19 de agosto de 2012

Aumento da obesidade no País faz crescer em 10% as mortes por diabete.


Aumento da obesidade no País faz crescer em 10% as mortes por diabete

O crescimento da doença, registrado entre 1996 e 2007, está na contramão da tendência geral detectada pelo levantamento do Ministério da Saúde. No período, o número de mortes por doenças crônicas caiu 17%, o que equivale a uma redução anual de 1,4%

15 de dezembro de 2010 | 0h 00
Lígia Formenti - O Estado de S.Paulo
O aumento da obesidade no País já provoca reflexos nas estatísticas de mortalidade. Levantamento do Ministério da Saúde aponta um crescimento de 10% das mortes provocadas por diabete entre 1996 e 2007. A doença, intimamente associada ao aumento de peso, figura como a terceira causa de mortalidade dos brasileiros, atrás de doenças cerebrovasculares (como derrame) e do coração. Em 2005, era a quarta do ranking.
Risco. Vera Lucia Marangoni exibe o resultado de glicemia: 140 mg/dl; pessoas com índice acima de 126 mg/dl são diabéticas - Robson Fernandjes/AE
Robson Fernandjes/AE
Risco. Vera Lucia Marangoni exibe o resultado de glicemia: 140 mg/dl; pessoas com índice acima de 126 mg/dl são diabéticas
"Estamos sentados em cima de uma bomba-relógio", afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nos próximos dias, ele deverá apresentar à presidente eleita Dilma Rousseff o Plano de Enfrentamento da Obesidade, com propostas de ações para serem desenvolvidas por diversas áreas do governo. O plano prevê o envio ao Congresso de projetos de lei para melhor regular o tema. Uma das propostas em estudo é a de tornar nacional a iniciativa de alguns Estados de proibir alimentos muito calóricos e gordurosos nas cantinas das escolas.
"São sugestões para o próximo governo. Esse é um tema urgente, daí a iniciativa", afirmou a coordenadora-geral de Doenças e Agravos Não Transmissíveis do ministério, Deborah Malta. O diretor do Departamento de Análise e Situação de Saúde, Otaliba Libânio Neto, calcula que, mantido o ritmo atual, o Brasil atingirá o mesmo padrão de obesidade da população dos EUA em 2022.
Além de favorecer a diabete, a obesidade também é considerada como fator de risco para alguns tipos de câncer - outra doença cujo índice de mortalidade aumentou 4% no País entre 1995 e 2007. Libânio atribui aumento dos casos da doença ao envelhecimento da população e ao sedentarismo. "No caso das mulheres, há registro de aumento de câncer de mama, associado principalmente à não amamentação e ao uso de contraceptivos." Para ele, os números mostram a necessidade de reforçar a prevenção, com mamografias e exames de próstata.
Segundo a endocrinologista Denise Franco, diretora da Associação de Diabetes Juvenil, 50% dos portadores não sabem que têm a doença. "Em geral, quando o diagnóstico é feito, as pessoas já sofriam alterações na glicemia há cerca de seis anos."
Esse foi o caso da dona de casa Vera Lucia Marangoni, de 51 anos, que descobriu que tinha diabete quando acompanhou a irmã a uma palestra sobre o tema. "Lá eu fiz o teste de glicemia e estava muito alta. Procurei um médico e descobri que os sintomas que eu sentia, como cansaço, sede e perda de peso, eram causados pela diabete."
Direção contrária. Tanto a diabete como o câncer estão na contramão da tendência geral detectada pelo estudo, que é de queda das mortes provocadas por doenças crônicas. Entre 1996 e 2007, esse grupo de doenças (problemas respiratórios e cardiovasculares, diabete e câncer) registrou uma queda nos índices de mortalidade de 17%, o que equivale a uma redução média de 1,4% por ano. "É um desempenho bastante significativo, provocado principalmente pelo maior acesso a serviços de saúde, às informações e políticas de prevenção", avaliou Libânio.

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