta o risco de infertilidade, aborto espontâneo ou defeitos de nascença.

Pesquisas de Israel, da Europa e dos Estados Unidos sugerem que o desempenho da inteligência não-verbal pode ser inferior por causa da maior idade do pai. Segundo os novos estudos, até um terço dos casos de esquizofrenia está ligado à idade paterna avançada. As evidências também revelam que homens acima dos 40 anos têm quase seis vezes mais chance de gerar uma criança com autismo que homens abaixo dos 30.

A fertilidade dos homens diminui a cada década de vida e a cada agressão sofrida pelo corpo
Fisch descobriu que, quando os dois pais têm mais de 35 anos, a idade paterna pode ser a responsável por até metade dos casos de síndrome de Down, que antes se acreditava ser herança da mãe. Estudos recentes mostram que alguns defeitos de nascença raros são herdados exclusivamente do pai. Entre eles, as síndromes de Apert, Crouzon e Pfeiffer, caracterizadas por anomalias faciais e fusão prematura dos ossos do crânio. Outro problema relacionado à idade avançada do pai é a forma mais comum de nanismo, chamada acondroplasia. “Estamos descobrindo agora que, quando ocorre uma mutação genética nova, quase sempre ela ocorre no pai”, diz Dolores Malaspina, chefe da Psiquiatria do Centro Médico da Universidade de Nova York.

Quando as mulheres chegam à adolescência, os óvulos já estão formados – só um óvulo novo amadurece a cada mês. Os homens, porém, produzem milhões de espermatozóides cada vez que ejaculam. Depois de cada ejaculação, eles precisam literalmente duplicar essas células. Cada duplicação multiplica a chance de um “erro” na cópia do DNA – e de falha genética no DNA do espermatozóide. Quanto mais ejaculações um homem tem, maior a chance de as falhas aparecerem.

Enquanto a capacidade reprodutiva da mulher termina de forma mais ou menos abrupta depois que todos os seus óvulos foram usados – entre os 40 e os 50 anos –, os homens passam por um processo longo e gradual. “Acreditamos que há algo no maquinário da duplicação do DNA no homem que vai ficando menos eficiente e menos preciso com a idade”, diz Ethylin. “Os problemas vão se acumulando.”

O papel do pai no surgimento de problemas mentais veio à luz em grande medida por causa das pesquisas israelenses. A primeira descoberta inquietante ligava a idade paterna à esquizofrenia. “Ao examinar cada gravidez em Jerusalém de 1964 a 1976, descobrimos que a maior idade do pai determinava mais casos de esquizofrenia nas crianças”, afirma Dolores, da Universidade de Nova York.

Num segundo estudo, o grupo descobriu que, quando os casos eram fruto de novas mutações e não eram herança familiar, quase sempre o rastreamento genético levava ao pai. Até um terço dos casos podia ser explicado apenas pela idade do pai. “O risco é três vezes superior para pais com mais de 50 anos quando comparado com a faixa dos 20”, diz Dolores. Estudos realizados na Suécia e na Califórnia produziram resultados quase idênticos.

No estudo de Israel, homens acima de 40 anos tinham uma probabilidade quase seis vezes maior de gerar uma criança com autismo que homens abaixo dos 30. Alguns pesquisadores acreditam que pais mais velhos podem ser a pista para o aumento dos casos de autismo verificado na última década. “Os casais têm filhos cada vez mais tarde, e, em geral, o homem é mais velho que a mulher”, diz Fisch. “É bem possível que a idade paterna seja um importante determinante do autismo.”

Quando pai e mãe estão ficando velhos, os riscos para a criança se multiplicam. “Se a mãe tiver menos de 35 anos, a idade do pai pode não ser tão importante”, diz Ethylin. “Mas, se a mãe tiver mais de 35 anos, a idade avançada do homem pode ser um problema.”

“Qualquer coisa que prejudica o coração também prejudica o pênis”, diz o urologista Harry Fisch
Para os homens, as descobertas podem ser, acima de tudo, um claro apelo para que se cuidem melhor. “Os homens que querem ser pais também precisam ser saudáveis”, afirma Bárbara Willet, do centro de recursos da infância Best Start, em Ontário, no Canadá. Um fator importante é a testosterona, hormônio necessário para a maturação dos espermatozóides. Com menos testosterona, a qualidade dos espermatozóides piora. Os níveis de testosterona começam naturalmente a declinar na faixa dos 30 anos. Mas a queda pode ser acelerada por fatores como obesidade e má condição cardíaca.

As células adiposas da barriga superaquecem os testículos e afetam a testosterona. Artérias entupidas também podem contribuir para a queda nos níveis do hormônio. “Qualquer coisa que prejudica o coração também prejudica o pênis”, afirma Fisch. Quem bebe, fuma, tem contato com pesticidas, solventes, excesso de raios X ou radiação ionizante vai ser afetado e pode afetar as crianças que gerar.

Apesar de os achados poderem causar temor, essa linha de pesquisa ainda é recente, e os dados precisam ser confirmados. Segundo os cientistas, não há razão para pânico. Ainda não há embasamento suficiente para que o congelamento de esperma seja recomendado a todos os homens depois dos 20 anos. A bateria dos homens vai acabando devagar. Alguns têm danos significativos de DNA aos 35 anos. Outros continuam com o esperma bom aos 70. A principal mensagem dos novos estudos é que os homens precisam cuidar da saúde tão bem quanto as mulheres se eles pretendem, um dia, passar seus genes adiante.

Como proteger as jóias da família
O que faz mal à saúde também pode comprometer o esperma. O que fazer
■ Proteja o coração Faça checkup anual do coração depois dos 30. As ereções dependem do bom fluxo arterial
■ Seja ativo Atividade física contribui para a manutenção dos níveis de testosterona
■ Controle o peso Cuide da alimentação. Excesso de gordura na barriga gera calor. Ele pode afetar os testículos e diminuir a quantidade de testosterona
■ Não exagere Evite fumar, beber em excesso e usar drogas. Esses comportamentos aceleram a fragmentação do DNA do esperma e podem provocar defeitos
■ Evite água quente Não tome longos banhos em banheiras com água quente. Eles podem reduzir a quantidade de espermatozóides
■ Deixe o laptop em cima da mesa Laptops chacoalhando sobre as coxas aumentam a temperatura do escroto, dizem alguns urologistas. Isso pode ser prejudicial
■ Vá ao médico Consulte um urologista se sofrer exposição a substâncias tóxicas ou se estiver há um ano tentando ter um filho
■ Cuide bem dele As dilatações das veias do escroto (varicoceles), que podem começar na adolescência, devem ser removidas. Elas sufocam os espermatozóides

Linha do tempo da saúde do homem
Desde a puberdade, a capacidade reprodutiva sofre importantes mudanças
15 anos
O esperma pode ser extremamente saudável a partir dessa idade. Mas doenças sexualmente transmissíveis podem prejudicar a qualidade dele
20 anos
São os melhores anos da reprodução masculina. Os homens têm mais
espermatozóides maduros e com menos danos no DNA
30 anos
Os níveis de testosterona e a fertilidade começam a cair. Por volta dos 35, aumenta
o risco de gerar bebês com defeitos de nascença
40 anos
Doenças cardiovasculares se tornam freqüentes. Elas reduzem a capacidade
reprodutiva. O risco de gerar uma criança autista é seis vezes mais elevado
50 anos
Aumenta o risco de mutações genéticas e problemas de nascença. O risco de
gerar uma criança com esquizofrenia triplica nessa faixa etária
60 anos
85% do esperma é anormal. As células carregam mutações e têm pouca
mobilidade. O processo é conseqüência do envelhecimento natural

O Ministério da Saúde recomenda: Faça sexo

Mas isso realmente adianta? O que dizem os médicos e o que informam as pesquisas mais recentes sobre os verdadeiros efeitos de uma vida sexual ativa em sua saúde.

O cenário estava montado para mais uma modorrenta cerimônia oficial de Brasília: o lançamento da campanha nacional de combate à hipertensão, realizado na segunda-feira. Mas o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, encontrou uma forma de apimentar o evento. Sentado ao lado do deputado federal (e médico) Darcísio Perondi (PMDB/RS), Temporão enumerou hábitos que ajudam a prevenir a doença crônica que é um dos maiores desafios da saúde pública brasileira e mundial. “Dançar faz bem para reduzir a hipertensão. E fazer sexo também. O Perondi estava brincando aqui que eu ia propor – além de cinco porções diárias de frutas, legumes e verduras – transar cinco vezes por dia.” Rindo, meio titubeante, Temporão emendou: “Não, isso não me parece razoável. Por semana, seria melhor”. E prosseguiu: “Fazer sexo ajuda. Dancem, façam sexo, mantenham o peso, mudem o padrão alimentar. Atividade física regular é fundamental. E, principalmente, meçam sua pressão arterial com regularidade”. Estava criado o fato da semana.

Ao falar de sexo dessa forma, Temporão conquistou uma proeza midiática. O tema árido de saúde pública, que normalmente chama pouca atenção, espalhou-se rapidamente pela internet, ganhou vários minutos de exposição na TV e nos jornais. Virou conversa de bar e de consultório. Cardiologistas relatam ter ouvido de vários pacientes a pergunta: “Sexo é bom mesmo para o coração, doutor?”. Por coincidência, o conselho de Temporão veio na mesma semana em que o Superior Tribunal de Justiça derrubou a patente do Viagra, o que deve baratear um dos remédios responsáveis pela extensão da vida sexual dos idosos.

Parece animador que uma atividade prazerosa – a mais prazerosa oferecida pelo corpo humano – seja fonte de saúde. Normalmente, cuidar da pressão, assim como de outros aspectos de longo prazo da saúde, é sinônimo de privar-se de prazeres, não cultivá-los. O ministro inovou. Mas não inventou a roda: a Organização Mundial da Saúde diz desde 2000 que sexo de qualidade é um dos quatro pilares de uma vida saudável. “Foi uma jogada de marketing genial”, diz Carlos Alberto Machado, diretor do Departamento de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia. “Se ele não tivesse falado sobre sexo, o tema da hipertensão não teria merecido nem notinha nos jornais.”

Não há dúvida de que o ministro foi bem-sucedido do ponto de vista da comunicação. Mas será eficiente? As pessoas vão atender a sua, digamos, convocação? E mais importante: praticar sexo pode ajudar a controlar a hipertensão, causa de fundo das duas doenças que mais matam no Brasil (infarto e derrame)? Em princípio, a resposta é sim. Pesquisas científicas, embora incompletas, e observações de médicos sugerem que o sexo afeta de forma positiva uma enorme variedade de funções orgânicas. É sabido que a atividade sexual provoca uma cascata hormonal que repercute em várias áreas do corpo (leia a ilustração na próxima página). Por isso, estaria relacionada a benefícios tão distintos quanto a melhoria da pele, o combate ao estresse e a redução da sensibilidade à dor. Há estudos que relacionam a maior frequência sexual à redução de infartos, à diminuição de derrames e à menor incidência de câncer de próstata. Estimulado pelo sexo, diz uma pesquisa, o sistema imune funciona melhor e protege de forma mais eficiente contra resfriados. Há indícios de que mesmo a cicatrização é mais rápida para quem pratica sexo regularmente e que as pessoas tendem a viver mais se tiverem uma vida sexual ativa. Já se identificaram vínculos até mesmo entre o contato com o sêmen e a diminuição dos casos de depressão entre as mulheres. Como o sexo ainda é um aspecto da vida humana cercado de preconceitos e tabus, essas descobertas são muitas vezes encaradas como piada – ainda que confirmem percepções oferecidas pela vida privada e pela tradição.


O MELHOR REMÉDIO
Gino e a mulher, Celina, fotografados em casa, em São Paulo. Sexo três vezes por semana contra a hipertensão deleUm exemplo é o próprio ministro. Na atmosfera bem-humorada que se criou com sua declaração, era natural a curiosidade: casado há mais de 35 anos com a psiquiatra Liliane Penello, ele pratica aquilo que pregou aos demais brasileiros? “Somos um casal muito feliz”, diz Liliane. Os dois se conheceram na faculdade, têm quatro rapazes e passaram a última semana ouvindo provocações dos amigos. Todos queriam saber como andava a pressão arterial do casal. A mulher do ministro diz que ele ri das piadas. “Ao tratar com a saúde pública, ele não pode ignorar a atividade sexual. Saúde é vida, prazer, bem-estar. É muito mais do que não ter doença”, disse Liliane a ÉPOCA. A meta de fazer sexo cinco vezes por semana não é alta demais? Como o marido, Liliane ri. “Ele é assim... animado com a vida”, diz.

Ninguém duvida que o sexo esteja intimamente relacionado à saúde e ao bem-estar. E há casos famosos de quem o usa como tratamento. O presidente americano John Kennedy, assassinado em 1963, dizia ser obrigado a fazer sexo todos os dias, senão ficava com dores de cabeça terríveis (a declaração teria sido feita ao primeiro-ministro britânico Harold Macmillan nos anos 60). Era uma desculpa útil para um homem obcecado pelas mulheres, mas faz sentido clínico. O ato sexual libera um hormônio chamado oxitocina, que atua nas fibras nervosas e já foi relacionado, por um estudo de 1999, à redução da dor.

Outro famoso sedutor, o jogador de futebol Romário, dizia que, se não “saísse à noite”, não faria gols. O sexo, afirmava, o deixava “levinho”. As pesquisas lhe dão razão. O fisiologista Turíbio Leite Barros Neto, professor da Universidade Federal de São Paulo, diz que o sexo tem um efeito psicológico tão positivo (por meio da liberação de endorfina, o hormônio do bem-estar) que se sobrepõe ao desgaste físico que possa provocar nos atletas. Apenas em esportes como boxe o sexo pode prejudicar o desempenho. “A endorfina tranquiliza e pode inibir a agressividade, que é muito necessária nas lutas”, diz ele. Os antigos já suspeitavam disso. Em várias culturas, os guerreiros se abstinham antes das batalhas para enfrentar o inimigo com mais raiva.

Se os indícios são tão favoráveis, por que afirmações como a do ministro não são ouvidas há mais tempo? A razão é que até hoje os pesquisadores não foram capazes de demonstrar cabalmente os benefícios do sexo para a saúde. Por algumas razões. A primeira: não é fácil isolar o sexo de outros fatores, como a estabilidade da relação, o amor, o afeto. A segunda, e mais delicada: mesmo quando se estabelece claramente que pessoas que praticam mais sexo têm menos problemas, não é possível inferir que o sexo seja a causa. Ele pode ser a consequência (pessoas com menos problemas de saúde é que fazem mais sexo, e não pessoas que fazem mais sexo têm saúde melhor). Um caso típico é o estudo apresentado em 2000 pela Universidade de Bristol, no Reino Unido, com 2.400 homens do País de Gales. Sua conclusão é que três ou quatro orgasmos por semana cortam à metade o risco de infarto ou derrame. O problema são as insuficiências metodológicas. Segundo especialistas, o número de pesquisados é pequeno demais para ter certeza dos resultados, o tempo de acompanhamento (dez anos) é insuficiente e, fundamentalmente, o estudo não responde se os homens são mais saudáveis porque fazem sexo ou se fazem mais sexo porque são mais saudáveis. O mesmo pesquisador “descobriu”, em 2003, que os homens que não se barbeiam diariamente têm 70% mais possibilidade de sofrer um ataque cardíaco. Ainda assim, a desconfiança deve ser contida. Mesmo que não seja causa da longevidade (o que muita gente debate), a simples correlação entre sexo e saúde é crucial. Significa que ele serve como sintoma de que há algo errado. E isso não é pouca coisa. Se você não quer – ou não consegue – fazer sexo, pode ser um sinal para procurar o médico.

E há os estudos que mostram, sim, efeitos benéficos para o organismo. Depois de estudar 24 mulheres e 22 homens que mantinham diários de suas atividades sexuais, um grupo de pesquisadores escoceses descobriu que aqueles que faziam mais sexo mostravam menor variação da pressão arterial em situações de estresse. O tamanho reduzido do grupo, porém, não valida o resultado. Em 2003, um grupo de pesquisadores australianos afirmou, depois de um estudo com cerca de 2.400 homens, que a masturbação regular – mais de cinco vezes por semana – por volta dos 20 anos diminui em até três vezes a chance de contrair câncer de próstata depois dos 50 anos. (O resultado é duvidoso, por se amparar em declarações sobre hábitos sexuais praticados 30 anos antes ou mais.) Outra área em que há indícios positivos da influência do sexo é o sistema imune. Em 1999, uma pesquisa com 111 universitários americanos mostrou que os que faziam sexo uma ou duas vezes por semana apresentavam níveis 30% maiores de imunoglobulina A, um anticorpo que protege contra gripes e resfriados. A julgar por essa pesquisa, porém, seria melhor cortar à metade a recomendação de Temporão: os que faziam sexo mais de três vezes por semana tinham níveis de anticorpos menores do que os que não praticavam sexo. Os pesquisadores não conseguiram explicar.

Tampouco existe consenso sobre algo que parece óbvio: a queima de calorias no intercurso sexual, fundamental para entender os efeitos do sexo sobre o sistema cardiovascular. Há estudos americanos que mostram que se gastam 85 calorias em cada transa, suficiente para “queimar” um Big Mac em 42 sessões de amor. Outras fontes estimam que o mesmo “exercício” é capaz de gastar 200 calorias, o que o faria equivalente a uma corrida de 30 minutos. O cardiologista Nabil Ghorayeb, chefe do Departamento de Cardiologia do Esporte do Hospital Dante Pazzanese, em São Paulo, estima em 100 calorias o gasto típico de uma relação sexual, equivalente a um coito de dez minutos. Para alcançar algum benefício cardiovascular apenas com sexo, diz ele, seria necessário transar 20 vezes por semana. Com números tão conflitantes, fica evidente que a energia gasta no sexo depende de quem o faz, como faz e com quem faz – e também do médico que está contando as calorias. Apesar disso, a mensagem é clara. “Sexo alivia o estresse e reduz a pressão arterial, por isso faz bem ao coração”, diz Ghorayeb. “Mas só sexo não adianta.” Ele sublinha que um hipertenso que toma os remédios direitinho pode praticar sexo sem medo. Para quem não se trata a história é outra. “A pressão arterial de um homem de 50 anos, com sobrepeso e hipertensão sem controle, pode chegar a 26 por 11 durante a relação sexual.”

O presidente americano John Kennedy dizia ter dores
de cabeça terríveis se não fizesse sexo todos os dias
“O ministro mencionou o sexo no contexto da atividade física”, diz Carlos Alberto Machado, um dos diretores da Sociedade Brasileira de Cardiologia, que estava em Brasília no lançamento do Programa Nacional de Combate à Hipertensão. Para manter um estilo de vida saudável, a OMS preconiza ao menos 30 minutos de atividade física em cinco dias da semana. Estratégias alternativas também ajudam a somar minutos de atividade física. Vale estacionar o carro a algumas quadras do trabalho e vencer o restante do percurso a pé. Vale subir alguns lances de escada. Vale pegar uma enxada e cuidar do jardim. Vale, claro, fazer sexo. Para colher os benefícios do sexo para a saúde, não é preciso transar cinco vezes por semana. Ainda bem. Essa média só é compatível com o desempenho declarado pelos brasileiros de 20 a 25 anos, segundo um estudo realizado em 2008 com 8.200 homens e mulheres em dez capitais. Na faixa dos 35 aos 40 anos, a frequência sexual declarada cai para duas a três vezes por semana. A partir dos 60 anos, as pessoas dizem que fazem sexo uma vez por semana ou a cada dez dias.

Aumentar essa média pode ser, sim, bom para a saúde. O dentista Gino Walbe Ornstein, de 48 anos, diz ter comprovado isso. Ele sofre de hipertensão desde os 37. Assim que recebeu o diagnóstico, tentou cortar os maus hábitos. Largou o cigarro, tirou o sal da comida, aderiu à prática de exercícios físicos. Mesmo assim, teve de recorrer a anti-hipertensivos. Há cinco anos sua pressão está controlada. Oscila entre 12 por 8 (o normal) e 13 por 9 (pré-hipertensão). Três vezes por semana, Ornstein corre e faz musculação. Está convencido, porém, de que sua melhor atividade física é o sexo. “Sinto um bem-estar muito grande, fico relaxado, menos estressado. É como se estivesse mais jovem.” Ele afirma fazer sexo três vezes por semana, pelo menos. Diz perceber a melhoria na saúde. Sua mulher concorda. Casada com ele há 24 anos, a criadora de cães Celina Maria, de 49, diz que a vida sexual ativa do casal facilitou o controle da pressão do marido. “Não sei se há relação direta, mas não tenho dúvida de que o sexo trouxe benefícios.” Celina percebe benesses em si mesma. “Sinto uma melhora geral. Na pele, no cabelo, no humor.”

Na faixa dos 35 aos 40 anos, a frequência sexual declarada
cai para duas a três vezes por semana
O empresário Flávio Jayme, de 28 anos, vive desde 2005 com um parceiro de 34 anos. Enquanto apenas namoravam e moraram em cidades diferentes, Jayme diz que faziam sexo apenas uma ou duas vezes por mês. “Tinha pouco ânimo e praticamente me arrastava de casa para o trabalho.” Ele diz que, desde que moram juntos, fazem sexo três vezes por semana. E acha que essa é a causa de não pegar um resfriado forte há anos nem sentir mais crises de amigdalite. Não atribui tudo ao sexo, porém. “O sexo é muito importante, mas o bem-estar é reflexo da companhia, do carinho e do relacionamento.” Para a psiquiatra Mônica Mogadouro, de São Paulo, pelo menos no que se refere à saúde mental, os relacionamentos são mais importantes que o ato sexual.“Não acho que o sexo sem outros envolvimentos faça bem”, diz ela. “O que eu vejo, na verdade, é que ele funciona como sintoma: adolescentes deprimidas é que saem transando com todo mundo.”

Do ponto de vista de saúde pública, estimular o sexo seguro é um bom recurso para conter o avanço da hipertensão. Segundo levantamentos do Ministério da Saúde, o número de adultos que receberam diagnóstico de hipertensão no país subiu de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. As principais causas da doença são o consumo excessivo de sal (mais de 6 gramas por dia), o sobrepeso, o estresse, o tabagismo, a ingestão de álcool, o diabetes e o histórico familiar. Seus efeitos costumam ser nefastos. A hipertensão é responsável por 80% dos casos de derrame, 40% dos infartos, 40% dos casos de insuficiência cardíaca e 37% das insuficiências renais. Calcula-se que metade dos hipertensos nem saiba que tem a doença. Nesse cenário, a primeira dificuldade do Ministério da Saúde é convencer a população a adotar hábitos saudáveis. A segunda é convencer os hipertensos a tomar remédios. Hipertensão não é como uma úlcera, que dói e leva o doente a buscar o tratamento. Ela não tem sinal. “Os brasileiros têm um problema cultural em relação aos anti-hipertensivos”, diz o neurologista Antonio Cezar Galvão, do Hospital Nove de Julho, em São Paulo. “Tomam o remédio por um tempo e, quando a pressão baixa, abandonam o tratamento.” Os médicos dizem que convencer um hipertenso a tomar remédio é uma tarefa inglória. A abordagem da doença pelo lado do sexo – a forma de terapia mais agradável e menos intrusiva – pode conquistar a atenção dos doentes. Sexo ajuda.