19 de agosto de 2012

Diabetes avança e já é vista como um problema alarmante de saúde.


Diabetes avança e já é vista como um problema alarmante de saúde


Forma grave começa a afetar mais adultos, num problema ainda sem explicação. Tipo 1 vem crescendo nos Estados Unidos e na Europa. 


A diabetes tipo 2, geralmente associada à obesidade e ao sedentarismo, já é entendida como um problema alarmante de saúde no mundo. Mas a de tipo 1, com prevalência em crianças e adolescentes, também começa a preocupar pesquisadores. A incidência da diabetes tipo 1 vem crescendo nos Estados Unidos e parte da Europa em cerca de 2,5% a 4% por ano, inclusive em adultos, segundo uma reportagem publicada no “The Wall Street Journal”. Apesar de não haver dados que comprovem a tendência no Brasil, o aumento também é uma percepção dos médicos brasileiros.
— Seguramente está aumentando o número de casos de diabetes tipo 1, mas ainda não temos estudos que comprovem isto — afirmou o diretor do Centro de Diabetes da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Antônio Roberto Chacra.
São dois os tipos principais de diabetes. A tipo 1 é um distúrbio autoimune que impede que o corpo produza insulina para digerir a glicose. A doença já foi chamada de diabetes juvenil, por se manifestar principalmente em crianças e adolescentes. Já a diabetes tipo 2 ocorre principalmente em adultos a partir dos 40 anos. Ela é caracterizada pela inabilidade do corpo de usar com eficiência a insulina, e, às vezes, apenas um medicamento oral e a mudança de rotina podem controlar os sintomas.
No último boletim do Ministério da Saúde, de maio, constatou-se que 5,6% da população adulta do Brasil têm diabetes, cerca de 7,5 milhões de brasileiros. Já segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2000 o Brasil tinha 2,6 milhões de diabéticos, e a previsão é de que em 2030 esse número ultrapasse os 11 milhões. Além disso, o país é o quinto em número absoluto, segundo a Federação Internacional de Diabetes.
Em estatísticas mundiais, 90% dos pacientes têm o tipo 2 e 10%, o tipo 1. Enquanto o aumento do tipo 2 está ligado às mudanças no estilo de vida, os cientistas ainda não conseguem explicar o crescimento da ocorrência do tipo 1.
— A diabetes tipo 1 tem predisposição genética, mas é necessário um fator externo para desencadear o processo imunológico. Já se falou em leite de vaca ou outro tipo de alimento; considerou-se até um vírus ou bactéria. Mas ainda não se sabe o real motivo — explicou a diretora da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, Flávia Conceição.
Cresce o erro de diagnóstico
Com casos de diabetes crescendo a cada ano, muitos adultos acabam se deparando com uma situação perigosa: eles são diagnosticados com a diabetes tipo 2 enquanto, na verdade, eles têm a tipo 1.
— A maioria dos meus pacientes adultos de diabetes tipo 1 foram anteriormente diagnosticados erroneamente como tendo a tipo 2 — afirmou o codiretor do centro de diabetes da Universidade de Columbia, Robin Goland, ao “The Wall Street Journal”.
Já segundo o professor Antônio Roberto Chacra, cerca de 10% dos pacientes diagnosticados com a diabetes tipo 2 têm o tipo 1.
— A confusão é frequente. Como é mais comum em crianças, muitas vezes os médicos não pedem para o adulto o exame anti-GAD, que aponta a existência da diabetes tipo 1.
Ambos os tipos de diabetes tornam difícil o controle dos níveis de açúcar pelos pacientes, o que pode levar a complicações que incluem cegueira, doenças renais e morte. Mas as diabetes têm formas diferentes de tratamento: no tipo 1, é imprescindível a injeção de doses de insulina.
— O paciente pode acabar ficando muito tempo sem insulina se houver erro de diagnóstico, o que leva a uma hiperglicemia e até à internação em CTI — explica Flávia Conceição, que também percebe a dificuldade de médicos detectarem a doença em pessoas que já passaram da adolescência. — A tipo 1 se desenvolve de forma abrupta em crianças e jovens, mas na idade adulta ela pode levar até um ano para se manifestar. Isto também induz ao erro
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