19 de maio de 2008

Sexo, remédios e........felicidade. - John P. Mullhall

Para o médico americano, não há nada de errado em um homem recorrer à química para melhorar o desempenho na cama. É bom até para elas. Basta ter critério
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"Uma vida sexual prazerosa traz uma série de benefícios à saúde mental, cardiovascular e até imunológica. Vive-se mais e com mais alegria".
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John P. Mulhall é um dos mais proeminentes urologistas dos Estados Unidos. Além de dirigir o departamento dessa especialidade no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, ele é professor da Weill Medical College of Cornell University, onde coordena o laboratório de pesquisas em medicina sexual. Nessa instituição, Mulhall dedica-se, juntamente com sua equipe, à realização de estudos clínicos para o desenvolvimento de tratamentos de disfunções como impotência e ejaculação precoce. Editor da revista Journal of Urology, seu nome é um dos mais citados nas publicações científicas sobre o tema. Mais de uma centena de artigos é de sua autoria. Nesta entrevista a VEJA, concedida de seu consultório, em Nova York, ele discorre sobre a relevância do sexo na manutenção da qualidade de vida, os distúrbios que afetam homens e mulheres nessa área e a contribuição dos remédios na felicidade geral quando se está na horizontal. "É uma pena que, apesar de todos os avanços obtidos, ainda haja muitos médicos e pacientes relutantes em tocar em assuntos relacionados à cama", diz Mulhall.
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Veja – É possível ser completamente saudável e feliz sem uma vida sexual regular e satisfatória?
Mulhall – Não. Uma vida sexual prazerosa, em termos quantitativos e qualitativos, traz uma série de benefícios à saúde mental, cardiovascular e até imunológica. Vive-se mais e com mais alegria. As disfunções sexuais, por sua vez, contribuem para o surgimento de uma série de problemas físicos e psicológicos. Muitos casos de depressão e de dificuldades de relacionamento têm origem nelas. A disfunção erétil, por exemplo, pode ser o prenúncio de doenças como diabetes, esclerose múltipla, Parkinson e doença coronária, entre outras. A qualidade da vida sexual é um termômetro de bem-estar. Tanto que se tornou uma das medidas da qualidade de vida de uma pessoa, segundo a Organização Mundial de Saúde.
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Veja – As pessoas mais velhas têm, hoje, uma vida sexual mais ativa?
Mulhall – Não gostamos de pensar em nossos pais ou nossos avós fazendo sexo, mas eles estão. Nos Estados Unidos, temos os chamados baby boomers, a geração pós-guerra que freqüentou a universidade nos anos 60. Esses homens e mulheres eram extremamente ativos do ponto de vista sexual na juventude e, de certa forma, continuam assim na velhice. Estima-se que cerca de 70% dos homens na faixa dos 70 anos pratiquem sexo e que 40% deles o façam pelo menos uma vez por semana. Os números estão num estudo publicado recentemente na revista The New England Journal of Medicine. Se esses homens tomam remédios para ter um melhor desempenho físico ao subir escadas, por que não lhes dar um medicamento capaz de proporcionar-lhes a melhor ereção possível? A principal reclamação deles é em relação à rigidez do pênis. Sem dúvida, os remédios anti-impotência os têm ajudado bastante a melhorar esse ponto.
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Veja – Como está, em geral, o nível de satisfação de homens e mulheres com o sexo?
Mulhall – Baixo. Uma pesquisa da qual participei mostrou que boa parte das pessoas não está satisfeita com sua vida sexual. Para ser mais exato, um terço dos homens e um quarto das mulheres afirmaram fazer menos sexo do que gostariam. Esse dado se confirmou em um estudo mundial intitulado Global Better Sex Study, apresentado no Congresso Europeu de Urologia, no ano passado. Foram recolhidas informações de 12 500 pessoas, das quais a metade tinha mais de 40 anos. Além de muita gente reclamar de pouco sexo, no quesito rigidez da ereção apenas 38% dos homens disseram estar completamente satisfeitos com o seu desempenho e somente 36% das mulheres expressaram contentamento com a performance de seus parceiros.
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Veja – Como o senhor interpreta esses resultados?
Mulhall – Não acho que os homens maduros queiram voltar a ter 18 anos. Mas, para eles, a qualidade da ereção imediatamente anterior é vital. Se, no último encontro amoroso, seu desempenho não foi assim tão bom, voltar à cama com uma mulher tende a transformar-se em fonte de preocupação – e, não raro, isso se traduz em frustração para ambos os lados. Um dos principais motivos que levam os homens a usar Viagra refere-se à qualidade da ereção, e não à falta dela. Com a idade, eles ainda fazem sexo, mas não com o mesmo entusiasmo de antes. Ou seja, a ereção dura menos e é menos rígida. Embora não haja nenhuma disfunção nisso, é claro que o fato está longe de ser motivo de comemoração. Por esse motivo, acho absolutamente legítimo recorrer a um remédio anti-impotência.
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Veja – O senhor acha certo os jovens recorrerem a tais medicamentos somente para melhorar um desempenho que já é bom o suficiente?
Mulhall – Há vários homens na faixa dos 35 anos, completamente saudáveis, que usam remédios no início de um relacionamento, para mostrar às parceiras que são bons amantes. Se isso os torna mais confiantes, nenhum problema. A questão é não criar dependência psicológica. O ideal é que, afastada a insegurança inicial, se abandone o remédio.
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Veja – Os homens estão mais preocupados em satisfazer as mulheres na cama?
Mulhall – Não, continuam mais preocupados com eles próprios. Veja, sou apenas um médico e não posso aqui fazer considerações de ordem psicológica. Mas, baseado em minha experiência clínica, noto que esse tipo de comportamento está mais associado à auto-estima masculina do que a relacionamentos menos afetivos. Inclusive porque, hoje, há muitos homens de 65 anos se casando com mulheres de 35 anos ou menos. O que eles querem antes de mais nada? Que a parceira perceba que, apesar da idade, o fogo não se extinguiu. Isso não quer dizer necessariamente que eles não se importam com a sua companheira. Até porque a preocupação com o próprio desempenho, na maioria das vezes, os torna mais aptos a dar mais prazer à mulher.
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Veja – A ejaculação precoce ainda é o principal fantasma masculino?
Mulhall – Essa é a disfunção sexual mais comum entre homens de todas as idades – e, até o momento, as opções terapêuticas contra o problema são limitadas. Atualmente, os antidepressivos são o que há de mais efetivo para combater a ejaculação precoce. Mas, como se trata de uma medicação que deve ser tomada todos os dias, o índice de desistência do tratamento é alto. Além disso, mais da metade dos pacientes que apresentam esse distúrbio se recusa a tomar antidepressivos por causa do estigma associado a eles.
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Veja – Não há nada de novo no horizonte?
Mulhall – Está em estudo uma substância chamada dapoxetina. Tecnicamente, trata-se de um inibidor do transporte de serotonina. Em vez de atuar nos receptores de serotonina no cérebro, como fazem os antidepressivos mais modernos, a dapoxetina atua num estágio anterior a esse processo, inibindo a proteína responsável pelo transporte do neurotransmissor. Se aprovado, o medicamento poderá ser tomado de uma a três horas antes do sexo – e sem o estigma de ser um antidepressivo.
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Veja – Afinal de contas, a ejaculação precoce é um distúrbio de ordem fisiológica ou psicológica?
Mulhall – De acordo com as estimativas da Associação Americana de Urologia, de 20% a 34% dos homens de todas as idades sofrem de ejaculação precoce. É preciso, no entanto, separá-los em dois grupos. Há aqueles que sempre foram ejaculadores prematuros – dois terços – e os que adquiriram o distúrbio – o terço restante. Sabe-se que, no primeiro caso, há uma disfunção neurobiológica por trás da ejaculação precoce. Assim como na depressão, ocorre uma falha na comunicação dos neurotransmissores dopamina e serotonina. Entre os homens que adquiriram o distúrbio, a causa mais comum é a disfunção erétil. Dois terços dos que apresentam disfunção erétil vão desenvolver ejaculação precoce. Mas, ao contrário dos outros, esses são inteiramente curáveis. Uma vez tratada a disfunção erétil, o problema de ejaculação precoce desaparece.
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Veja – De acordo com um estudo recente publicado no Journal of Sexual Medicine, os precoces levam 1,8 minuto ou menos para ejacular. A média entre os normais gira em torno de sete minutos. É correto estipular um tempo-padrão para a ejaculação?
Mulhall – Na verdade, esses números vieram de uma pesquisa feita por um grande laboratório que se baseou unicamente no que relatavam seus entrevistados. Era uma auto-avaliação, e não uma medição do tempo de fato. Aliás, essa auto-avaliação varia de país para país. Os alemães são os que afirmam ejacular em menos tempo e os sul-americanos, em mais tempo. Homens de certos países da América do Sul dizem levar até treze minutos. O dado interessante é que as respostas nunca batem com as das parceiras. Em qualquer latitude, eles tendem a superestimar o tempo entre o início da relação e a ejaculação.
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Veja – A psicóloga americana Leonore Tiefer é uma crítica de longa data da medicalização da sexualidade. Para ela, a dor durante o ato sexual é a única disfunção que realmente existe. O que o senhor acha dessa opinião?
Mulhall – Acho Leonore muito inteligente. Mas ela tem uma relação demasiadamente atritada com a indústria farmacêutica. Leonore defende a tese de que as disfunções sexuais, em especial as femininas, são uma invenção dos fabricantes para vender remédios. A realidade, no entanto, é que não mais do que 20% das mulheres com problemas sexuais são candidatas a medicação. As outras 80% deveriam ser encaminhadas para algum tipo de terapia psicológica ou aconselhamento de casais.
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Veja – Isso significa que as mulheres têm menos disfunções sexuais?
Mulhall – Depende de como se encara a questão. Há mulheres que, por exemplo, não têm boa lubrificação vaginal. Trata-se de uma disfunção ou de um fato biológico natural para uma mulher madura? Eu diria que, se o problema é motivo de estresse, então se transforma numa disfunção. Se não importa tanto, não é uma disfunção. Mas, no que se refere aos homens, a falta de ereção é determinante. Não há como não se incomodar com essa questão – e dificilmente dá para resolvê-la por meio de análise. Portanto, não é possível afirmar, como faz Leonore, que o arsenal medicamentoso criado para eles é apenas lixo comercial. O erro dela é se deixar cegar pela aversão que nutre pela indústria farmacêutica.
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Vasectomia melhora a vida sexual, diz estudo.

Dois terços dos homens que realizaram procedimento disseram que libido aumentou.Se bem realizado, procedimento é mais seguro que pílula anticoncepcional.
Reinaldo José Lopes Do G1, em São Paulo.
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Os homens que pretendem planejar o tamanho da própria família com o uso da vasectomia já podem respirar aliviados: ao contrário dos temores populares, a cirurgia esterilizadora não prejudica a vida sexual masculina. Uma pesquisa realizada por médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo mostrou que, na maioria dos pacientes, o desejo sexual e a satisfação dos homens até aumenta após a cirurgia.
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"É um resultado importante para combater a falta de informação que existe em torno da vasectomia", declarou ao G1 o urologista Jorge Hallak, que orientou o estudo, realizado como dissertação de mestrado por um de seus alunos.
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Para Hallak, a vasectomia pode ser um elemento valioso no novo programa de planejamento familiar anunciado recentemente pelo ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Hallak elogia o plano de Temporão para aumentar o acesso a técnicas de planejamento familiar, mas diz que uma disseminação mais ampla da vasectomia ajudaria a tirar o fardo de adotar os procedimentos dos ombros das mulheres.
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Uma das grandes barreiras a vencer é, como quase sempre, a da educação. "Muitos pacientes perguntam 'Doutor, será que vou ficar impotente? Será que vou deixar de ejacular', quando não há risco disso", esclarece o urologista. Para confirmar esse dado, os pesquisadores usaram um questionário validado internacionalmente para entender como a operação afetou a vida sexual dos pacientes.
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"Trata-se de um índice internacional de função erétil, que mede coisas como a libido, a capacidade de ereção, a ejaculação e a satisfação sexual do paciente", explica Hallak. O resultado foi "amplamente favorável", segundo o urologista dos Hospital das Clínicas. Foram comparadas as respostas antes da vasectomia, três meses depois dela e seis meses depois dela. Dois terços dos pacientes relataram que tanto seu desejo quanto sua satisfação sexual aumentaram na vida pós-vasectomia.
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Depois de conversas com os homens operados, Hallak atribui isso a um efeito de relaxamento psicológico que a técnica de controle da natalidade trouxe. "É algo que tira a preocupação do ato sexual", afirma o urologista. Ele lembra também que a ejaculação continua a ser idêntica, uma vez que os espermatozóides correspondem a apenas 5% do volume emitido no orgasmo masculino.
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Dependendo da técnica utilizada, a vasectomia é um dos métodos mais seguros de planejamento familiar. Nela, os canais deferentes, que levam os espermatozóides até o fluido seminal, são removidos ou cortados e fechados. Em menos de 0,1% dos casos de cirurgias bem-feitas, ocorre a chamada recanalização, na qual microcanais voltam a levar uma pequena fração de espermatozóides para o esperma. O processo é um fenômeno natural do organismo.
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Hallak alerta, no entanto, que é preciso seguir os bons princípios de técnica cirúrgica para que a vasectomia seja um sucesso. A cirurgia é simples, mas exige um certo grau de especialização, e é preferível que seja realizada apenas por urologistas ou cirurgiões com bastante prática. Do contrário, complicações afetando os testículos podem aparecer.
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8 de maio de 2008

25 perguntas sobre ejaculação precoce que voce tem vergonha de fazer.

Adaptado de MARCOS DÁVILA - da Folha de S.Paulo
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mmmmPressa e prazer dificilmente dividem o mesmo lençol. Que o digam os 30% de homens do mundo inteiro que sofrem de ejaculação precoce. De olho neles, a indústria farmacêutica acena com mais uma pílula mágica: a dapoxetina, que está em fase final de avaliação pela FDA (agência que regula drogas e fármacos nos EUA). Se aprovada, essa nova droga, que é um antidepressivo de efeito de curto prazo (pode ser usado três horas antes da relação) poderá se transformar num blockbuster comparável ao Viagra, já que ainda não existe nenhum medicamento exclusivo para a ejaculação precoce. "A ejaculação precoce é um problema de saúde pública", afirma a psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Estudo da Vida Sexual do Brasileiro, realizado no ano passado pelo Projeto Sexualidade (ProSex), da USP. Na pesquisa, 25,8% dos brasileiros admitiram sofrer de ejaculação precoce. "Isso acaba com a auto-estima do homem e pode se transformar num problema de ereção". A seguir, o Equilíbrio responde 25 questões depois de consultar urologistas, psicoterapeutas, ginecologistas e sexólogos.
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1) O que é ejaculação precoce?
É quando o homem chega ao ápice da relação antes, durante ou logo após a penetração, com o mínimo de estímulo sexual e sem ter desejado. Esse descontrole deve ser persistente, repetitivo e causar sofrimento acentuado ou dificuldade interpessoal.
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2) É possível estabelecer um tempo mínimo para atingir o orgasmo?
A sigla IELT (intravaginal ejaculation latency time) que significa o tempo de permanência do pênis dentro na vagina, desde a entrada até a liberação do sêmen, aparece em muitas pesquisas sobre o tema. Um estudo publicado em julho deste ano no "Journal of Sexual Medicine" chegou a um IELT médio de 5,4 minutos, depois de avaliar durante um mês a vida sexual de 500 casais de cinco países. Outros pesquisadores afirmam que ejacular antes de um minuto após a penetração é o que caracteriza uma ejaculação precoce. Mas em 1,5 minuto a disfunção seria somente "provável". Após diversos estudos feitos nos anos 60 em um laboratório em San Francisco, no auge da revolução sexual, a dupla de pesquisadores norte-americanos Willian Masters e Virgínia Johnson, pioneiros da terapia sexual, chegou à conclusão que o ejaculador rápido é o homem que não consegue se controlar por um tempo suficiente para satisfazer sua companheira em pelo menos 50% dos atos sexuais. Se a parceira persistentemente não chega ao orgasmo por outras razões, que não a rapidez do processo, o conceito deixa de ser válido. Alguns anos depois, esse percentual foi elevado para 80%. "A contribuição de Masters e Johnson, em relação às teses do cronômetro, é justamente valorizar o potencial e o prazer da mulher. Porém, o tempo que a mulher leva para atingir orgasmo é muito variável. Até por razões de repressão cultural, a resposta sexual feminina foi sempre mais demorada: por volta de 10 a 15 minutos, segundo inúmeras pesquisas", afirmava o urologista Moacir Costa no livro "Quando o Sexo É Mais Rápido que o Prazer".
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3) Existe diferença entre ejaculação rápida e precoce?
Não. São duas definições para o mesmo problema. Em 2002, um consenso internacional de disfunções sexuais realizado pela Issir (Sociedade Internacional para o Estudo da Sexualidade e da Impotência), em Paris, mudou a definição de "precoce" para "rápida". A psiquiatra Carmita Abdo, que participou do consenso, afirma que a mudança serviu para deixar a classificação mais objetiva na língua inglesa. "Em português, o termo precoce continua sendo mais apropriado", diz a psiquiatra.
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4) A mulher pode colaborar com o tratamento?
Claro. A intimidade só ajuda nessas horas. Uma mulher compreensiva e disposta a ajudar é fundamental no sucesso do tratamento. Se o ato sexual for encarado mais como uma troca de afeto e menos como uma corrida pelo orgasmo, as chances de melhorar o prazer aumentam. Mulheres competitivas e dominadoras, no entanto, tendem a agravar a situação.
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5) Existe cura para essa disfunção sexual?
Sim. Atualmente, o problema é tratado com psicoterapia, com farmacoterapia ou com uma combinação das duas. Há dois tipos de ejaculador precoce: o primário, que apresenta a disfunção desde o início da vida sexual, e o secundário, aquele que adquiriu o problema depois de ter tido relações satisfatórias por alguns anos. O tratamento medicamentoso nos casos secundários geralmente é mais
eficiente que nos primários. Mas os especialistas afirmam que a combinação entre as duas terapias costuma ter mais sucesso.
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6) É possível tratar a ejaculação precoce com antidepressivos?Antidepressivos em baixas doses são muito utilizados para tratar esse tipo de disfunção. Segundo o urologista Abraham Morgentaler, a idéia original dessa indicação surgiu depois de analisar um efeito adverso bem conhecido dos antidepressivos: retardar o orgasmo. "Alguém inteligente teve a boa idéia de usar isso para quem tinha orgasmo rápido demais", afirma Morgentaler. Atualmente, são utilizados principalmente os antidepressivos do tipo ISRS (inibidores seletivos de recaptação de serotonina), que apresentam menos efeitos adversos. Segundo a psiquiatra Carmita Abdo, os antidepressivos baixam a ansiedade, condensam as secreções e diminuem excitabilidade. É recomendado o uso combinado com a psicoterapia. O medicamento também contribui para que o paciente crie um vínculo maior com a terapia.
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7) Tomar remédios contra disfunção erétil, como Viagra, tem algum efeito?
Alguns médicos recorrem a esse tipo de medicação como parte do tratamento, principalmente nos chamados pacientes secundários, que passaram a gozar rápido depois de terem experimentado uma vida sexual estável. O mecanismo de ação dessa categoria de medicação (inibidores da enzimafosfodiesterase 5, PDE5) ajuda a relaxar as células musculares lisas e aumentar o fluxo sangüíneo para o pênis. E esse tipo de remédio diminui bastante o intervalo entre uma ereção e segunda, o chamado período refratário. Isso ajudaria a inverter o efeito "bola de neve": uma relação insatisfatória baixa a auto-estima e a confiança do homem, aumentando a ansiedade e a chance de fracasso na próxima relação. "O remédio pode reverter esse ciclo vicioso. pois age diretamente na auto-estima do homem", afirma o urologista Joaquim Claro, professor da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
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8) Qual a origem do problema?
As causas fisiológicas são extremamente raras e controversas, principalmente quando se fala em hipersensibilidade da glande ou alto reflexo ejaculatório. Portanto os fatores emocionais e de condicionamento é que são realmente considerados pelos especialistas. "É como aprender a chutar com a esquerda e a direita", afirma a ginecologista e terapeuta sexual Jaqueline Brendler, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana. Ela afirma que, durante o "aprendizado sexual", o homem pode acabar se condicionado a gozar rápido. A iniciação sexual também é alvo de discussão. Muitos homens têm suas primeiras transas com prostitutas (que muitas vezes aceleram o ritmo da relação para acabar logo) ou em situações periclitantes (dentro de um carro, na casa dos pais da namorada). "Antigamente, gozar rápido era sinal de virilidade. De meio século para cá, a partir do momento em que a mulher passou a ter seu papel na relação, esse conceito começou a mudar. Os homens passaram a ter de acompanhar o ritmo da parceira e se tornaram mais frágeis, vulneráveis", afirma a psiquiatra Carmita Abdo. "Existem teorias ainda hipotéticas que apontam para predisposição genética e um distúrbio no receptor 5-HTT [responsável pela reabsorção da molécula de serotonina pelos neurônios]", afirma a psiquiatra. Muitos especialistas acreditam que, além de demonstrar pressa nas preliminares e antecipar a penetração, os "rapidinhos" também apresentam um grau de ansiedade elevado em outros setores da vida. E essa ansiedade é retroalimentada pela ejaculação precoce.
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9) Pensar na conta do banco ou no enterro do cachorro ajuda a retardar a ejaculação?
Não. Para poder desenvolver o autocontrole, o homem tem de se concentrar no sexo e no que está acontecendo com o seu corpo. Identificar os estágios do próprio tesão é o primeiro passo para poder controlar a ejaculação. "Tenho pacientes que falam para a mulher se mexer o mínimo possível e pensam em outra coisa. Mas isso cria uma ansiedade ainda maior para a relação", afirma o urologista Celso Marzano, diretor do Isexp (Instituo Brasileiro Interdisciplinar de Sexologia e Medicina Psicossomática). Segundo ele, o tratamento da terapia sexual exercita o autorelaxamento para que seja possível conhecer a própria resposta sexual.
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10) Uma ducha fria antes funciona?
Pode servir como forma de relaxamento, mas não tem efeito direto sobre o problema.
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11) Vale tomar um drinque para relaxar?
A questão é delicada. Como o álcool é depressor do sistema nervoso central, é preciso mais estímulos para chegar ao orgasmo, mas uma dose a mais pode comprometer a ereção e arruinar a noite. Além disso, muitos ejaculadores precoces acabam dependentes do álcool para ter relações sexuais.
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12) Qual o efeito de drogas como maconha ou cocaína?
Como o álcool, elas agem no sistema nervoso central, diminuindo a percepção erótica, e podem retardar a ejaculação nas primeiras vezes. Um erro na dosagem também pode causar a perda da ereção. Além disso, o uso abusivo dessas drogas, principalmente da cocaína, pode levar a uma disfunção erétil, além de causar outros problemas emocionais, físicos e sociais.
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13) A aplicação de gel anestésico no pênis tem efeito?
Não. Nenhum estudo científico com esses produtos mostrou resultado. Além disso, o gel pode inibir o prazer da mulher pela anestesia do clitóris.
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14) Anéis penianos vendidos em sex shops podem ser usados para retardar a ejaculação?
Esse tipo de recurso é altamente desaconselhado pelos especialistas. "Tem muita gente que se machuca com isso. É um perigo. Pode causar edema por vasoconstrição, levar a estreitamento da uretra e causar gangrena do pênis. Deveria ser proibido", afirma o urologista Joaquim Claro, da Unifesp.
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15) Existe algum treino físico para melhorar o controle sobre a ejaculação?
A técnica mais famosa é a chamada "start-stop" (começa-pára). O homem deve se masturbar e interromper os movimentos quando perceber que está prestes a gozar. Deve ficar parado até que sensação premonitória da ejaculação desapareça e depois reiniciar os movimentos. Dessa forma, o homem passa a reconhecer os sinais que antecedem o gozo. Também pode ser feito com a ajuda da parceira. Muitos ejaculadores precoces, no entanto, têm um bom controle no momento da masturbação, mas, na hora da penetração, perdem a cabeça. Algumas posições da ioga também são úteis. Exercícios de respiração ajudam no relaxamento e no controle emocional, diminuindo os batimentos cardíacos. Há uma exercício próprio para treinar esse tipo de controle chamado "mulabanda", que consiste na contração e relaxamento dos esfíncters. É preciso fazer uma pressão como se a pessoa precisasse muito ir ao banheiro. Isso fortalece os músculos que fecham o ânus e a uretra, importantes no controle da ejaculação.
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16) Segurar a vontade de urinar e controlar o jato de urina pode ajudar?
Saber controlar o jato de urina ajuda a fortalecer a musculatura envolvida no ato sexual, mas não resolve o problema e transar com a bexiga cheia gera apenas desconforto. "Na índia, há uma infinidade de técnicas. Uma delas é entrecortar o jato de urina várias vezes", afirma o professor de ioga e biólogo Anderson Allegro.
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17) Jovens ejaculam mais rápido?
Por conta da falta de experiência, é normal que pessoas mais novas tenham menos controle desenvolvido, um nível maior de ansiedade em relação ao ato e a confiança reduzida quanto ao desempenho sexual. Quando o comportamento se prolonga por dois ou três anos com prática regular (de duas ou três vezes por mês) sem haver melhora na performance, é aconselhável uma avaliação terapêutica.
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18) Existe diferença entre orgasmo e ejaculação para o homem?Fisiologicamente os dois devem coincidir, mas existem casos em que a ejaculação precede orgasmo e vice-versa. Não são sinônimos: orgasmo é o prazer máximo do ato sexual e ejaculação é a saída de sêmen pela uretra peniana.
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19) Existe alguma posição sexual que favoreça ou não o controle da ejaculação?
Não há uma regra, mas facilita se a relação começar pela posição que seja menos excitante para o homem. Muitos especialistas defendem que a posição "papai mamãe" (o homem sobre a mulher) é a pior para os "rapidinhos" por dois motivos: possibilita contato maior dos corpos e é a posição mais comum, a que o homem já está mais habituado. A necessidade de mudar o "script" também é fundamental no trabalho de descondicionamento sexual. A mulher por cima, deixando os movimentos somente com o parceiro, é uma das primeiras indicadas nas terapias sexuais.
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20) É possível fazer uma cirurgia para diminuir a sensibilidade do pênis?
Essa prática é totalmente condenada pela Sociedade Brasileira de Urologia. Não existe nenhuma comprovação científica dos resultados desse tipo de cirurgia. Chamada de neurotomia, consiste na secção e/ ou cauterização dos nervos penianos. O objetivo é reduzir a sensibilidade da glande como forma de controle da ejaculação, mas pode levar a um quadro parcial ou definitivo de falhas de ereção, dependendo da extensão da lesão nervosa.
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21) Injeções no pênis para melhorar a ereção são recomendadas?
Sim. As injeções permitem que o homem se veja mantendo uma relação por 20,40, 60, 90 minutos, mesmo depois de ter ejaculado. Com isso ele se habitua com a penetração vaginal, coisa que ele não tinha antes, o que diminui a sua ansiedade, o que facilita o trabalho do psicólogo.
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22) A ejaculação representa o fim da relação sexual?
"Para os inteligentes, não", afirma a ginecologista Jaqueline Brendler. "Mesmo depois da ejaculação, se o movimento sexual continuar, a mulher pode chegar ao orgasmo em questões de segundos."
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23) O uso de preservativos ajuda ou atrapalha?
É relativo. Alguns ejaculadores precoces acreditam que a camisinha diminui a sensibilidade e, dessa forma, dá mais chances de segurar os impulsos; há quem use dois preservativos. Outros acham que a parada para a colocação do preservativo é o que atrapalha. Na pesquisa com 500 casais citada na primeira pergunta, o uso ou não de preservativos não teve influência nos resultados do tempo de permanência intravaginal sem ejacular.
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24) Existe relação entre diabetes e ejaculação precoce?
Não. Após muitos anos de doença sem tratamento adequado, diabéticos podem apresentar comprometimento da enervação peniana, que interfere no mecanismo de ereção.
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25) Se masturbar antes de sair com a garota resolve?
Essa técnica é muito difundida entre os "rapidinhos", principalmente entre os mais jovens; já virou até cena de filme de Hollywood, na comédia "Quem vai ficar com Mary?", dos irmãos Farrelly. A idéia de acalmar os ânimos antes do encontro pode ter algum sucesso momentaneamente, mas pode levar para um agravamento do quadro. Deve ser encarada somente como paliativo.
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NOSSA OPINIÃO:
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O tratamento da ejaculação precoce ainda é motivo de controvérsias. A grande maioria dos urologistas no mundo inteiro prefere usar os anti-depressivos, por ser um tratamento oral, consagrado pelos trabalhos, mesmo que estatisticamente os seus resultados sejam um fracasso monumental. Pode-se contar nos dedos de uma mão o número de pacientes que se consideraram curados da ejaculação precoce depois de meses ou anos do término do tratamento com os anti-depressivos. Quase nenhum paciente consegue manter essa medicação por mais do que 12 semanas, devido aos seus efeitos colaterais, alto custo e gradual retorno do problema. Através da terapia combinada médico-psicológica, ou seja, a orientação psicológica MAIS as injeções os pacientes se tornam capazes de manter uma longa relação sexual. Dessa forma, com a diminuição da ansiedade e a recuperação da auto-confiança, esses pacientes são orientados a reduzir progressivamente a dose da medicação injetável, de modo que em 8 a 12 semanas eles recebem alta com o controle ejaculatório totalmente reestabelecido. E o melhor, geralmente para sempre.
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1 de maio de 2008

Ejaculação Precoce, o que é essa praga?

A definição clássica de ejaculação precoce diz que é a ejaculação involuntária que o homem tem antes do desejado e que ocorre de modo sistemático trazendo desconforto e insatisfação para o homem e para a sua parceira.
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A ejaculação precoce não é uma “patologia”, pois não pode ser medida por nenhum exame de sangue ou quantificada por uma análise laboratorial, apesar de alguns centros clínicos (como o Chicago Medical Group) tentarem medir a sensibilidade do pênis com um “aparelho que mede a sensibilidade do pênis”. Esses aparelhos na verdade mostram o mesmo resultado para todo e qualquer paciente e para todo e qualquer objeto que seja submetido a análise.
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A ejaculação precoce é semelhante à felicidade, uns referem tê-la enquanto outros não. Da mesma forma que uns prefeririam ser um pouco mais felizes, outros gostariam de ejacular um pouco menos rápido.

“E qual é o tempo normal?”, pergunta que escutamos diariamente na clínica? Normal é aquilo que satisfaz ao homem ou ao casal. Pode ser 1 segundo ou uma hora. Pode ser 5 minutos ou meia-hora. Depende do que cada homem ou cada casal considera adequado em se tratando de relação sexual. Responder qual o tempo ideal seria o mesmo que responder qual o carro ideal, ou qual a relação sexual ideal, ou qual o filho ideal? Cada um tem o seu ideal que ainda pode variar com determinada parceira ou em determinado local.
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A ejaculação precoce pode acompanhar o homem desde o início da sua vida sexual, sendo primária ou aparecer depois disso, depois que o homem já teve várias relações com controle adequado da sua ejaculação, sendo então secundária.
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Em geral os homens só procuram o médico após os 35-45 anos de idade. Isso porque, enquanto não apresentam dificuldade de conseguir uma segunda ereção eles valorizam essa segunda ereção, onde o controle da ejaculação é mais fácil.
Mas após os 35-45 anos quando a segunda ereção se torna mais difícil e ele passa a valorizar a primeira ereção mesmo, aí a ejaculação precoce começa a incomodar mais.
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Em geral, os homens com EP se acomodam e se adaptam a essa condição. Eles sabem que estão numa situação de inferioridade em relação às mulheres, mas enquanto se sentirem capazes de fazê-las gozar, nem que seja através de masturbação, o problema está “resolvido”. O difícil é quando as mulheres passam a exigir uma penetração vaginal mais demorada.
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Homens com EP acham que o prazer da mulher é mais importante que o seu próprio prazer, abrindo mão da sua satisfação pessoal para manter a relação com a esposa ou parceira.
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Nesses casos os homens só procuram tratamento médico quando as mulheres demonstram insatisfação com a monotonia da relação que se mantém quase que exclusivamente através das longas praticas masturbatórias e das intermináveis preliminares.
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Quem tem ejaculação precoce só se permite a penetração vaginal minutos antes do termino da relação, pois sabe que 1 a 2 minutos após a penetração aquela relação estará melancolicamente acabada e as desculpas estarão mentirosamente sendo ditas.
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