26 de fevereiro de 2008

Por que eu não prescrevo anti-depressivos no tratamento da Ejaculação Precoce?

A ejaculação precoce (EP) é reconhecida como a mais comum de todas as disfunções sexuais do homem e os anti-depressivos são os medicamentos mais utilizados no mundo inteiro para o seu tratamento.
Eles atuam inibindo a recaptação da serotonina no cérebro e têm, como efeito colateral, a capacidade de retardar o reflexo ejaculatório produzido pelo aumento da pressão do sêmem na uretra bulbar durante a fase de excitação do estímulo sexual.
Os estudos mostram que esses medicamentos conseguem aumentar o tempo de penetração vaginal de modo que o indivíduo ejacule em até 3 ou no máximo em 4 minutos. Não há nenhum trabalho que demonstre um efeito maior do que 4 minutos. Para quem sofre de EP, aumentar o tempo de penetração de ½ minuto ou de 1 minuto para 3 ou 4 minutos, significa um enorme ganho percentual. No entanto, considerar que isso seja a solução, já duvido muito. Por que? Porque as mulheres necessitam de um tempo muito maior do que esses 3 ou 4 minutos para atingirem o orgasmo. Por isso considero esse resultado insatisfatório, e os pacientes também percebem isso com o passar do tempo, razão pela qual invariavelmente todos eles abandonam o tratamento. Tanto que não há nenhum trabalho na literatura médica que demonstre bons resultados no controle da EP depois de 12 semanas de tratamento.
Isso sem contar os inconvenientes de ter que comprar e ter que tomar um anti-depressivo todos os dias, ou às vésperas de uma relação sexual, que tem como principais efeitos colaterais, além de retardar em 2 ou 3 minutos a ejaculação, a boca seca, a diminuição da libido, náusea, sonolência diurna, cefaléia, idéias de suicídio, constipação intestinal, tremores, zumbidos e outros efeitos indesejados.
Um trabalho de Sex Med. 2008 Jan;5(1):227-33 mostra que antidepressivos ISSR podem causar uma importante perda prolongada da libido, mesmo depois de meses de suspensão do seu uso diário.

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